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quarta-feira, 1 de junho de 2005

NÃO

Temos outro NÃO à Constitução Europeia.
A Holanda não se deixou impressionar pelos cenários ameaçadores que podem resultar da suspensão do caminho que estava desenhado e reuniu um resultado que não oferece dúvidas. Mas, quando ouvimos o que os especialistas dizem do texto em referendo ficamos muito confusos - que é um excelente guia para a democracia europeia, que garante suficientemente as políticas sociais, que era uma grande evolução em benefício da governação europeia e dos povos. Então, a que se diz não? Será que os votantes, em massa, não compreendem o que se lhes explica nem entendem o que vem escrito nesse texto? Será que afinal quem defende a Constituição não está a dizer a verdade? É evidente que não. Nem é possível milhões de pessoas não perceberem nada do que está em causa, nem é de admitir que pessoas responsáveis e bem intencionadas se tenham transformado em perigosos vendedores de mentiras.
Também tenho muita dificuldade em aceitar as leituras "transversais" dos motivos do voto, como se o referendo fosse um oráculo de Delfos e comportasse exercícios de adivinhação das suas mensagens ocultas.
Creio que o que há é uma enorme crise de confiança que, no seu reverso, corresponde a uma enorme crise de credibilidade dos lideres políticos que construiram, apresentaram e se apresentam como os futuros executores do que submeteram ao voto popular. As pessoas acham que os políticos não têm pejo em dizer uma coisa e fazer outra. Em garantir progresso e justiça social e depois não serem capazes de suster o desemprego e a perda de poder de compra. Estes NÃO são um grito de exigência a uma nova atitude das lideranças políticas, são uma mensagem clara de que as pessoas querem que se lhes fale verdade e deixem de as tratar com um estatuto de menoridade.
A qualidade da democracia mede-se sobretudo pelo nível de exigência nessa matéria.

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