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terça-feira, 20 de setembro de 2005

O Advogado visto por...

Foi lançada hoje a publicação em imagem.
Trata-se do registo de um ciclo aberto de conferências promovidas pelo Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados durante todo o ano de 2004, que decorreu nos fins de tarde das últimas sextas-feiras de cada mês no cenário magnífico do magnífico Palácio Fronteira em Lisboa.
Tratou-se de desafiar personalidades significativas de diferentes sectores a dizerem o que pensavam dos advogados e da advocacia. O advogado foi aí visto pelo jornalista (Carlos Magno), pelo político (Marques Mendes), pelo militar (Vasco Lourenço), pelo cineasta (Fernando Lopes), pela Igreja (D. José Policarpo), pelo juiz (Noronha do Nascimento), pelo engenheiro (Fernando Santo) e pelo comissário europeu (António Vitorino).
As abordagens foram mais surpreendentes do que se esperava, e por isso a obra agora publicada vale pela garantia da memória de alguns destes originais depoimentos.
Transfiro para aqui um pouco do que disse Carlos Magno logo na primeira conferência que aliás coincidiu com o auge do debate nacional sobre as relações dos actores da justiça com os media:

"Nos tempos que correm, e à medida que as coisas vão evoluindo, o jornalista é uma espécie em vias de extinção, e o advogado um profissional em vias de se transformar num técnico de notícias".
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"Conheço jornalistas da área económica que todos os dias escrevem sobre o PSI20 e pensam que escrevem sobre uma reunião de 20 psicanalistas e psicólogos. Digo isto sem ironia".
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"Há jornalistas que escrevem sobre as coisas mais incríveis e que não sabem sequer o que significa a palavra alegadamente, a palavra que mais invadiu o discurso jornalístico. É a alegada vítima, o alegado assassino, a alegada testemunha...Os relatos jornalísticos dos tribunais é de se ficar com os cabelos em pé!".

A intervenção de Carlos Magno e o debate que se seguiu, foram plenos de desmistificação e coragem para olhar criticamente para dentro da própria profissão e conseguir sem complexos apontar as grandezas mas, com grande crueza, as misérias.
Oxalá os advogados tenham aprendido algo desta lição como de todo o ciclo, importante para se contrariarem as pulsões corporativas que continuam a caracterizar muito do mundo da advocacia, não contribuindo para a reabilitação do sistema de justiça e do prestígio de uma profissão essencial à salvaguarda dos direitos das pessoas.

1 comentário:

Anónimo disse...

Faltou mesmo.
Mas não foi esquecimento da organização que convidou um dos muitos ilustres economistas da nossa praça. Acontece que, se bem me lembro, ocorreu um impedimento do próprio que inviabilizou essa conferência.
Mas como a ideia era continuar o ciclo, pode ser que daqui a uns tempos o II volume nos traga já a visão do economista.