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segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

Há memórias que importa guardar

"O que está em causa no domingo é eleição de um Presidente que obedece à
Constituição, não é uma tentativa de fazer o que seria um verdadeiro
golpe de Estado constitucional
." - Augusto Santos Silva,
Ministro dos Assuntos Parlamentares do governo em funções, em comício de
apoio a Mário Soares, Vila Real, 15 de Janeiro de 2006.

Isto foi dito. Mas claro que ninguém retirará consequências do que foi dito. Pelo contrário, da esquerda à direita todos acham que a política e, em especial as campanhas eleitorais, acomodam todos os dislates, todas as irresponsabilidades. É até provável que o primeiro encontro entre Santos Silva e o presidente eleito seja cordial e pleno de cortesias. Nem sequer me admirarei se vir um destes 10 de Junho Santos Silva a ser agraciado com uma qualquer comenda...
Convém, porém, guardar a memória de algumas coisas que foram ditas por quem, pela posição que ocupa, deveria ter mais sentido de Estado e de responsabilidade. Porque talvez um dia, quem sabe?, as coisas mudem e estes sejam os exemplos a afixar em jornal de parede para repúdio colegial.

11 comentários:

trainzeiro disse...

O grande golpe de estado contitucional foi deliberadamente feito pelo Sócrates ao começar a falar en quanto o Alegre ainda não tinha acabado o seu pior texto de sempre.
O que interessa é que Sócretes foi grande malcriadão e a minha sorte é ele não, repito, NÃO SER, meu pai.
Ainda ninguém lhe ensinou que enquanto um burro fala o outro abaixa as orelhas ???

Virus disse...

Sentido de Estado???? Responsabilidade??? Dos actuais elementos do Governo???? Ah, ah, ah, ah... Não me façam chorar... de rir...

Mas eles sabem lá o que é isso?! Alguém ainda acredita nisso perante aquilo que estão a fazer ao país? Isso é um pouco como acreditar que a paz no Iraque chega já este ano, ou chega já com a saída das tropas ocidentais de lá... Enfim... sonhos!...

Carlos Monteiro disse...

Caro Ferreira d'Almeida,

Foi o candidato Cavaco Silva o primeiro a dizer que iria esquecer todas as afirmações que foram feitas sobre ele durante a campanha, referindo-se implicitamente aos ministros que fizeram essas afirmações. Ora se o novo Presidente revela uma nobreza de carácter infinitamente superior ao de determinados ministros, porque querem os seus apoiantes que ele proceda de modo diferente?

crack disse...

Caro Ferreira de Almeida
Se estas eleições demonstraram alguma coisa foi que o insulto gratuito e rasteiro, a ameaça vã e o "porreirismo" desbocado já não colhem a simpatia da maioria do povo português. Espero que o cinismo do politicamente correcto não impere no tratamento a dar ao "senhor" que refere e a outros "senhores" que seguiram a mesma linha de comportamento. Este ministro não tem condições de continuar a sê-lo, tendo sido eleito PR a pessoa de quem ele disse o que disse. Seria bom que fosse o próprio a compreendê-lo, ou que, pelo menos, Sócrates tome a iniciativa de não afrontar o novo PR com a manutenção de tal figura. Se isso não acontecer, não se estará à altura da lição que o povo deu, com o "tratamento" que mereceu a candidatura de Soares. As decisões de Sócrates nos tempos mais próximos serão um indicador do tipo de relacionamento que vai querer ter com Belém. Depois, não venham assacar culpas ao perfil de Cavaco.

Virus disse...

