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domingo, 19 de março de 2006

E ela move-se...


O Público de 6ª feira dá-nos conta de que Portugal é o nono país mais procurado por alunos estrangeiros e que o Programa Erasmus movimentou, só no último ano, mais de 144 mil estudantes em universidades europeias. Acolhemos 4166 alunos e fomos o 12º país a enviar estudantes por essa Europa fora, cerca de 3800!
Desde 1987, foram centenas de milhares os estudantes que experimentaram sair dos seus países e ir durante um semestre ou um ano para escolas estrangeiras, ganhando com isso uma visão mais alargada e uma capacidade de adaptação que só os pode tornar mais aptos para a sua vida como profissionais e como cidadãos.
A dimensão deste movimento, que é crescente, vai constituir um factor importante na abertura a outras culturas e outros modos de viver, seja porque põem em causa algumas “verdades absolutas” com que partem, seja porque aprendem a dar valor a muito do conforto e das garantias que supunham adquiridas e que afinal não encontram noutros lados, seja ainda porque deixam de considerar como fatalidades muitos dos defeitos nacionais com que nos conformamos.
De nada serve continuarmos a querer ficar fechados no nosso casulo quando tantas transformações estão já a correr noutros lados.
A facilidade com que hoje as pessoas se deslocam e, sobretudo, a possibilidade de o fazerem quando ainda estão em plena formação, vai certamente eliminar muitas das barreiras que levaria anos e anos a demolir. Com sorte, cada um saberá ver e aproveitar o melhor de todos esses mundos e manterá o espírito aberto para dar o impulso certo quando essa responsabilidade lhe tocar.
Já que “a Terra se move” que seja na direcção certa…

5 comentários:

Tonibler disse...

Como já disse um dia, para mim Erasmus é factor preferencial de escolha de um curriculum por todas as razões que a Suzana apontou.
No entanto, e isso é que é verdadeiramente preocupante, se o número de portugueses com Erasmus disponíveis para o mercado de trabalho português me parece diminuir (percepção pessoal sem base numérica nenhuma) o número de estrangeiros que por cá fiquem deverá ser nulo ou próximo disso.

Como uma vez ouvi a um Ministro da Cultura de Portugal, isto parece-me uma permuta unilateral....

Anónimo disse...

O Erasmus representa para esta geração de jovens uma extrordinária oportunidade de experimentar uma sociedade sem fronteiras.
Creio que o capital de conhecimento que proporciona vai refletir-se no futuro.

Suzana Toscano disse...

Então, Pinho Cardão, julgava-o um optimista...!
Caro Tonibler, é verdade que os portugueses que vêm do Erasmus trazem também uma enorme vontade de se pôr ao fresco quanto antes, quer porque lhes fica o gosto da liberdade, quer porque as oportunidades que aqui lhes dão nem sempre os cativam. mas, para isso, contamos com pessoas como o Tonibler, que sabe valorizá-los e se esforça por os captar. Espero que tenham a sorte de dar uns com os outros,seria um desperdício se assim não fosse. Quanto aos que cá ficam, conheço vários, de várias nacionalidades, embora haja concerteza um movimento desequilibrado a nosso desfavor...Mas sabe que ainda há imensas faculdades que desaconselham os seus alunos a ir embora? E outras que os deixam ir mas não dão equivalências porque se acham imbatíveis na comparação? É assim: ou somos os piores em tudo, ou somos tão bons que não há em lado nenhum nada parecido!

Antonio Almeida Felizes disse...

Cara Suzana Toscano,

"A dimensão deste movimento, que é crescente, vai constituir um factor importante na abertura a outras culturas e outros modos de viver"

Sinceramente, nesta Europa fortemente globalizada, não vejo onde estejam essas formas assim tão diferentes de viver ou mesmo de pensar.

Cumprimentos,

Anthrax disse...

Cara Suzana,

Bom post, para além de que este tema é-me "estranhamente" familiar... Como diríamos aqui no Burgo "We aim to please".

Caro Pinho Cardão,

Não é sorte. É dinheiro que, por acaso, não estica na mesma proporção das Instituições de Ensino Superior que se candidatam todos os anos.

Caro Tóni,

É verdade, a maior parte dos "Erasmuzinhos" põem-se a andar à primeira oportunidade (vá-se lá saber porquê).

Caro Jorge Lúcio, ainda não vi esse filme (mas vou já à procura dele), porque a julgar pela descrição deve ser bem engraçado.

Caro António Felizes,

As formas de viver, estar e pensar, mesmo numa Europa globalizada, são extremamente diferentes. Basta passar uma temporada em Bruxelas (ou ir lá 1 x por mês), para se ver que não tem nada a ver com as coisas que temos como referência e já nem vou falar do clima (que lhes condiciona o comportamento).

Vou-lhe dar um exemplo, a minha primeira experiência de trabalho a sério (não aqueles biscates temporários de verão e antes de viajar tão amiúde), foi numa empresa americana. Parte dos funcionários eram estrangeiros, a outra parte era portuguesa. Foi, de longe, a melhor experiência que tive até hoje. Tudo funcionava e o ambiente de trabalho era bom. Entretanto mudei para uma organização portuguesa e o choque foi brutal. Apesar das condições que me foram oferecidas tivessem sido muito boas, as coisas não funcionavam, o ambiente de trabalho era mau e cheirava a bafío. Logo a minha primeira impressão foi que as pessoas não sabiam trabalhar, não se sabiam comportar profissionalmente e quem mandava não o sabia fazer. Era o caos total e absoluto. Graças aos Deuses as coisas mudaram. A maior parte das pessoas que agora aqui trabalham são jovens e todas elas tem no currículo "viagens-não-turísticas". Trabalhar com elas é muito diferente do que trabalhar com os que cá estavam, não tem mesmo nada a ver.