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domingo, 18 de junho de 2006

“Land art” e sacos de plástico…

A arte de Christo e da sua mulher, Jeanne-Claude, causava-me, a princípio, uma certa impressão, mas, ao longo do tempo, acabei por ficar preso daquela monumentalidade traduzida em pontes e monumentos embrulhados ou ilhas envolvidas com superfícies coloridas. Arte espectacular e efémera.
Esta súbita recordação foi despertada pelo último relatório da Programa Ambiental das Nações Unidas. De acordo com este importante documento, os oceanos estão ameaçados pelo aquecimento global, pela pesca selvagem e por várias formas de poluição. No tocante à poluição, os plásticos estão a inundar os oceanos, já que, por cada milha quadrada, foram contabilizados 46.000 mil detritos.
Há muito tempo que várias entidades têm vindo a denunciar esta situação, mas, pelos vistos, sem qualquer sucesso.
Os plásticos, além de não serem facilmente degradáveis, viajam com extraordinária facilidade. De facto, muitos, oriundos do Brasil ou do Japão, chegam a pontos tão longínquos como o norte da Escócia, ou, então, o caso de muitas dezenas de milhar de patinhos de plástico, libertados de um contentor no meio do Pacífico, terem sido localizados no estreito de Bering, não sei se dispersos ou se na tradicional fila Lorenziana!
Dizer que os tradicionais sacos de plástico constituem o pior crime da humanidade soa a exagero. O que é certo é estarmos perante um dos principais poluentes com grave impacte ambiental. Provocam danos na vida selvagem, bloqueiam os sistemas de drenagem e permanecem décadas no ambiente.
Introduzidos na década de setenta, passaram a fazer parte das nossas vidas. Globalmente utilizamos entre 500 mil milhões a um trilião por ano, qualquer coisa como 150 sacos por cada pessoa deste planeta (um milhão de sacos por minuto!).
Os animais marinhos são as principais vítimas dos sacos de plástico ao considerá-los como alimentos. Tartarugas, golfinhos e baleias, entre outros, têm sofrido as consequências, muitas vezes mortais. A título de exemplo, uma baleia encontrada na Normandia tinha 800 kg de sacos de plástico e outras embalagens no estômago!
Os movimentos anti-saco de plástico começam a despertar, embora sem grande sucesso face aos interesses dos produtores.
A irritante poluição está bem traduzida no nome pelo qual é conhecida: “poluição branca” na China, “flor nacional” na África do Sul ou “calções das bruxas” na Irlanda.
Alguns países, como a Irlanda e a Dinamarca, estabeleceram taxas para a aquisição dos sacos, o que levou a uma redução significativa do seu uso. Aqui está uma boa sugestão para mais um “impostozito”. Se a capitação em Portugal for 150 sacos por pessoa/ano, ao multiplicarmos por 10 milhões, teríamos qualquer coisa como 1.500 milhões de sacos vezes 10 cêntimos…150 milhões de euros! Nada mau! Mas o melhor é pedir ajuda a quem perceba de taxas, impostos e economia…
A “land art”, na qual se integra a arte de Christo, mesmo utilizando plásticos, não constitui um atentado contra o ambiente, já que as exposições são transitórias e reutiliza os materiais. Aquilo que estamos a fazer é uma verdadeira “arte de lixo” ao tentar embrulhar e esconder o planeta em sacos de plástico…

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