Bom... não era para dizer mais nada, mas tenho de deixar uns recados:
cmonteiro - Com ser humano que é CS, tal como todos nós, diz publicamente aquilo que todos nós sabemos ser políticamente correcto, mas ele não esquece, tal como eu não esqueço, o povo não esquece e o meu caro amigo também não. Não se esqueça que quem não sente não é filho de boa gente... e ele por acaso até é!
crack- bom ponto de vista sobre a postura do povo português nestas eleições, mas não esqueçamos que na Madeira ainda não é bem assim, pois o "porreirismo" desbocado do Tio Alberto ainda ganha muitos votos lá no meio do Atlântico...e eles também são portugueses!

Anónimo disse...

Meu caro cmonteiro:
Não veja na minha nota qualquer revanchismo de apoiante do Professor Cavaco, que aliás não fui, não sou, nem deixo de ser. Naturalmente, como antes foi salientado, também Cavaco tomou em relação às declarações de Augusto Santos Silva a atitude do politicamente correcto, com as cautelas decorrentes do contexto em que se verificaram, isto é, em plena campanha eleitoral.
O que eu quis significar foi uma coisa muito singela e de simples compreensão: Augusto Santos Silva é um ministro da república. E não é um ministro qualquer. É o responsável pelas relações entre o Parlamento e o Executivo. Tem um passado político de passagem por cargos de responsabilidade maior. Não acha o meu Amigo que são absolutamente graves e intoleráveis afirmações destas? Considera perdoáveis num ministro em funções de um governo que depende também da confiança do Chefe do Estado, declarações no sentido de que a eleição daquele que até estava melhor colocado para ocupar esse alto cargo, constituíria um golpe de Estado constitucional?
Admito que possa pensar assim. Porque infelizmente - e era afinal isso que eu queria transmitir - a palavra não tem qualquer valor ou significado na política nacional. Só que é a palavra que os políticos utilizam como instrumento. E talvez por isso o sentimento colectivo seja cada vez mais acentuadamente, o de um profundo desprezo pelo que os políticos afirmam.
Só que, meu caro, é pela palavra que eles se revelam, se qualificam ou desqualificam. Para mim Augusto Santos Silva, para lá de tudo o resto, desqualificou-se. E se lhe sobrasse um pingo, um só pingo de coerência, tomaria a decente e reabilitadora atitude de não conviver com o golpe de estado, abandonando as funções que exerce de modo a não ter que se cruzar com o golpista.
Mas pode ser que os tempos mudem. É a minha esperança.

Carlos Monteiro disse...

Caro Ferreira D'Almeida,

Estou plenamente de acordo consigo. Tão de acordo que acho uma questão de principio todos os intervenientes políticos que proferirem declarações deste tipo retirarem consequências políticas sérias em função das atitudes que tomam. E se não retirarem, os partidos que os suportam devem ter como dever comunicar de forma clara à sociedade que esse tipo de comportamento é intolerável.

Isto deveria válido para todos, começando por ministros da república e acabando em presidentes de regiões autónomas... Em nome da dignificação da política.

(penso que o meu caro se terá esquecido de referir este último por mero lapso)

Anónimo disse...

Meu caro cmonteiro:
O que escrevi é obviamente aplicável a quem quer que seja, pertença a que quadrante político-partidário que pertencer.

Cumprimentos

Carlos Monteiro disse...

Obviamente, caríssimo Ferreira D'Almeida. O meu amigo mais uma vez confirmou as expectativas muito positivas que tenho sobre si. :)

Ficamos então a aguardar que os respectivos partidos, PS e PSD venham a terreiro colocar alguma moralidade nisto tudo.

Há no entanto um pequeno pormenor que pode causar algum desconforto ao PSD: O candidato Cavaco Silva, durante a campanha eleitoral foi visitar o Dr. Jardim e andou com ele a passear pelo Funchal, já depois dos tristes discursos deste sobre "o Sr. Silva"...

Anónimo disse...

Já percebi. Do que me quer convencer o meu caro cmonteiro é da magnanimidade do presidente eleito! Do seu imenso poder de perdão!
Estou convencido. ;)

Carlos Monteiro disse...

hehehe... boa saída, meu caro. Boa saída!