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segunda-feira, 28 de novembro de 2005

Seguro de saúde

A notícia sobre seguros de saúde publicada hoje impressionou-me. Um seguro de saúde ilimitado chega a custar 300 euros por mês. No caso de um casal com um filho, o prémio anual pode chegar aos 10.000 euros!
Não tenho nada contra os seguros de saúde, mas, parece-me que há qualquer coisa que não bate bem. Diz o artigo que o “número de portugueses com seguros de saúde cresceu ao ritmo de 100 mil por ano nos últimos quatro anos e deverá atingir dois milhões no final deste ano… prevendo-se ritmos de crescimento de 20 a 30% para os próximos três anos”. Claro que muitos destes seguros não têm aquele tipo de prémio já referido, podendo ser substancialmente inferior, mas, mesmo assim pergunto, como é possível numa sociedade tão pobre e carenciada haver tantos segurados? Como podem pagar os prémios? Já para pagar os impostos (os que pagam, naturalmente) é aquilo que todos sabem! Não consigo, sinceramente, perceber o que está a acontecer. Pessoalmente não estou inclinado a fazer qualquer tipo de seguro de saúde, a menos que seja obrigado. Prefiro o Serviço Nacional de Saúde. Mesmo com as suas insuficiências e problemas constitui, sem sombra de dúvida, um garante para aquelas situações que, mais tarde ou mais cedo, acabam por nos tocar, directa ou indirectamente.

9 comentários:

VR disse...

Covido-os a ler, entre outras coisas interessantes (e picantes) o texto:

Lista das Oito Centenas de Milhar de Cidadãos a "Expropriar" pelo Estado, Onde Devem Estar Algumas Dezenas que até Mereciam

disponível no meu blog ORTOGAL

www.oortogal.blogspot.com

Saudações bloguísticas ao IV República, que muito aprecio.

Valdemar Rodrigues

Tonibler disse...

Caro Salvador Massano Cardoso

O seguro de saúde é a fuga ao serviço nacional de saúde. Por isso está em crescendo e, pior, está com os preços inflaccionados por ser calculado em risco individual.
Se tomar em consideração a concorrência, isto é, o SNS, vê que cada português paga cerca de 750 euros por ano sem garantia de qualquer assistência, a não ser que apareça em paragem cardiaca ou com um braço pendurado nas costas. Tudo o resto está garantido na próxima década, desde que não seja complicado.
Nestas condições, é fácil aplicar os preços que se entender. É o problema dos serviços públicos quando são mal aplicados, tornam-se na maior fonte de desigualdade social.

Anthrax disse...

Eh lá! 750 euros por ano dava um bom seguro no privado!... Falando nisso, 750 euros por ano mais os 450 que pago no meu seguro... ora deixem-me lá fazer as contas..........

Ora bolas, então eu estou a pagar 1200 euros por ano e nem sequer estou doente???!!!....

Estou a pagar 750 euros a mais por uma coisa que não me serve para nada!!... Já estou a sentir umas palpitações...

Suzana Toscano disse...

O pior é que o seguro de saúde acaba aos 70 anos, pelo menos era assim até há muito pouco tempo.Além disso, se o mal for mesmo grave, o melhor é ir mesmo aos hospitais públicos que, com todos os seus defeitos, ainda é onde se trata a doença. E, com tantos seguros de saúde, as clínicas que os atendem já começam a ter comportamentos bem semelhantes ao dos hospitais, com horas e horas de espera ou meses para uma consulta...

Tonibler disse...

Cara Suzana,

O estado, em alguns estados do estados unidos (tanto estado) formou a sua seguradora para forçar o mercado a aceitar os segurados menos 'favorecidos'. Os Holandeses acho que contratam em carteira, para fazer a diversificação dos 'favorecidos' com os 'menos favorecidos'. Os seguros que temos são o resultado da situação que temos e servem para substituir o acordar às 4 da manhã para conseguir uma consulta para depois da OTA.

trainzeiro disse...

para pagar essas quantias é muito fácel, foge-se aos impostos!

Suzana Toscano disse...

