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terça-feira, 24 de abril de 2007

Os Homens e o "Triunfo dos Porcos"...

"O Triunfo dos Porcos" é o título de um livro que comprei já lá vão muitos anos, mas que ainda hoje releio. George Orwell escreve neste livro uma fábula, verdadeiramente genial, a meu ver intemporal e universal.
A fábula conta a história de uma revolução. Os animais de uma quinta levam uma vida difícil, trabalham arduamente, em troca de escassas quantidades de ração. A ameaça de morte está sempre presente, seja por velhice, por esgotamento ou pelo lucro do proprietário da quinta. Um belo dia revoltam-se e expulsam o homem da quinta, movidos pelos valores da liberdade, da igualdade e da justiça. No início era tudo uma democracia e havia até um cartaz afixado numa parede que dizia: "Todos os animais são iguais". Mas rapidamente, os porcos tomam conta da quinta, menosprezando e explorando os outros animais, esquecendo completamente os ideais iniciais da revolta. Os outros animais, menos inteligentes e de menores recursos, acabam por aceitar o novo poder, confiantes na mudança. Em pouco tempo o cartaz foi alterado. Passou a ter escrito: "Todos os animais são iguais. Mas uns são mais iguais do que outros".
Uma das mensagens fortes deste livro, é que todos os objectivos se corrompem com o poder e com a mentira e que muitas vezes quem era parte de uma solução passa a ser parte dum problema.
A fábula tem inúmeras aplicações – com as necessárias adaptações e ajustamentos – relativamente ao nosso quotidiano político e social. Nesta perspectiva, cada um fará as analogias que entender, em função da sua sensibilidade e sentido de observação!

8 comentários:

Virus disse...

Ora aqui vai uma:

Os políticos são uns porcos!

Ricardo disse...

Margarida,

O livro é mesmo genial. Há uma frase que nunca me esqueço e que serve quase de moral da história: “Os animais que estavam lá fora olhavam dos porcos para os homens, dos homens para os porcos e novamente dos porcos para os homens; mas já não era possível dizer quem era quem.”

Bom feriado,

antoniodasiscas disse...

Este livro é uma verdadeira base de dados no domínio das ciências sociais, pelo que proporciona à imaginação e aosentido crítico de cada um. Hoje, que faz anos uma revolução extremamente polémica, se dissecarmos os prós e os contra das consequências que dela decorreram, parece-me ser uma boa altura e até divertida,se não se tratasse de assuntos muito sérios, para com toda a verdade, à luz do que se aprende da leitura atenta do livro em questão, analisarmos o estado a que este país chegou e sobretudo descobrir quem foram os porcos, os homens e os outros.Com tanta frustação havida,lembro-me à laia do que se faz usualmente num quadro de gestão, que seria interessante valorizar os débitos e os créditos suscitados e depois decidir, não se os porcos ganharam, mas se ainda existem porcos!

Suzana Toscano disse...

Margarida, que bem lembrado esse livro no feriado de hoje!Apesar de já o ter lido há muitos anos, é tão impressivo e actual que nos lembramos muitas vezes dele. No entanto, não concordo que dele se conclua que "todos os objectivos se corrompem com o poder e com a mentira",é o exercício tirano do poder, através da força e da mentira, que corrompe os ideais.Esse livro é uma obra genial de crítica aos poderes totalitários,falsamente democráticos, que usam a miséria e a ignorância para chegar ao poder para dele se apoderarem e poderem então fazer exactamente o mesmo que repudiaram enganosamente. Um poder democrático, vigiado e avaliado pelos plebiscitos livremente exercidos, não terá tantas possibildades de se corromper, embora possa ficar aquém dos ideais que se propunha.
Outra coisa muito interessante que esse livro mostra é a insidiosa "evolução" da linguagem, a primeira arma da mentira, o modo como as palavras vão escorregando no seu sentido original, adaptando-se às circunstância, levando à mentalização sucessiva, até se justificar o que é injustificável. Quando se acrescenta, formalmente "mas uns são mais iguais que os outros" já caíu a máscara, já se tem a certeza do controle do poder, e os animais tiveram a certeza que tinham sido vencidos e enganados.

