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sexta-feira, 9 de junho de 2006

Em tempo de futebol, um depoimento isento!...

Embora goste muito de futebol, e em especial daquele que é eximiamente praticado pelo FCP, é sabido que mantenho sempre uma posição isenta sobre a matéria. Como tal, não havendo emoção que me tolde a razão, a minha “postura” é de uma independência obstinada…desde que o FCP não seja prejudicado, claro!...Fico é regularmente triste, pelo facto de a minha mulher ( sportinguista dependente, que apoia Soares Franco e a venda do Alvaláxia XXI) e os meus filhos (benfiquistas de lugar cativo "vitalício") não mostrarem, perante o fenómeno futebolístico, o mesmo desprendimento que eu!...Consolo-me, no entanto, pelo facto de não lhes ter imposto as minhas ideias, embora a contrapartida é que, sistematicamente, me procuram impor as deles!...Contingências de um procedimento democrático…
É pois com esta objectividade que vou antever a carreira da selecção.
A crítica tem sido unânime e repetitiva no sentido de dizer que o “quarteto de ouro português” constituído pelo Figo, Cristiano Ronaldo, Pauleta e Deco pode remover todos os obstáculos e levar-nos à vitória. Não estou tão confiante assim!... Ora vejamos.
Figo já foi, efectivamente, o melhor do mundo. Excelente tecnicista, com boa capacidade de passe e de colocação de bola à distância, exímio marcador de livres, a “diferença” em relação aos outros media-se pela sua capacidade de explosão, que dinamitava os adversários, aliada ao poder de drible que entontecia os que sobreviviam. Pela força da lei da vida, atenuada a “diferença”, começou a perder o lugar no Real Madrid. No Inter era titular, mas quase sempre vinha a ser substituído. A comunicação social continua a apresentá-lo como o mito de há anos, mas apesar de combativo e valoroso, já não faz a “diferença” de que precisávamos.
Diz-se que o Cristiano Ronaldo será o substituto de Figo. Não vou longe disso. Mas acontece que ainda não é. Joga no Manchester, mas nem sempre é titular, muito menos titular indiscutível. Tem valor real e potencial, fala-se que é o melhor da sua geração, mas na Inglaterra, onde gostam dele, tem sido sempre preterido na eleição para o melhor jovem jogador. No entanto, é daqueles de quem sempre se pode esperar o lance inspirado da vitória.
Pauleta é o melhor marcador da Selecção e tem brilhado em França, onde já foi várias vezes o melhor marcador do Campeonato, o que diz do seu valor. É um excelente ponta de lança, mas muito susceptível a uma boa marcação por um central de boa técnica e poder físico. Não sendo um fora de série, é sempre de contar com o seu “oportunismo”.
Por último, Deco. Deco é o jogador de topo mais bem sucedido nos últimos anos. Titular indiscutível das equipas do Porto e do Barcelona, ganhou, nos últimos quatro anos, quatro Campeonatos Nacionais e três Taças Europeias, duas delas dos Campeões. Foi titular no Campeonato da Europa em que Portugal foi Vice- Campeão.
Talvez possa não ser o maior tecnicista do mundo, já que Ronaldinho e Zidane o suplantam nessa competência; não é jogador com mais poder físico, não é o jogador que melhor defende, nem é o jogador que mete mais golos. Mas é, de entre os melhores, aquele que pode desempenhar qualquer função no campo: defende bem, desdobra-se como nenhum outro na defesa-ataque, tem excepcional visão do jogo, marca bem livres, tem qualidade de passe e potência de remate. Considerado o jogador que mais quilómetros corria em campo na Liga dos Campeões que o Porto ganhou, e considerado como o “melhor jogador de equipe” pelo treinador do Barcelona, precisa de estar em óptima condição física para expressar todos os seus “skills” e qualidades. E não me parece que esteja, depois de quatro anos de fulgor permanente.
Por outro lado, a selecção, no seu todo, em relação ao Campeonato da Europa, que não ganhou, está dois anos mais “usada”…
Daí, o meu muito moderado optimismo… Oxalá a minha “razão” me engane!...

4 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem, finalmente uma análise isenta e, como todas, subjectiva.
Imagino que tenha sido um exercício difícil para um “dragão”. Falar da Selecção Nacional sem tocar no estigma Scolari, nem falar das bem-aventuranças consubstanciadas em Vítor Baía e Quaresma. Difícil mas não impossível como se vê por este “post”. Sem querer minimizar o mérito próprio deste depoimento, creio que por ele perpassam, inconscientemente, as boas influências dos seus descendentes. Boa sementeira caro Pinho Cardão :))
A sua análise está, por assim dizer, “ensanduichada” entre o realismo e o pessimismo.
Vamos a ver… e, entretanto, torcer pela nossa Selecção! Prognósticos só no fim do jogo.
Neste momento quero estar optimista, alimentar o sonho, acreditar no impossível.
É assim, apetece-me não ser racional! Apetece-me gritar PORTUGAL!

João Melo disse...

boa análise caro pinho cardão.em termos técnicos de cada jogador analisado , concordo consigo.mas omite algo que como gestor não deveria: o grupo.Muitas vezes um grupo sem grandes estrelas ou com estrelas já no ocaso da carreira se estiverem unidos ( como é o caso e isso ninguêm contesta ) alcançam resultados que , per si, não alcançariam.e aqui pode ( se alcançar sucesso )residir o sucesso de scolari.Porque temos de ver uma coisa : o scolari não vai ensinar nada em termos técnicos.
1ºprimeiro porque eles já aprenderam tudo
2ºmesmo que não tivessem aprendido tudo , não era agora que "técnica "entrava nos pés.
dito isto , o scolari tem feito até agora uma boa gestão de grupo , construindo um grupo coeso e unido.será que daqui nasce o 2+2=5? ou será que 2+2=3?
vamos ver!

Tonibler disse...

Oh camarada Pinho Cardão, não se preocupe com o Deco porque estão lá o Quim, o Simão, o Petit e o Nuno Gomes...Chegam bem para a equipa do Mantorras e para a equipa do Luisão, que já não me lembro como se chamam...

Anónimo disse...

Meu caro Pinho Cardão, já tinha tido oportunidade de constatar o muito bom gosto - para além da imensa simpatia - de sua mulher. A primeira parte do seu post só vem confirmar o facto constatado.