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quarta-feira, 10 de maio de 2006

Por Terras do Tio Sam – Maio 09, Terça – Capítulo 18

E pronto: já se passou o segundo e último dia do Programa em Boston, que é a cidade onde passaremos menos tempo – apenas dois dias e meio –, pois amanhã de manhã arrancaremos para New York onde, em princípio, estarei ainda antes de almoço.
E bem posso dizer que tive um dia em cheio!

A primeira reunião da manhã foi no Consulado de Portugal, com a Embaixadora Manuela Bairos. É sempre bom, quando se está no estrangeiro, visitar locais em que esteja hasteada a bandeira nacional, e este foi um deles. Tratou-se de uma reunião muito agradável, em que pudemos trocar impressões sobre a actividade do Consulado em Boston, as perspectivas, os principais anseios e problemas da Comunidade Lusa em Massachusetts, a situação em Portugal… enfim, tendo começado às 10, levou-nos até quase às 11 horas.

Como a próxima reunião era apenas às 13:30 horas, fizemos um pouco de tempo visitando, em down town Boston a Trinity Church (Protestante) e o Copley Place, talvez o maior shopping center da cidade (mas ainda não foi desta que comprei o que quer que fosse – afinal, amanhã há New York), e também muito selecto e bem decorado! Foi por lá que almoçámos, novamente num Au Bon Pain (que é uma pena não existir em Portugal!...).

O problema veio depois: arrancámos em direcção ao MIT – é verdade, o famoso Massachusetts Institute of Technology, que tanta tinta fez correr em Portugal ainda há bem pouco tempo – mas, antes de sair do Copley Place, vi-me obrigado a comprar um guarda-chuva. É que, se o dia amanhecera cinzento, apesar de o Marc me ter advertido que se aguardava chuva da parte da tarde, na minha cabeça não imaginava o cenário com que me deparei – que continuou por toda a tarde e que agora, à noite, ainda se vislumbra da janela do quarto: uma chuva torrencial acompanhada de um forte vento, que torna tudo muito mais desagradável!
E, portanto, a partir das 13 horas, o meu dia passou a ser muito molhado – demasiado para o meu gosto, que nem sequer vim preparado com gabardina, e muito menos roupa de Inverno. Bem, como se calcula, apesar do guarda-chuva (o Marc tinha apostado comigo que acabaria por comprar um, e a verdade é que tal acabou por suceder…), devido ao forte vento, acabei por chegar muito encharcado a todas as reuniões que tivemos da parte da tarde, e que foram três. Só espero não apanhar um resfriado à custa desta horrorosa tarde (em termos de tempo, claro) – ah, e que a chuva não nos acompanhe até New York! Por favor!...

Bem, mas voltemos então às nossas reuniões da tarde. Saímos do Copley Place ainda antes das 13 horas em direcção ao metropolitano – e também em direcção ao “primeiro banho” – e, às 13:30, tive o privilégio de me encontrar com o Professor Olivier Blanchard, Professor, Department of Economics, um dos melhores economistas da actualidade. Foi uma reunião muitíssimo útil, até porque, em Fevereiro último, o Professor Blanchard lançou um paper sobre o caso de Portugal e a nossa adesão ao Euro – isto para além de ter trabalhado com a McKinsey no relatório “Portugal 2010”, divulgado em 2003. Enfim, não entrando em pormenores, por razões óbvias, sempre posso revelar que discutimos muito a situação no nosso país – claro! – e que estamos muito em sintonia, com a nuance de eu acreditar muito mais no supply side economics do que o Professor Blanchard (os que me conhecem melhor sabem a que me estou a referir)!… Mas, posso garantir-vos, no global, as nossas visões são muito semelhantes. Ora, creio que a minha visão global sobre Portugal, o passado recente e as perspectivas para a nossa economia, é bem conhecida… Enfim, para além de Portugal, falámos ainda da Espanha (muito interessante a opinião do professor Blanchard...) e da Grécia, bem como das mais recentes investigações que o Professor tem levado a cabo, e que se concentram no mercado de trabalho em diversos países da Europa, tentando perceber a diversidade de situações existente, e a disparidade que neste domínio existe entre os EUA e a Europa.

Enfim, tratou-se de uma óptima troca de impressões que durou quase uma hora, altura em que saímos do MIT em direcção ao metro – e a mais chuva e vento – para rumarmos ao Federal Reserve Bank of Boston, um dos doze Federal Reserve Bank regionais existentes nos EUA. Lá chegámos pouco depois das 15 horas e, à nossa espera estava a Dra. Jane Little, Vice President, Economist, Research Department.
Durante mais de uma hora percorremos a economia global, os seus problemas e perspectivas – nos EUA, Europa e Ásia, sobretudo –, tal como a política monetária em cada uma destas áreas (com particular ênfase, da parte da Dra. Jane Little nas economias norte americana e chinesa e, do meu lado, na economia europeia e em Portugal). Foi igualmente uma reunião muito interessante, qye terminou quase às 16:30, hora em que caminhámos – mesmo com a intempérie que se tinha abatido sobre Boston – em direcção ao banco de investimento State Street Global Advisors, que ficava “apenas” a três quarteirões de distância. Só que a chuva e as rajadas de vento tornaram aqueles 10 minutos um verdadeiro martírio!...

No State Street Global Advisors, a reunião foi com o Dr. Geoffrey Somes, Senior Economist, Economics Team, que nos fez uma apresentação muito detalhada, informativa e interessante sobre a economia dos EUA, as perspectivas no G7, e as decisões de política monetária recentes e expectáveis para o Fed e o Banco Central Europeu. Foi um acabar em beleza das reuniões em Boston, pois ficou comprovado, durante todo o tempo, que o Dr. Geoffrey Somes sabia profundamente dos assuntos que abordava, o que me permitiu ter, sobretudo em relação aos EUA, uma visão muito bem fundamentada e completa.

Depois de mais chuva e vento, metro e, novamente, chuva e vento, lás chegámos ao hotel já passava das 18 horas – das minha parte, muito cansado e… molhado. Por isso, avisei o Marc que jantaria no quarto e, mal lá cheguei enfiei-me na banheira para um retemperador banho quente (e não, hoje não houcve jogging de fim de tarde, porque já tinha havido de manhã…).
Depois encomendei o jantar, liguei-me à Internet e comecei a trabalhar e a colocar-me em dia com Portugal.
Agora, depois de escrever mais este capítulo do diário, vou ainda trabalhar um pouco noutras matérias, mas já não durante muito mais tempo, porque ainda tenho que fazer as malas (outra vez!...) e amanhã a alvorada é às 6:30, porque temos que estar no aeroporto pouco depois das 8 da manhã. Destino: New York, New York!, a última etapa antes do regresso a casa – que, apesar de esta “epopeia” pelos EUA estar a ser fantástica, e uma experiência espectacular e inesquecível, estou desejando que aconteça!...

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