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quarta-feira, 26 de março de 2008

A insustentável leveza da mentira descarada

Claro que me sinto satisfeito com a descida do IVA anunciada pelo 1º Ministro. Desde há muito que afirmo que tudo o que seja descida de impostos é bom para o país.
Mas também me sinto indignado, chocado, ludibriado, aldrabado, mal tratado e enganado pelo 1º Ministro. O mesmo que sempre negou tal possibilidade no curto prazo e até disse, há cerca de dez dias, em Bruxelas, que "era leviano e irresponsável" falar em baixar impostos, face ao estado das finanças públicas!....

17 comentários:

João Melo disse...

tem razão dr Pc . o nosso engenheiro que detrás daquela pose de estado ,antes clamava responsabilidade , vem agora fazer uma clara jogada eleitoralista.o q o bacharel pela universidade de coimbra anda a fazer nesta legislatura é uma chantagem fiscal com os portugueses.

o mais espantoso é apenas baixar um ponto percentual.já se está a ver o que vai acontecer :em 2009, toca de soltar mais um bombom (leia-se descer o iva de 20 para 19% ..)para adoçar a boca de uns eleitores e assegurar a maioria absoluta..

João Melo ,ex Menino Mau

Anónimo disse...

Ahhh, não fui só eu quem ouviu isso ainda há poucos dias. É que agora, durante a tarde, ao ler num jornal online que a taxa normal do IVA ia baixar para 20%, a minha memória andou para trás até um passado recentissimo no qual pareceu-me ter ouvido tudo o que o Pinho Cardão diz e muito mais sobre a ideia de descer impostos, da irresponsabilidade de falar em tal coisa, de ainda não ser altura, etc, etc.

Por momentos questionei a minha sanidade mental mas como afinal mais gente ouviu o que foi dito no passado recentissimo e ouviu o que foi dito hoje já fico mais descansado. Afinal continuo de boa sanidade mental.

Um grande bem-haja caro Pinho Cardão por tirar-me deste dilema.

esse.antonio disse...

O que vale é que, apesar das constantes e compulsivas mentiras, o nariz de s. excelência, não crescerá mais...
Com este anúncio, continuou a campanha eleitoral.

Massano Cardoso disse...

Quando ouvi a notícia o meu estômago começou a dar sinais. Fiquei com uma maldita azia. Lá que tenho que enfiar umas cápsulas para o acalmar.
Ah! Um pequeno à parte - não é que seja muito relevante -, mas o homem não é bacharel pela Universidade de Coimbra! É não só para não sentir, ainda, mais azia...

Anónimo disse...

Pois eu, caro Pinho Cardão e meus caros comentadores, não me sinto enganado. O que o Primeiro-Ministro disse,salvo erro em meados deste mês em Bruxelas, reagindo a uma promessa do Presidente do PSD de baixa de impostos, foi que essa proposta era irresponsável porque não eram ainda conhecidas as contas do exercício financeiro de 2007 em termos de se saber se Bruxelas caucionava as que o governo apresentou (situando o deficite abaixo dos 3%). Pois bem, como Bruxelas as caucionou, a proposta deixou de ser irresponsável e o impossível tornou-se possível.
Meus caros, podem fazer todas as críticas ao homem, mas há que reconhecer que ele não dá ponto sem nó...
Isso é algo que me parece que a Oposição ainda não percebeu. E enquanto não perceber, dificilmente conseguirá antecipar uma medida que seja, ou neutralizar a demagogia e sentido eleitoralista de muitas que o governo toma a pensar já em 2009.

Tonibler disse...

Ah, mas agora tenho uma questão aos que mais pediram e ambicionaram uma descida dos impostos:

Sabendo nós das singularidades contabilísticas e dos efeitos das reformas estruturais( tão bem sintetizadas no post de Tavares Moreira aí em baixo ), o que vai mudar com este abaixamento dos impostos (tirando o saldo da dívida pública, claro)?

João Melo disse...

o que vai mudar toni ? vai mudar o humor de alguns milhares de eleitores que agora vão dizer " Arre porra!! então não é que o diacho do engenheiro até tem coração???!!! deixa-me dar aqui o meu votinho...

jotaC disse...

Bom, eu quando ouvi a notícia, fiquei assim a modos com aquela cara de parvo que um gajo faz quando alguém "ocupa" a nossa cadeira sem pedir licença, estão a ver... E disse para os meus botões: porra, troca tintas sou eu e não me chamam de pinóquio...
Não é por nada, mas há-de haver formas mais subtis, que não esta tão descarada, de me chamarem de parvo...

Tonibler disse...

Camarada Melo,

Mas isso dá razão a quem dizia (como eu) que a descida de impostos não iria servir de nada. Eu gostava de ver, da parte de gente séria que pedia a descida dos impostos, que perspectivas mudaram, agora que o governo fez o que pediam.

David R. Oliveira disse...

