Número total de visualizações de páginas

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Não à pena de morte



Não é a primeira vez que neste espaço se condena à morte a pena de morte.

No dia em que a Europa assume o papel liderante de combater a barbarie que constitui a legalização do acto mais hediondo - que é um acto de vingança, nunca é um acto de justiça - que é o de tirar a vida alguém (mesmo que esse alguém manifeste total desprezo pela vida), aqui fica de novo a adesão à maior das causas civilizacionais.

7 comentários:

Tonibler disse...

Subscrevo.

Carlos Monteiro disse...

Tu subscreves, eu também, mas a Polónia não...

Bartolomeu disse...

Eu não subscrevo!
Esta não é uma afirmação leviana, tão pouco generalizada. É fundamentada em sentimentos.
O Caro JM Ferreira de almeida, relaciona a aplicação da pena de morte, com a vingança. Pelo meu ponto de vista, repetindo, sem generalizar, qualquer pena imposta a um reu, representa o pagamento à sociedade pelo crime cometido. Eu não dissocio, nos casos de crime, pagamento, de vingança. Punhamos um exemplo concreto: Se um pedófilo abusa sexualmente de uma criança e no fim a assassina, esse alguem paga à sociedade (já para não falar aos pais)com o cumprimento de uma pena de 25 anos de cadeia? Outro exemplo: Se o mesmo pedófilo, após cumprimento de pena reduzida por bom comportamento, ao sair em liberdade voltar a cometer o mesmo crime, volta a ser merecedor de nova aplicação de pena, mesmo que essa não seja cumprida, antes de expirado o seu tempo de vida?

Anónimo disse...

Meu caro Bartolomeu, compreendo o que resulta dos seus sentimentos. Mas se apelar à razão vai ver que não será difícil contrariá-los. Quero meu Amigo ter a bondade de consultar este documento? : http://web.amnesty.org/library/index/engact510022007

invisivel disse...

Subscrevo inteiramente.

Há dias atrás, numa retrospectiva histórica da vida de Saddam elaborada pelo canal Odisseia, assisti, mais uma vez, à sua execução.

O realizador do filme mostra, antes do enforcamento, imagens dos crimes praticados. São imagens atrozes, de um terror inimaginável: pessoas espancadas e torturadas até à morte; crianças gaseadas de olhos abertos; valas comuns com milhares de cadáveres etc. Enfim, imagens que despertam -o desejo de se fazer pagar na mesma moeda.

A seguir, mostra as imagens do “acto” de enforcamento.

Perante este “acto”, confesso que, por momentos, “senti” dúvidas sobre quais dos crimes praticados era o mais horrível: se o crime decidido e escrito, friamente, num dossier de um qualquer juiz (apesar da lei do país o contemplar), se os crimes praticados por este louco!

Bartolomeu disse...

Caro JMFerreira de Almeida, os actos arbitrários de condenação à morte, ou de fusilamento, mandados executar, por ditadores, visando pobres, minorias raciais ou étnicas, são de todo condenáveis. Acerca disso, não tenho a menor dúvida. Aliás, tive o cuidado de referir no meu comentário anterior que a opinião expressa, não generalizava.
O site que me vonvidou a ler e ao qual prestei toda a atenção, assenta num princípio consignado dos direitos internacionais, mas, que foge completamente ao control das políticas mundiais, na medida em que são praticados na generalidade por chefes de governos ditatoriais que não se sujeitam à observação de qualquer direito expresso em qualquer constituição. Quando referi que não subscrevia, pensei exclusivamente na abulição da pena de morte em países que se sujeitam a observar essas reis constitucionais, tal como América e uma parte do Canadá. Obviamente que os países da América do Sul, Àfrica central e Meridional, assim como a Ásia, não podem ser incluídos nesse lote.
Referencio ainda o 3º parágrafo do texto que tão gentilmente me convidou a consultar, onde está referido que, em lado algum foi demonstrado que a pena de morte tenha algum poder especial de redução do crime ou violência política. Este conceito parece-me dúbio, na medida em que poderá ser lido de diferentes formas, com as consequentes interpretações.
Em conclusão e fazendo ainda referência ao exemplo apontado pelo caro invisível. A mim não me chocou mais a morte de Sadam, do que a execução de um tirano que ultrapassou e permitui que um vasto universo de familiares e colaboradores transgredissem o limite da bestialidade humana. Outro destino que fosse dado áquele tirano, ultrajaria a memória daqueles que martirizou, assim como da humanidade em geral.

Suzana Toscano disse...

Compreendo bem os argumentos do caro bartolomeu e, de certo modo, acho que tem razão. Ou seja, há pessoas que, pelo que fizeram, pelo que evidenciam que serão capazes de continuar a fazer se as deixarem, merecem a morte. Não tive pena nenhuma de Saddam embora tenha achado uma brutalidade as imegens que foram divulgadas. Mas uma coisa é acharmos, no nosso juízo pessoal, que alguém merece a morte, outra é uma sociedade admitir que é possível alguém ser condenado à morte, que isso é legítimo e aceite como prática tolerável em países já muito evoluidos em termos de respeito pelos direitos humanos.É uma questão civilizacional, não é uma questão de juízo de valor ou de perdão. É a admissão de que a punição ditada pelos homens e pela lei tem um limite, e esse limite é o direito à vida. Por muito que nos custe, em caso caso concreto, e Bartolomeu apontou alguns que ilustram bem quão exigente é o respeito pelos direitos fundamentais. Mas terá que ser assim, não pode haver meio termo,a pena de morte deve ser abolida, mesmo que assim nem sempre se faça a justiça toda...