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terça-feira, 14 de novembro de 2006

Dia Mundial da Diabetes

Hoje, comemora-se o Dia Mundial da Diabetes. Estamos perante uma doença cuja prevalência irá duplicar no primeiro quartel deste século. Nunca uma doença crónica sofreu tamanho agravamento. Anualmente é responsável por três milhões de óbitos.
As causas são bem conhecidas, mas necessitamos de uma intervenção política mais profunda neste contexto. Portugal está a sofrer uma epidemia sem precedentes com todas as consequências daí decorrentes.
É mais um “Dia” a juntar a tantos outros, mas no fundo convém dedicar, mesmo por alguns minutos, a nossa atenção sobre esta patologia que, praticamente, não poupa uma única família portuguesa.
E há tanto por fazer…

3 comentários:

Santiago disse...

"As causas são bem conhecidas..."

Fiquei curioso: Quais são, no seu entender, essas causas? E que "intervenção política mais profunda" é necessária?

Massano Cardoso disse...

Caro Santiago

Espero responder à sua pergunta com o seguinte texto:
A diabetes tipo 2 atinge hoje mais de 230 milhões de pessoas em todo o mundo, constituindo uma das doenças crónicas mais prevalentes, tendo inclusive duplicado nos últimos 25 anos. Ocorrem cerca de 3 milhões de óbito por ano.
As razões da diabetes do tipo 2 (dita a do adulto) têm a ver com modificações do estilo de vida e aporte energético excessivo. Os seres humanos, assim como as outras espécies estão preparados para viverem não na abundância mas na privação. Uma regra evolutiva devidamente estudada a ponto de se terem seleccionados “genes económicos”.
A obesidade que atinge grande parte do mundo ocidental está associada à diabetes. Portugal não foge à regra.
A “obesidade social” deve-se a:
1.“Predisposição da espécie”
2. Aumento da produção alimentar
3. Capacidade de armazenamento
4. Eficiência na distribuição
5. Acessibilidade
6. Estímulo ao consumo
7. Mudanças no sistema laboral
8. Défice cultural

Os povos com défice cultural e com um certo nível económico têm maior facilidade na aquisição de alimentos e são mais “permeáveis” à publicidade. Podemos concluir que um baixo nível cultural está associada a obesidade e à diabetes. Entre nós, por exemplo os analfabetos têm uma taxa de prevalência muito elevada, seguida dos que têm a escolaridade básica, secundária e superior. Estes últimos apresentam a prevalência mais baixa.
A publicidade enganosa, a venda de produtos altamente energéticos, o não investimento no desporto amador, a não regulamentação da venda e distribuição de certos produtos alimentares, o insucesso escolar, o défice cultural, a ausência de um adequado ordenamento dos transportes de forma a reduzir a circulação de veículos particulares nas cidades, passando a utilizar os transportes públicos, obrigando os cidadãos a terem de efectuar exercício físico, constituem algumas medidas. Não devemos esquecer uma política especial virada para as crianças que, entre nós, são das mais obesas da Europa. Quem diria, há alguns anos atrás, que as crianças e jovens acabariam por sofrer de uma forma de diabetes que “só” aparecia, praticamente, depois dos 35 anos? É uma realidade pungente”! Há necessidade de mudar os comportamentos lúdicos das crianças obrigando-as a irem para a rua exercitarem os seus organismos, em vez de estarem sentadas em frente de computadores ou usarem triciclos eléctricos!
Caso não haja uma política adequada é certo e sabido que o problema irá agravar-se por esse mundo fora a ponto da esperança de vida das próximas gerações sofrer uma redução, o que constituiria um violento golpe na geração actual, ao “permitir” que os filhos vivam menos que os pais…

Santiago disse...

Muito obrigado. É uma boa resposta e, sem desfazer no novo post que colocou, merece também honras de "primeira página".

Confesso que por "defeito profissional" quando ouço falar de Diabetes penso só na do Tipo I (autoimune). Agradeço-lhe ter-me chamado a atenção para esta outra forma da doença, evitável, que tendo a esquecer...