Número total de visualizações de páginas

domingo, 8 de outubro de 2006

“Meter a cauda entre as pernas”…

A análise social dos comportamentos humanos permite-nos, sem qualquer espécie de dúvida, verificar uma tendência para a crueldade que, quer queiramos quer não, reflecte a nossa condição animal. Se não houver pressão de natureza cultural, aliada aos apelos à nossa condição de seres espirituais, sem esquecer os aspectos punitivos da legislação, é certo e sabido que sai asneira.
As referências ao mau clima que se verifica nas nossas escolas, com destaque para a elevada prevalência de bullying, deverão ser levadas muito a sério, porque irão originar desvios e graves problemas na preparação e formação dos nossos jovens. A atmosfera de agressões físicas, verbais e psicológicas começa a ser muito preocupante, já que alimenta e prepara futuros desviantes sociais, destruindo muitos jovens com capacidades, não descurando o eventual aparecimento de um ou outro capaz de actos de violência inaudita.
Mas não é só nas escolas que se verificam formas de opressão. Também, na área laboral, o assédio moral – mobying – constitui um grave problema. A forma de destruir a auto-estima de um trabalhador, através de meios de coacção psicológica, com o objectivo de o “abater” é uma realidade, atingindo proporções cada vez mais elevadas.
A par do bullying e do mobying, não devemos esquecer as pressões sociais e políticas susceptíveis de provocar temor, comportando-se os líderes como verdadeiros alfas de alcateias ou chefes tribais. Muitos preferem calar-se, recolhendo as caudas na perspectiva de assegurar o seu quinhão, mesmo que já tenha sido mastigado.
Estas associações foram despoletadas na sequência da entrevista do Professor Mário de Sousa à Notícias Magazine. Trata-se de um cientista de inegável valor que tem a coragem de afrontar certas posições e ideias nas áreas da genética e da procriação medicamente assistida. A sua última intervenção – criação de um banco público de células germinais – foi travada. O problema não está na “não autorização”, mas sim no facto de ter sido “ameaçado verbalmente e intimidado com processos disciplinares e judiciais”. Podemos não concordar com todas as suas posições, eu próprio não comungo de algumas, mas devemos respeitar todos os que têm coragem de afrontar e dizer o que pensam.
Para terminar, e ao ler a entrevista – capítulo do congelamento do sangue umbilical – recordei-me do momento em que a minha filha mais velha, nas vésperas do parto, me perguntou se valia a pena congelar o sangue do cordão umbilical da minha neta. Bombardeada pelas pressões veiculadas pela comunicação social, com as vantagens de tal método, expliquei-lhe que as situações em que poderia, eventualmente, beneficiar são tão raras, mesmo raríssimas, que não se justificava. Melhor fora que as autoridades competentes obrigassem e fizessem os devidos esclarecimentos sobre a matéria, evitando aproveitamentos, eticamente não muito correctos. Claro que é importante haver bancos de sangue do cordão umbilical, mas mais para benefícios de terceiros do que dos próprios, o resto é negócio…

1 comentário:

jomacarga disse...

É uma terrível verdade de que já fui outrora vítima. Os doentes psiquiátricos são presa fácil. A ideia de inclusão é uma intenção, pouco mais.
Acrescento que em França o mobying é crime.
De facto é uma atitude que perturba a sociedade, diminui o rendimento, cria problemas psiquícos e dá largas ao sadismo que se ostenta na sua impunidade.

José Manuel do Carmo Garcia