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sexta-feira, 14 de abril de 2006

"Cultura" agonizante!...





Anteontem, fiz referência à peça “Hotel dos dois mundos” que se estreou no D. Maria II e em que os personagens não sabem de onde vieram nem para onde vão e que, apesar de estarem em estado de coma, falam e até partilham experiências entre si.
No seguimento, e em dia de sexta-feira santa, não há como lembrar o mais recente filme português, Vanitas, de Paulo Rocha, segundo o crítico do Expresso, “funéreo, esgaçado e doloroso”. O filme, indiciado como uma história supostamente ligada ao mundo da moda e da beleza, acaba por falar da morte. Diz o crítico João Leitão Ramos:
“É um filme espavorido, esgaçado, titubeante, um arquejo, um esgar de alma, um esconjuro que não chega a cumprir. É um filme que dói… Mais esboçado do que construído, notam-se os fios e vê-se a carência de pedre e cal, dos travejamentos, da estrutura que permitiria a nota de intenções que o realizador escreveu…Tal como está, Vanitas é uma fita que esbraceja…sem tessitura ficcional que a torne parte de um fluxo…de uma ficção com antes e depois. Vejo…a difusa energia de Joana Bárcia…a fêmea inteireza de Rosa Quiroga e suponho, lá por trás, a mão instintiva de Paulo Rocha a querer carregar o pedal de um imaginário convulso e extremado, uma radicalização quase necrófila, espantando-se com os seus próprios estonteamentros ao ponto de não atinar a com a linguagem articulada que os materializasse.
Mas Vanitas é também o gesto criativo de um cineasta que…recusa o silêncio. A coragem da atitude não encontrou a forma que o seu estatuto merecia? Pois não. Mas isso é de somenos importância ,quando fazer um filme se conjuga com a querença de estar vivo”.
Em linguagem mais prosaica: é um filme sem princípio (…apenas esboçado…), sem meio (…sem pedra e cal e travejamentos…) e sem fim (…o realizador estonteado, a não atinar com linguagem articulada…)!...
Mas isso importa num filme?
Não, absolutamente nada, já que a obra se justifica pela "querença de estar vivo”.
A propósito de querença, lembrei-me que o filme "Querença", estreado em 2004, teve 40 espectadores!...
E assim vamos vivendo, uns com subsídios…outros não, mas estes a pagar os delírios dos primeiros!...

7 comentários:

Anónimo disse...

Pois é, meu caro Pinho Cardão, ele há críticas verdadeiramente assassinas...

Anthrax disse...

Sabem o que é que eu acho... acho que este tipo de patologia cura-se bem com choques electricos.

Torquato da Luz disse...

Mas há-de concordar, meu caro Cardão, que a temática do filme é bem portuguesa... :)
Não há dúvida de que estamos ok de cinema, teatro e artes afins. Só que o povo é mal agradecido e lhes vira as costas, não querem lá ver?

João Melo disse...

vou então ler a revista de cultura do jornal do regime.caro pinha cardão,segui uma das suas sugestões e fiz um dos perfis que me sugeriu

Tonibler disse...

Mais um filme de autor...igual aos outros filmes de autor todos!


Mas a crítica é excelente, vocês imaginam o trabalho que dá andar à procura daqueles palavrões todos para que ninguém perceba aquilo que se quer dizer?

Suzana Toscano disse...

Pinho Cardão, a sua capacidade de tirar alguma conclusão útil do texto que transcreveu deixou-me "esmagada", começo a desconfiar que o meu amigo tem muito treino de assistir a esses filmes cheios de "mensagem"!;)

Suzana Toscano disse...

Difícil convivência, sem dúvida, só ultrapassável por um notável sentido de humor!