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sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

Consumidores de electricidade, protejam-se!

Com alguma fanfarra, a EDP anunciou esta semana o seu “plano estratégico” para o
quadriénio 2007-2010.
Desse plano destaca-se o grande aumento da produção de energia eólica, que deverá passar de 952MW em 2005 para 4.200MW em 2010, justificando 40% do “capex” (como agora se usa) previsto pela Empresa para o período em causa.
Então, a EDP espera ser um dos 5 maiores produtores mundiais de energia eólica.
O principal objectivo é chegar a 2010 com uma produção de energia de fontes renováveis igual a 46% do total de energia produzida pela empresa (35% em 2006).
O “capex” total previsto para o período é de € 7,6 mil milhões (equivalente 5% do PIB de 2006), essencialmente em projectos de expansão da capacidade produtiva.
Outro aspecto relevante da estratégia da EDP é o tratamento favorável prometido aos accionistas: está previsto um crescimento anual de 14% nos lucros por acção (“earnings per share” usa-se mais, é mais bonito) e um crescimento médio de 11% nos dividendos a distribuir.
Para os analistas, este “plano estratégico” foi recebido como música celestial. Apareceram logo revisões dos “price-targets” reflectindo o optimismo que os vendedores do “stock” sempre gostam de transmitir ao mercado.
Mas há um ponto importante que passou em branco: os consumidores. Tenho a noção de que os consumidores vão ser a parte fraca em todo este arranjo estratégico, serão eles a pagar a factura deste projectado aumento da energia produzida de fontes renováveis e do magnífico tratamento prometido aos investidores/accionistas.
Daí que me tenha ocorrido recomendar aos leitores deste BLOG, todos consumidores de electricidade, para comprarem acções da EDP: talvez 1.000, 2.000, 5.000, 10.000 ou se possível mais acções da eléctrica nacional, dependendo da dimensão da vossa factura mensal.
Esclareço que não tenho qualquer interesse no assunto a não ser uma pequena carteira de acções da eléctrica, pelo que este conselho é dado com total independência.
Se seguirem este conselho, terão a possibilidade de ganhar dum lado o que vão pagar a mais do outro. A vossa factura de energia aumentará mas isso será compensado, no todo ou em parte, pelo aumento dos resultados e dos dividendos.
É uma forma natural de “cobrirem” o risco da posição (“edging”, que tb é mais bonito) de consumidor, cada vez mais vulnerável.
É um conselho de amigo, somente.

4 comentários:

Pinho Cardão disse...

Caro Tavares Moreira:
Diria mais: um sábio conselho de amigo!...
Aliás, com a pressão de compra que assim haveria, as cotações só tenderão a subir, o que maximizará os lucros.
Investir, pois!...
Já...enquanto há acções!...

Tonibler disse...

ehehe, muito bom("very nice").

Massano Cardoso disse...

Obrigado pelo conselho! Vou ver se compro meia dúzia! Sempre compensa uma lâmpada...

SC disse...

Prof. Tavares Moreira

É bom o seu avisado conselho. Porém, porém,…há o problema do caroço!

Quanto a não haver referências ao consumidores, agora é que eu percebo porque é que na energia se diz mercado aberto. Aberto (todo) à EDP!...
Como é possível, num plano estratégico de uma organização não se falar dos clientes?
Pudera, isso não é incógnita nenhuma, já estão todos contados!...