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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

“A partir dos cinquenta anos o doente mais barato é um doente morto”

A economia da saúde é uma área muito importante ao contribuir para melhorar a racionalização dos gastos tentando, simultaneamente, optimizar os benefícios. As peripécias verificadas ultimamente no nosso país teriam ou têm, em grande parte, a ver com esta disciplina, se bem que hajam muitas dúvidas quanto aos reais benefícios.
As medidas de prevenção têm como alvo conseguir que as pessoas vivam mais e com mais saúde. Até aqui tudo bem, mas quem vive mais não está livre de em determinado momento adoecer e necessitar de cuidados de saúde permanentes aliados a cuidados sociais, além de já ter sido “premiado”, através da segurança social, de anos e anos de reforma.
Estudos recentes apontam que as “pessoas saudáveis custam mais do que as obesas aos respectivos serviços de saúde”. Porquê? Porque os obesos morrem mais cedo! É evidente que se realizarem mais estudos focando as doenças crónicas – não esquecer que estão num crescendo preocupante - se obtenham conclusões semelhantes.
A leitura deste estudo fez-me recordar uma frase do saudoso epidemiologista britânico, Geoffrey Rose, que, há muitos anos, já afirmava: “A partir dos cinquenta anos o doente mais barato é um doente morto”. Os argumentos até são fáceis de compreender. Naquelas idades, o retorno do investimento feito no individuo já é positivo. Se entretanto morrer deixa de consumir e de provocar “prejuízo” à sociedade!
Espero que não tomem à letra aquela frase...

5 comentários:

Tonibler disse...

Pois, há um certo excesso na utilização da expressão "economia da saúde" para significar finanças da saúde. Economicamente a pessoa que é mais saudável, produz mais e, no fim, contribui muito mais. Aquilo a que se refere é às finanças da saúde, muito em voga nos últimos tempos, e que consiste em reduzir o dinheiro gasto na saúde quando, no fim-do-dia, dinheiro é o factor menos valioso em jogo. Economia da saúde consiste em ajustar o valor do dinheiro gasto ao diferencial de riqueza produzida pela existência desse sistema de saúde, coisa muito mais sofisticada que aquilo a que vimos assitindo.

Suzana Toscano disse...

Pode custar caro mas é muito valioso...

Anónimo disse...

Ia deixar um comentário, mas o vosso blog não me deixa comentar como blogger do sapo.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Professor Massano Cardoso
Prometo que não tomo "à letra aquela frase..."
Todos queremos viver mais e com melhor qualidade de vida. É um desejo a que a ciência tem procurado dar resposta e é também um desejo que as políticas de saúde não podem ignorar. Viver mais e com mais qualidade de vida, não apenas na saúde, é um ganho da humanidade que deve ser acarinhado. A economia da saúde neste contexto é cada vez mais necessária e importante mas não pode ser olhada apenas na vertente da eficiência. A vertente da equidade é fundamental para que todos possam beneficiar.

Tavares Moreira disse...

Caro Professor Massano,

Meu Amigo poderá estar a contribuir para a introdução de um novo conceito económico/sanitário de grande alcance e que o nosso estimado Correia de Campos, se nos ler, ficará certamente triste de dele não se ter lembrado - ou sido informado - a tempo de praticar mais umas quantas diabruras.
Esse conceito é, nem mais, o de cidadão AMORTIZADO, isto é, tomando as suas palavras, aquele que já produziu o suficiente para compensar/pagar o investimento que nele foi feito + juros desse investimento.
Para efeitos do SNS à C. Campos, o cidadão AMORTIZADO poderia ser abatido ao activo do SNS, ficando excluído de todos os benefícios. Se perecesse, por via dessa exclusão assistencial, a sociedade nada teria a perder, em termos económicos. Seria substituído por outro, ainda não AMORTIZADO.
Espero que o Professor,com a sua avançada e reconhecida capacidade analítica, possa ainda aprofundar este conceito, construindo sobre ele uma sábia tese...