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quinta-feira, 25 de outubro de 2007

A educação da balda!...

Já se sabia que o Ministério da Educação sempre se esmerou ao máximo para promover o pior ensino possível. Falo do Ministério e não de alguns Ministros, pessoas de grande mérito e dos quais muito se esperaria, mas que soçobraram, enredados na teia de uma estrutura que não souberam liquidar. Mas o pior é que o Ministério tem agora um aliado na asneira, a própria Assembleia da República, através do partido maioritário, o Partido Socialista.
Uma cultura de responsabilidade e exigência levaria a que um aluno que excedesse injustificadamente determinado número de faltas reprovasse, como, e bem, era dantes, já lá vai muito tempo.
Encurtando razões, e numa nova forma de proteccionismo a quem não quer, nem merece, o Governo propôs agora à Assembleia que os alunos que excedessem o limite de faltas teriam que se sujeitar a um exame, só passando de ano os que tivessem aproveitamento.
Pois o Partido Socialista, na Comissão Parlamentar da Educação, aprovou tal medida, mas com alterações, de forma que, segundo li no DN, “o aluno transitará de ano, quer tenha aproveitamento, quer não”!...
De uma cajadada, equiparam-se faltas justificadas a injustificadas e decreta-se que umas e outras não têm qualquer validade, já que o aluno passa sempre!...
Claro que o aluno vai habituar-se. E cria-se uma clientela permanente para sucessivos programas de novas oportunidades, agora específicos e especialmente desenhados para baldistas e preguiçosos.

8 comentários:

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Dr. Pinho Cardão
É mais um atentado para reforçar a mediocridade do sistema. Só um trauma ideológico explica que se insista no nivelamento por baixo. Não vislumbro na medida qualquer incentivo para conduzir o aluno a estudar e a cumprir, muito antes pelo contrário está-se a dar um sinal que trabalhar ou não trabalhar faz pouca diferença. Para além do impacto negativo na qualidade do ensino, está-se a incutir nos jovens uma cultura de facilitismo, que terá consequências negativas pela vida fora...
Esta medida está em linha com a política da "máquina calculadora"!

invisivel disse...

Muito oportuno e pertinente este seu post, caro Drº Pinho Cardão, numa altura em que me parece ser obrigação moral dos cidadãos “mais atentos” denunciar o que, como bem disse no seu penúltimo post, se passa - «No reino do faz de conta».

Na verdade, o governo deste país, no caso vertente por virtude das políticas de educação, está a contribuir de forma deliberada para a desmotivação dos jovens, ao considerar que os deveres de assiduidade e cumprimento de regras na escola, não são relevantes para a sua formação.

Tal procedimento leva a maioria dos jovens, precisamente aqueles que fazem o número das estatísticas indesejáveis, a autojustificarem a sua “marginalidade” ao sistema, não atribuindo relevância, nem ao conhecimento, nem ao saber, nem às regras, nem aos comportamentos que, no futuro, lhes vão ser exigidas.

Dizem alguns, pseudo brilhantes e intelectuais, muitos saídos das últimas fornadas, e outros, que embora tenham saído doutras fornadas venderam a alma ao diabo, que assim é que deve ser!

Pois eu digo: a um ensino que está a transformar um número elevado de jovens (precisamente aqueles que já referi como fazendo parte das indesejáveis estatísticas), em futuros indigentes, quiçá até marginais, por falta de preparação e de conhecimento para enfrentarem o mercado de trabalho eu, e -aqueles jovens que fazem parte dos números das Estatísticas Agradáveis -, prefiro um ensino de rigor e de responsabilidade.

Não basta aos jovens saberem operar com as novas tecnologias; é preciso que saibam, também, que aquelas tecnologias são o produto do saber, e de gente que se esforçou em aprender com regras e sacrifícios.
Sem regras, duvido que se chegue a algum lado!.

Pinho Cardão disse...

Concordo consigo, Caro Invis�vel, e tanto mais s�o de apreciar as suas palavras quanto � um jovem que as diz!...

invisivel disse...

Jovem de espírito, aberto às coisas modernas, sem preconceitos, divertido na forma de encarar a vida, lá isso sou...Agora quanto à outra juventude, meu caro Drº Pinho Cardão, quem dera! Saiba que cada perninha já suporta o peso duma boa vintena de anitos.
Eu sei que numa passagem do meu texto, o induzi em erro. O pensamento subjacente era e é: se há uma percentagem elevada de alunos, talvez a maioria, os tais das "estatísticas agradáveis” que, pelo seu comportamento está implícito, que entendem a escola como um meio natural e indispensável para obterem conhecimentos, tal como eu (nós), porque carga de água se hão-de implementar medidas, à "medida" dos baldas?

Pinho Cardão disse...

Caro Invisível:
A juventude de espírito faz também a idade invisível!...

Carlos Sério disse...

Como se torna evidente, caro Pinho Cardão, os autores desta proposta ou são idiotas ou desonestos.
Idiotas - se pensam que os alunos que faltam injustificadamente por longos períodos, terão tempo e sobretudo vontade para mais tarde recuperar todos os ensinamentos anteriormente leccionados. Alunos que não faltam por acaso, mas por razões muito específicas, alunos oriundos em sua maioria de pais com problemas de droga, de álcool, prostituição ou mesmo de desemprego. Abandonados pelos pais e ou obrigados a trabalhar para sustento da casa.

Desonestos - se a nova medida (conhecedores da sua ineficácia pratica), tem como primeiro e único objectivo adoçar as estatísticas do abandono escolar.

Suzana Toscano disse...

N�o conhe�o o texto final do diploma, creio que ainda n�o foi aprovado na especialidade. Mas uma coisa posso garantir, e essa � que a OCDE aponta Portugal como um dos pa�ses que continua a recorrrer excessivamente � reten�o (vulgo, chumbo) para penalizar a falta de aproveitamento e aconselha a insistir nas medidas inclusivas. Temos aqui a quadratura do c�rculo...

Sérgio O. Marques disse...

Isto faz-me lembrar um artigo que li sobre "Estratégias de Manipulação". Nesse artigo são apresentados dez preceitos direccionados para esse propósito. No entanto apresento aqui dois que se coadunam com o tema supracitado:

-Manter o público na ignorância e na mediocridade onde a qualidade da educação dada às baixas classes (não burguesas) deve ser a mais pobre e medíocre possível.

-Promover no público a complacência pela mediocridade, isto é, estimular o público a assoberbar-se com ela.
Neste ponto, os utentes da educação devem achar porreiro o facto de serem incultos, vulgares e estúpidos.

Deixo isto a título de curiosidade, uma vez que o problema da educação não me interessa para nada.