Caro Tonibler, o Estado tem um um seguro de saúde para os seus 700 mil funcionários, que é a ADSE, é um universo muito considerável. E o que é que acontece, como de resto os sindicatos não se cansam de referir? Acontece que em muitos dos consultórios ou laboratórios "convencionados", as pessoas com ADSE são remetidas para o fim da fila, sendo dada prioridade aos doentes particulares. O que eu queria dizer é que os privados acabam por adoptar os defeitos do serviço público logo que assumem uma dimensão e uma garantia de mercado que lho permita. Se excluirmos a parte da qualidade de hotelaria e, em relação a hospitais velhos, a qualidade das instalações, os serviços públicos oferecem mais confiança no tratamento das doenças graves. Fiquei há pouco tempo a acompanhar uma pessoa de família numa clínica privada bem cara. Pois o barulho durante a noite era insuportável, a baterem com os carrinhos contra as portas, o pessoal a falar alto nos corredores, enfim, o que daria uma boa queixa num hospital público!

Tonibler disse...

Cara Suzana, já quase me esquecia que os funcionários públicos não têm que ir ao serviço que produzem, como nós os pobres...:)

Tudo isso são condicionantes do sistema que temos que dá garantias onde não têm que existir. Também já estive em zonas 'dinamarquesas' do SNS. Mas passando uma porta, voltava-se à zona 'congolesa'. E a grande maioria do SNS é um Congo, vá lá que a parte crítica dos grandes hospitais tenta ser europeia. Claro que, como disse, em paragem cardíaca ou com um braço às costas, se vai a um hospital do SNS. Afinal, 1,5 mil milhões de contos servirão para qualquer coisa. Mas o resto é um lixo. Ninguém gasta em saúde o que nós gastamos e bem podemos andar a gritar por cuidados primários porque para isso temos que comprar o lugar numa bicha.
Agora, não seria tempo de, passados 30 anos, admitir que somos incapazes de gerir um sistema de saúde eficiente e pagar a quem saiba? Para termos esses pequenos clusters dinamarqueses, não estamos a comprometer um sistema de saúde inteiro? O crescimento dos seguros diz-nos que sim, o dinheiro está a proporcionar o acesso à saúde que era suporto ser universal.

O Reformista disse...

Ainda com atraso alguns esclarecimentos.

1.Os seguros em Portugal assumem-se como seguros meramente suplementares visando oferecer na saúde uma margem de conforto e de rapidez. Não pretendem minimimamnete substituir-se ao SNS. Pretendem apenas ocupar um nicho do mercado.

2. A ADSE hoje é uma inutilidade. Os funcionários públicos estavam melhor se integrados no SNS do que tendo (e descontando para) a ADSE.
O SNS é financiado via OE com os impostos de todos. (não tem nada a ver com os descontos para a S.Social)
Acontece que enquanto todo o mundo é utente do SNS sem pagar nada por isso, os Funcionários Públicos por terem a ADSE, para a qual pagam, são descriminados e não são utentes do SNS. São utilizadores. Sempre que recorrem ao SNS a ADSE tem que pagar a factura por uma tabela que até não é nada meiga. Mais, não têm acesso às requisições verdes do SNS para análises, rx, etc., e existem hoje muitos serviços com que o SNS tem convenção e a ADSE não.
É uma descriminação inconstitucional para a qual se chama a atenção dos amigos da quarta república
Finalmente convém lembrar que as tabelas de reembolso são tão baixas (a maior parte das verbas vai para o pagamento ao SNS dos serviços por este prestado)que se tornaram inúteis e os FP quase já apenas recorrem ao SNS.
Por isso das duas uma: Ou se acaba a ADSE e os FP são integrados no SNS de pleno direito e acaba-se com um monte de despesismo burocrático de uma estrutura anquilosada, ou a ADSE passa a ser um Sistema Complementar que não tem que financiar a utilização do SNS pelos
FPs, ao qual deverão ter acesso de pleno direito como os outros cidadãos. neste caso a malhor solução seria entregá-la aos Sindicatos (como o SAMS)