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terça-feira, 26 de junho de 2007

“Narizes”

Todos sabemos qual a importância do nariz. Apesar dos diferentes tamanhos e formas, que vão desde o nariz de papagaio, às ventas achatadas, passando pelo empinado, fino, grosso, torto, ultra longo, bilobado, entre muitos outros, constituindo motivos até para classificações discriminatórias raciais ou caracterização da personalidade, têm como denominador comum importantes capacidades biossensoriais capazes de detectar os mais diversos aromas dos quais depende o nosso bem estar e saúde.
Afugenta-nos de perigos, faz-nos recordar o passado, contribui para a sedução sexual, leva-nos a comprar o que não queremos, serve para saudar, adornar, drogar e até como pára-choques em muitas portas. Muitos têm o hábito de metê-lo onde não devem, enquanto outros gostam de o utilizar para “cheirar o traseiro” de alguns. Enfim um órgão polifacetado na forma e nas funções.
Um bom nariz, dotado de elevadas capacidades olfactivas pode ser tão precioso como a voz de um cantor. Muitos vivem, e bem, à sua custa, analisando e seleccionando as mais diversas fragrâncias, ou apreciando as qualidades de vinhos, por exemplo.
O que eu não sabia é que seria possível contratar “farejadores humanos” para detectar poluição. Bom, qualquer um, minimamente dotado de capacidades olfactivas, é capaz de detectar maus cheiros. De facto, um nariz “normal” detecta qualquer coisa como quatro mil aromas e um superdotado pode ir até aos dez mil, muito aquém, felizmente, da personagem criada por Patrick Suskind.
No caso em apreço, os chineses estão a ser treinados para detectar gases poluentes, tentando desta forma combater as emissões das fábricas que estejam a laborar ilegalmente. O número de empresas poluidoras, a par de muitas outras situações, é inquantificável e muito preocupante, naquele país, provocando graves problemas de saúde.
De acordo com a informação, o trabalho de treino é muito desagradável. Acredito!
Os peritos que passarem nos testes receberão um certificado com validade para três anos, porque o sentido do olfacto diminui com a idade. E ainda dizem que os chineses não se preocupam com o controlo de qualidade!
Ora aqui está uma solução óptima capaz de monitorizar a poluição do território nacional, com resultados on-line de tudo quanto é sítio. Bastaria para o efeito contratar os tais chineses, ou converter os milhares que já estão entre nós para esse efeito, partindo do princípio que tenham capacidades especiais para o efeito.
Assim, por exemplo, antes de serem feitas as descargas ilegais na ribeira dos Milagres, o chinesito avisaria as autoridades de que o seu nariz detectou anormalidades na zona, impedindo as mesmas.
Bastaria usar o telemóvel para as autoridades e dizer: - Tá lá? É pala avisal que vai havel descalgas na Ribeila! Às vezes também se devem enganar. Mas se assim for corrige a informação anterior: - Tá lá? É pala avisal que houve um engano. Afinal foi o meu vizinho... Desculpe, xim?
Mas pensando melhor, talvez possamos utilizar os nacionais. O que não falta são pessoas a “farejar a torto e a direito” por tudo quanto é sítio, e, alguns, até têm um sentido de olfacto verdadeiramente invejável...

6 comentários:

Unknown disse...

AHAHAH!
Nada melhor para começar o dia do que a leitura deste excelente e bem homorado texto.
Muito obrigado.

Unknown disse...

Correcção:
Quero dizer "humorado", é evidente.

Anónimo disse...

CHEIRA-ME que o meu Amigo se diverte tanto a escrever estas divertidissimas notas, como nós a lê-las.

Bartolomeu disse...

Excelente Senhor Professor!!!
É uma afirmação redundante , mas incontornável.
Permita-me fazer um pequenino reparo, o chenêz, ao telefonar diria certamente Libeila, suponho.
:))
Alguem que eu conheci, passeava frequentemente uma senhora no seu carro. Porque a senhora era de uma classe social superior à sua, por cavalheirismo, ou por uma outra qualquer razão que até talvez a própria razão desconheça, aquele alguem, manteve em todos os passeios, uma relação de extrema cordialidade e educação para com a senhora. Apesar de algumas pequenas liberdades que a senhora foi demonstrando com o decorrer do conhecimento. Um dia, passeavam creio que a caminho de Sintra, ou no regresso de lá, e ao passarem num local onde se avistavam cavalos no pasto, a senhora perguntou ao cordial motorista se sabia de que forma os cavalos conheciam quando a égua se encontrava no cio. Ao que ele prontamente respondeu, que era através do cheiro. Após uma pequena pausa, a senora volveu-lhe, quando chegarmos ao destino, é bom que consulte um médico, pois deve andar com uma tremenda constipação.
Moral da história, se é que desta historia se poderá retirar algum sentido moral... Por vezes o bom olfato não é suficiente, é importante também, haver o sentido apurado da oportunidade. Como dizem os ingleses... timming.
:))

Massano Cardoso disse...

Já estou a ver que os meus amigos têm um olfacto impecável... Mantenham-no assim!
Não vou alterar Ribeila por Libeila. Se o fizesse o comentário do Bartolomeu perdia sentido Sou mesmo fraco em "chinês"!

Suzana Toscano disse...

Notável, isso é que é faro para dar graça a um assunto que parecia não ter gosto nem cheiro!