Unknown disse...

Cara Margarida,

Comecei este dia bem disposto, mas temo que o final vá ser azedo..., e a culpa é sua. Que ideia essa de recordar agora esta fábula?!

Não é que, a minha cara Senhora tenha alguma coisa a ver com a minha pocilga, onde ganho o pão nosso de cada dia; todos nós conhecemos muitas pocilgas e, julgámos sempre que a nossa é maior que a do vizinho, eu explico:

A minha pocilga tem forma piramidal: no vértice está um porquito (ainda não deu bem para ver se é porco), alheio de tudo, porque como porquito que é, anseia chegar a porco e, por isso, perde todo o seu tempo a olhar para cima. Este porquito é seguido de uma porca (esta já estabilizada na pirâmide), que apercebendo-se da fragilidade e da vontade do porquito de chegar a porco, tudo faz para lhe agradar.
Até aqui nada demais..., a porca só tem mais é de agradar ao porquito.

O problema é que a porca, por má formação, tem umas porquitas com quem distribui os rendimentos da quinta e, ainda por cima, fazem a vida negra aos leitões!!!

Aqui é que os leitões torcem os rabos!...

Mas logo hoje que comecei o dia a recordar o belo discurso do PSD e a pesquisa na net dum solário para camuflar as marcas da minha meia idade...a Margarida veio-me lembrar a minha condição de leitão?

Como diria o outro, não havia nexixidade! :)

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Virus
Mas que aplicação tão drástica! No meio dos porcos não haverá leitões e "leitõezinhos"?

Caro antoniodasiscas
Compreendo a sua "frustração". Na verdade a liberdade de 33 anos deixou por resolver muitas coisas. Há muitas pessoas que vivendo em liberdade, não vivem verdadeiramente a liberdade, pelo simples mas brutal facto de que não podem fazer escolhas. A nossa democracia ainda não chegou a essas pessoas.
Já é possível fazer uma conta corrente, com os débitos de um lado e os créditos do outro, e apurar o saldo. O saldo tem uma parte boa, mas tem como há pouco dizia uma parte má, que temos a obrigação de resolver.

Suzana
Quantas situações se nos apresentam pela frente em que constatamos que "uns são mais iguais do que outros". Não é necessário pensar muito...
Este indesejável "Triunfo dos Porcos" mostra – embora a Suzana não concorde – que todos objectivos se corrompem (no sentido de que são susceptíveis de...) com poder (que a Suzana apelida do "exercício do poder tirano") e mentira. Claro que muitos outros objectivos há que se mantêm a salvo dessa corrupção.

Caro invisivel
A vida não é um mar de cravos. Lamento imenso alguma turbulência que uma tal recordação tenha causado na sua pocilga!
Mas este "Triunfo dos Porcos" foi feito para incomodar, para abanar as pocilgas que proliferam por esse mundo fora, em particular os leitões!
Por isso, aproveite bem a sua condição de leitão, não se deixe abater e não facilite a vida a essa maldita porca...
E para a sua condição de leitão, é ainda muito jovem para precisar de um solário!? A porca deve ser, então, muito velha, não?

Unknown disse...

Cara Margarida,
Este seu leitão ficou sem palavras e só me resta dar umas grandes gargalhadas!
Muito obrigado pelo seu comentário/resposta.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Ricardo
Sim, no final, como em muitos outros finais, o que inicialmente parecia diferente afinal era igual. Afinal, no início o que havia era uma aparente diferença.
É fácil acreditar em promessas e ganhar esperança, quando há uma vontade de mudar, mas é também muito frequente que no final o que parecia diferente afinal seja mais do mesmo... Nesta fábula, também os animais da quinta foram enganados...