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sexta-feira, 13 de maio de 2005

Loucura ou Lucidez II

As palavras do Dr. Jorge Coelho no programa Quadratura do Círculo, a propósito do processo da Herdade da Vargem Fresca, dizendo ”… não acreditar que algum ministro… corra o risco de decidir contra o parecer dos serviços técnicos que prepararam o suporte à decisão” e que “só um louco o faria” traduz a real situação do poder político em Portugal. O seu poder é nulo!...
Mas as palavras do Dr. Jorge Coelho levantam uma outra questão, a da confusão que existe entre decisão política, que compete ao Ministro, e suporte técnico, que compete aos Serviços.
Se o Ministro abdica da sua competência política, é mais um tecnocrata na cadeia da decisão e nega-se enquanto Ministro.
Mas, mais grave ainda, se o Ministro abdica da sua competência política, está a dá-la aos Serviços.
Ora os Serviços, por mais prestigiados que sejam, não tendo sido eleitos, não podem arvorar-se em árbitros ou decisores políticos.
Assim sendo, é ao Ministro que compete decidir, contra ou a favor do que é recomendado.
Compreende-se a dificuldade.
Se decide contra, logo a Comunicação Social refere em letras gordas: decidiu contra o parecer dos Serviços!...
E vem logo a suspeita de corrupção do Ministro!...
Porque, está bem de ver, os Serviços não são nunca nem corrompíveis, nem corrompidos!...
Cá por mim, apesar de tudo, acredito mais num Ministro que coloca o seu nome numa decisão difícil do que numa burocracia ou numa tecnocracia naturalmente escondida atrás do Serviço.
Como acredito mais num Ministro que mantém a equipa dirigente anterior, desde que profissional, do que noutro, que muda toda a hierarquia.
O Ministro é para decidir; a tecnocracia, para estudar.
Não pode é a tecnocracia decidir e o poder político ter o único papel de concordar.
Mas é isto que acontece, como diz o Dr. Jorge Coelho. Essa é a nossa tragédia: votamos nuns, para outros decidirem!...

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