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sexta-feira, 23 de dezembro de 2005

Sabor a hipocrisia - III

Quando há dias vi o espalhafato mediático da demolição de três apoios de praia com honras de ministro presente, pensei logo que a conhecida "estratégia de Sócrates" tinha ali uma das suas habituais expressões.
Sócrates, enquanto Ministro do Ambiente, experimentou com enorme sucesso uma estratégia de balanço entre medidas simpáticas e politicamente correctas nos domínios do ambiente mas sobretudo espectaculares no plano mediático, com outras de impacto e aceitabilidade pública negativos.
Preparava as últimas compensando com a exploração do efeito positivo das primeiras.
A espectacularidade do anúncio da demolição das torres de Ofir ou do prédio Countiho em Viana do Castelo, como a propaganda massiva na campanha do encerramento das lixeiras (que boa verdade deveriam ter sido creditadas à sua antecessora no cargo), prepararam o terreno para antenuar os efeitos da opção pela co-inceneração.
Com esta estratégia, a verdade é que criou a imagem de um homem preocupado com as questões do ambiente, capaz de se impor em defesa dos valores ambientais, conseguindo inegavelmente "boa imprensa".

Mas a realidade das coisas é que lá estão as torres de Ofir de pé, o prédio Coutinho vai-se aguentando, muitos foram os problemas com os aterros de RSU e a co-inceneração está de regresso...

Quando vi a encenação por parte do Ministro do Ambiente da demolição de três bares de praia há muito condenados (em detrimento do cumprimento do Programa Finisterra que calendarizava e elegia as fontes de financiamento para promover uma política séria de protecção e valorização da costa portuguesa), dei comigo a pensar: "vem aí a barragem do Sabor".

Bingo!

1 comentário:

Suzana Toscano disse...

Caro Ferreira d'Almeida,por este caminho de arrependidos ainda vamos ver uma certa campanha eleitoral a anunciar que afinal as gravuras do Foz Côa sabem nadar mesmo muito bem...