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terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Liberdade ou falta de cultura e prepotência?

A reacção do mundo muçulmano às caricaturas de Maomé veio colocar novamente as questões dos limites do poder da comunicação social e da liberdade de imprensa.
Muitos são os que defendem a sua publicação, no respeito por essa ilimitada liberdade de imprensa.
Mas a liberdade de imprensa não pode ser um direito absoluto, como aliás muito bem ontem referiram vários e insuspeitos Chefes de Estado, entre os quais Jorge Sampaio.
Outros defendem a publicação com base no facto de que símbolos marcantes do cristianismo têm sido também caricaturados, sem haver reacção minimamente equiparável à muçulmana.
Mas este facto não pode servir de justificação para nada, pois não se justifica um acto abusivo pelo facto se ter praticado anteriormente outro acto abusivo.
De há muito me parece que a comunicação social abusa ilegitimamente do poder que tem e está habituada a retaliar quando é legitimamente confrontada com notícias que publica.
Todas as vezes que “achincalhou” símbolos da religião dominante na Europa e se fez ouvir alguma crítica por parte de quem se sentiu atingido, foram arremessados os mais violentos vitupérios e feitos os piores juízos ofensivos sobre quem reagiu.
Mas o grande problema da comunicação social, para além do vício de abuso de poder, é a falta de cultura dos seus agentes.
O Deus em que os muçulmanos acreditam nunca é retratado, o mesmo acontecendo, salvo condições muito especiais e excepcionais, com a figura de Maomé; aliás, para o comprovar, não existem nas mesquitas quaisquer imagens ou representações.
Como tal, deveria ter sido avaliado o choque que a publicação de imagens, para mais caricaturadas, dos símbolos religiosos islâmicos inevitavelmente causaria na sensibilidade muçulmana: era uma questão de elementar bom senso.
Ou, se não o foi, aí temos falta de cultura e prepotência que nenhuma liberdade de imprensa pode salvar.
A reacção é condenável, mas a causa também não pode ser branqueada.
Vão os jornais pagar os prejuízos?

6 comentários:

Tonibler disse...

Bolas, haja alguém com bom senso!

Só acrescentar este caso é pior que o achincalhar das figuras do cristianismo porque estamos a falar de minorias e, logo, a parte mais fraca. Não é só achincalhar, é também um acto profundamente cobarde.

Antonio Almeida Felizes disse...

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Caros Senhores,

Pela oportunidade, transcrevo aqui um post colocado no "Blasfémia":

"Apelar ao bom senso é acima de tudo um acto de falta de humildade com tiques colectivistas. A acção e a opinião de 450 milhões de europeus não pode ser coordenada por apelos ao bom senso. Uma sociedade suficientemente livre de 450 milhões de indivíduos estará sempre dividida em relação às questões realmente importantes, terá sempre extremistas para todos os gostos e nunca seguirá o caminho que os intelectuais dizem que ela deve seguir".

Cumprimentos,

Antonio Felizes
http://regioes.blogspot.com
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Arrebenta disse...

De facto, é uma falta de cultura: começa pela presidência da mais poderosa potência do Ocidente, e acaba nalguns canteiros à beira-mar plantados.
Acontece, como dizia outro poço de "Cultura", cof, cof, cof...

Adriano Volframista disse...

Este tema não está bem enquadrado e caímos perigosamente na intolerância.

A liberdade de expressão é absoluta e não negociável ou limitavel.
Tal como a cruz, é, entre outros, um dos elementos definidores da civilização ocidental, pelo que qualquer limitação da mesma apouca a minha civilização.
A ofensa é crime em muitas sociedades, pode ser dirimida em tribunal; nas sociedades primitivas os desforço realiza-se na rua.
A liberdade de expressão inclui a liberddade para a asneira seja a que tenha por efeito provocar um indíviduo ou uma sociedade, seja a que revela a mais abjecta subserviência, com seja os pedidos de desculpas, as interpretações criativas da esquerda festiva.
A tolerância enquanto comportamento apenas significa que admito outras formas de comportamento para alem da fleuma educada, mas não me pode obrigrar a transigir ao ponto de me desfigurar.
DeGaulle comentou um dia: se um cristão descobre a cabeça e calça-se para entrar num templo, um muçulmano cobre a cabeça e descalça-se, como nos iremos entender?
É altura de começar a tomar consciência de que podemos não nos entender, apenas conviver.
Não vem mal ao mundo, afinal é asssim há mais de dez séculos.

Cumprimentos
Adriano Volframista

Anthrax disse...

Caro Adriano, ora nem mais.

Virus disse...

PELO AMOR DE DEUS!!!! ESTAMOS A FALAR DE DESENHOS E CARICATURAS!!!! É UMA PARÓDIA!!!! ALGUÉM JÁ PAROU A PENSAR NISSO?

Não estamos a falar de um artigo baseado em factos dúbios, a fazer acusações que não tem provas, não se trata de nenhum caso de prepotência ou abuso de liberdade de imprensa! Todos nós vimos coisas muito piores na televisão e na Internet todos os dias e não é por isso que aceitamos tudo o que vemos como uma verdade absoluta pois não?

Rir é a melhor (bom... uma das) coisa que temos no mundo, se nem isso podemos fazer ao olhar para uns desenhos porque o vizinho nos explode então o que é que estamos cá a fazer? Eu tanto me rio daqueles cartoons, como me ri dos que a Liga Árabe publicou sobre os judeus, como me ri sobre qualquer outro que aborde um tema que esteja "na berra" e desde que seja uma paródia!

Não estamos a falar de acusações, ou julgamento de valores de ninguém...

Caramba... como dizia alguém na 2ª feira, "é a vida"... e que é que vamos fazer? Explodir tudo o que não gostamos? Bela teoria...

Então em Portugal as repartições de finanças e todos os ministérios já tinham saltado pelos ares!

Estamos a brincar ou quê?

Epá... GET A LIFE... é o que esses senhores excitadotes têm de ouvir da nossa parte, e não qualquer pedido de desculpas!