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sábado, 2 de junho de 2007

Espanha e Cuba: diplomacia da amizade que sentido faz?

Um dos mais visíveis pontos de divergência entre o MNE espanhol Moratinos e a Secretária de Estado americana Condoleeza Rice, no encontro que ontem mantiveram em Madrid, foi a questão de Cuba.
Enquanto que os espanhóis entendem que a diplomacia da amizade é a que melhor servirá uma futura transição de Cuba para um regime democrático, a Secretária de Estado exprimiu, de forma aberta, as suas dúvidas em relação a essa estratégia, dizendo “ Tenho muitas dúvidas acerca do valor em manter uma relação de amizade com um regime que é anti-democrático e que tenta a transição para uma nova fase igualmente anti-democrática”.
É conveniente recordar que esta diplomacia da amizade/ interesses da Espanha em relação a Cuba, vem já do tempo do Generalíssimo Franco, tem mais de 30 anos.
Pode dizer-se que nessa altura as boas relações até tinham alguma justificação (para além dos interesses): estava-se em presença de duas ditaduras, de sinal contrário é certo, para as quais os direitos humanos ou rigorosamente nada contavam (Cuba) ou tinham pouca importância (Espanha).
Agora já não é assim, a Espanha tem um regime democrático consolidado, enquanto que Cuba continua fiel ao seu passado de ditadura/tirania, infelizmente consolidada também (como é de esquerda é mais durável).
A Espanha deveria prestar agora mais atenção à questão da permanente e grosseira violação dos direitos humanos em Cuba - não será assim?
Não parece bem que o Governo de Espanha se preocupe tanto com os interesses espanhóis no turismo e na indústria do tabaco e dê tão pouca importância à violação dos direitos humanos em Cuba.
E também já passou tempo demais para se perceber que a diplomacia da amizade que a Espanha segue há tantos anos – e pretende continuar a seguir – não foi nem será capaz de fazer com que o regime cubano mude de política em relação aos direitos humanos.
O regime cubano sente-se confortado por estas amizades e não deixará de as aproveitar para assegurar uma transição pacífica – e ditatorial - de Fidel para seu mano jovem Raul (tem apenas 75 anos)na chefia da ditadura.
Seria exactamente agora que uma atitude mais exigente da Espanha em relação à questão dos direitos humanos em Cuba faria todo o sentido, parece.
Julgo, pois, que neste capítulo a Secretária de Estado C. Rice tem razão.
Todavia, quando nos lembramos do apoio tecnológico que algumas grandes empresas americanas têm vindo a prestar ao regime chinês para fiscalizar as comunicações via Internet para fins de censura política, percebemos que nesta questão dos direitos humanos há muita gente em falta, não é apenas a Espanha no caso de Cuba…

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