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quarta-feira, 19 de setembro de 2007

O ser e o parecer: uma história!...

Aqui há uns vinte e tal anos, ao fim da tarde, e quando podia, ia buscar os meus filhos ao colégio. O carro da empresa a que tinha direito, como administrador, era muito grande e muito velho, que a empresa estava mal, os tempos tinham que ser de austeridade e havia que dar o exemplo. Carros novos só foram comprados no segundo ano de resultados positivos.
Lá meti os dois miúdos no carro e rumámos a casa. Esgotado o relato das aventuras do dia, a conversa deve ter naturalmente esmorecido, até chegarmos à garagem. Arrumado o carro, a ordem normal: vá, meninos, vamos lá sair!... Em vez da algazarra da saída, só ouvi silêncio, estranhei e olhei para trás. Não estavam lá!...
Nervoso, chamei por eles, saí do carro, abri a porta traseira e comecei a ver se não estariam deitados no chão. Nada!...Até com a mão procurei debaixo dos bancos!... Sem pinga de sangue, pensava como podia ter perdido os miúdos no percurso. Continuei a procurar em vão. As mochilas estavam lá, mas como poderiam eles ter saído do carro? Em grande tensão, olhava à volta, a ver se não estariam já na garagem. Pareceu-me, então, ter ouvido um riso abafado.De dentro do carro, não podia ser. Então, de onde? Mas seguiu-se o silêncio mais absoluto.
Chamei novamente por eles, esperançado em vê-los na garagem. Lembrei-me que, na entrada, tinha parado um momento, enquanto outro carro fazia uma manobra. Podiam aí ter saído, sem eu dar conta... E quando, em grande nervosismo e até desespero, e sem saber o que fazer, ia fechar o carro, pois aí já nada mais havia a verificar, nem a vasculhar, ouvi umas risadas nítidas. Eram eles!... Debrucei-me novamente sobre os bancos. Mas onde estavam, que não os via?
De repente, vejo uma cabeça a espreitar ao nível do banco traseiro, vinda de trás, em grande risota e dizendo olá pai, em ar de enorme divertimento!...
Tendo descoberto um buraco no tecido do encosto do banco traseiro, normalmente tapado pelo descanso do braço, infiltraram-se por ele até ao porta-bagagens, com o efeito já relatado.
Um deles até se feriu na manobra e deixou um pouco de sangue no porta-bagagens e porventura no carro. E cabelos, deveria ser um manancial!...
O que, agora, seria um festival para cães pisteiros e farejadores de ADN. Eu seria certamente arguído, com provas abundantes e evidentes, de maltratar os filhos, transportando-os, como mercadoria, no porta-bagagens!...As provas eram explícitas e a conclusão imediata e fácil!...

4 comentários:

Bartolomeu disse...

ahahahah
Muito bom caro Dr. Pinho Cardão, muito bom.
Mas olhe, não sei se pode cantar vitória com tanta ligeireza, não vão eles (os seus filhos) pregar-lhe uma partida, só para acabar a brincadeira em grande estilo.
Se fosse o meu amigo, andava sempre prevenido com um osso no bolso do casaco, para no caso de chegar ao carro e ter por lá um rafeiro a farejar, poder assim despista-lo.
Hoje em dia nunca se sabe, ha que andar prevenido.
Mas retiram-se duas optimas conclusões da sua história, a primeira é que os rapazes não se haviam perdido, a segunda é que a empresa começou a recuperar económicamente, sem dúvida graças à boa gestão do meu amigo.

Virus disse...

Deus queira que nunca dê com os agentes da PJ de Portimão...senão vai dentro sem apelo nem agravo.

Tonibler disse...

Se conseguisse meter nessa história que o comendador Berardo ia para a assembleia geral do BCP quando levou uma lamparina do Scolari, tínhamos caso.

Agora, sangue, crianças, cães, ínfaticídios? Está um bocado visto, não?...

Pedro disse...

Boa!!! Grande Visão ... pelos visto temos o caso resolvido !!!

É só os Mccan, mostrarem que no diaro da Kate, na pagina 25, linha 3, ela diz que :

"Hoje deixei cair a aliança de casamento, que vejam lá, estava no porta bagagens, visto que caiu por um buraco que o carro tinha nos estofos."

e pronto, com esta evidencia estão explicados os vestigios de DNA.



Só falta um promenor de somenos:

-Como é que o raio da menina sabia qual era o carro, que os pais iriam alugar passados 25 dias, para se esconder lá dentro ???

Realmente as crianças são incriveis...