...Sócrates (Teixeira dos Santos foi mais comedido nas palavras) há quinze dias para responder ao repto da oposição passou um atestado de irresponsabilidade colectiva. Porque não conhecia os números finais!Hoje, diz que vai baixar... já conhece os números. Então Sócrates pensa que nós pensamos que "ele" (o governo) só conhece os números quando o INE os publica?!
Que vá fazer de parva a sua mãezinha!

João Melo disse...

camarada toni , serve para suster a debandada da parte esquerda do eleitorado do ps que ameaçava e ainda ameaça partir para outras paragens ( Be..e menos provável pc)

António de Almeida disse...

-E quem irá receber o Nobel, pela espantosa redução do défice em apenas 3 anos, sem reformar a administração? Está aqui qualquer coisa a não bater certo, talvez os 6,8%? E reduzir apenas 1% agora, para mais 1% no início do próximo ano, será politicamente sério, ou uma descarada campanha eleitoral?

Pinho Cardão disse...

Caro António Almeida:
O grande drama é que esses 6,8% estavam tão certos ou errados como agora os 2,2%, ou os 2,4%, ou os que Sócrates mostrar!...
Não tarda, até o Exército passa a empresa pública devidamente dotada de capitais estatutários para diminuir a despesa e o défice, mesmo que ela aumente!...

PintoRibeiro disse...

São as eleições, "estúpidos".

MC disse...

Esta pequena "sondagem" permite concluir que a taxa de IVA não deveria ser reduzida, porque os efeitos são nulos. (Então até poderia aumentar, que os efeitos não se sentiriam...).
Tem que haver sempre um "mas"...
Já agora: Os "numeros" que interessam não são os do INE. São os da UE.

Anónimo disse...

Caro PC,

Não me parece tão importante o que o PM disse de forma directa ou indirecta, com primeiras ou segundas intenções. Há sempre várias interpretações como confirma JM Ferreira de Almeida.

A descida é boa mas precisamos de mais. È tudo muito tímido. Dá-me ideia que muitos ainda não entenderam que o recurso mais escasso é o TEMPO.

Rui Fonseca disse...

SEQUELAS DA ANESTESIA
http://aliastu.blogspot.com/2008/03/sequelas-da-anestesia.html

Em países onde a consciência cívica está mais desperta, as obrigações fiscais são mais cumpridas mas as exigências de transparência das actividades do Estado também são mais evidentes no dia a dia dos cidadãos.
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Nesses países, as facturas dos restaurantes, como de quaisquer outras compras de bens ou serviços, são apresentadas sem que os compradores as solicitem. Por outro lado, as facturas explicitam sempre o imposto liquidado, acrescentando-o ao valor da compra. Nas cartas dos restaurantes os preços indicados são preços antes de impostos, em todas as lojas a prática é a mesma. Obrigatoriamente, a mesma. Quando há lugar à liquidação de mais que um imposto (casos de impostos federais e estaduais, ou estaduais e municipais) a cada um deles corresponde uma linha de inscrição na factura.
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O cidadão, consumidor e contribuinte, é, deste modo permanentemente informado do valor de compra do produto ou serviço e dos impostos que lhe estão associados. Quando ocorre uma subida da taxa dos impostos, o cidadão verá essa subida reflectida de forma explícita na factura. Se, inversamente, o governo decidiu baixar os impostos, essa decisão é visível a partir do momento em que se torna efectiva.
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Nada disto acontece em Portugal, vá lá saber-se por quê.
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Provavelmente, uma das razões é este hábito ancestral que se impregnou no nosso ADN cívico que determina a nossa propensão para abrandar costumes e desculpar safadezas, segregando os governos as idiossincrasias das sociedades que os elegem.
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A notícia da redução do IVA, a partir de Julho, anunciada ontem, não terá impacto que se veja na economia. Escrevi isso ontem e, se volto a repeti-lo, é porque me faltou acrescentar a principal razão pela qual uma redução escassa, que por esse motivo não poderia ter efeitos significativos, no máximo 1%, acabará por ter uma incidência tendencialmente nula nos preços.
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Essa razão é a anestesia fiscal, uma prática corrente desde sempre praticada em Portugal em larga escala. O governo (este e todos os outros que o antecederam) sente-se confortado com o facto de subtrair aos contribuintes a informação dos impostos indirectos que lhes cobra. Os pacientes são deste modo sujeitos a uma anestesia que não lhes permite ter consciência da tributação indirecta a que estão sujeitos. Se o imposto aumenta, a sua percepção desse aumento é nula ou quase nula.
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Ocorrendo uma redução de imposto, magra, sem explicitação do imposto nas facturas (que muitas vezes não são passadas sequer pelo fornecedor) o consumidor/contribuinte continua a ver navios.
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E a redução, magra, é retida algures não chegando ao bolso de quem era esperado chegasse.
Em face disto o que dizem as oposições: Que a decisão foi inoportuna, foi tardia, é inconsequente, é demagógica. E mais não dizem. Porque não sabem? Talvez não saibam. Ao principal partido da oposição, contudo, não lhe convém acabar com a anestesia.