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quarta-feira, 26 de março de 2008

O progresso na educação nacional!...II

Depois das cinco primeiras diferenças que evidenciam o progresso havido na educação, conclui-se o trabalho de investigação, elencando outros cinco sinais decisivos do progresso.

6. A sexta diferença é de cariz psicológico. Antes, havia exames, logo a partir da terceira classe.Era uma forma de obrigar os alunos e professores a trabalhar.
Agora, não há exames, porque trabalhar é penoso e pode causar trauma psicológico em espíritos em formação.
Temos que saudar esta chegada dos mais elementares direitos humanos aos estudantes.
7. A sétima diferença é de cariz hierárquico. Antes, quem mandava nas escolas era o Director ou o Reitor.
Agora, na escola democrática, não se sabe quem manda, mas sabe-se quem não manda e, sobretudo, sabe-se quem paga.
Temos que saudar esta grandiosa clarificação democrática!…
8. A oitava diferença tem a ver com as avaliações. Antes, era o professor que avaliava se o aluno passava de ano.
Agora, é o aluno que avalia se o professor fica ou não fica no ano seguinte.
Temos que saudar esta inversão da lógica antiga, imprópria dos tempos modernos.
9. A nona diferença é de cariz sociológico. Antes, a escola era para quem queria aprender e fazia-se a vontade a quem não queria: ia para a rua.
Agora, a rua tomou conta da escola: quem quer aprender tem que sair para outro lado.
Temos que saudar esta abertura da escola ao meio ambiente e à ideia de que todos os locais servem para quem quer estudar, menos a escola, claro está!...
10. A décima diferença é de cariz globalizante. Antes, a educação era local e os professores ensinavam os alunos nas escolas.
Agora, a educação é global e a pedagogia exerce-se em todo o lado, sobretudo na rua, em periódicas e exaltantes manifestações contra a Ministra da Educação.
Temos que saudar esta forma bem pedagógica de exemplificar aos alunos o modo e as virtualidades da contestação nas salas de aulas.
Fim da investigação!...

22 comentários:

António de Almeida disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

Caro Pinho Cardão, os meus parabéns, aplausos de pé e gritos de bis para a sua diatribe do eduquês moderno! Esta sua prosa em dois capítulos deliciou-me, fez-me rir - humor negro, enfim - a bom rir e apresenta de forma levezinha mas não menos séria e real o estado a que chegámos.

Parafraseando o ex-Presidente da Républica, Almirante Américo de Deuz Thomaz - que não tinha grandes dotes nem de escrita e muito menos de oratória - só tenho um adjectivo: Gostei!

António de Almeida disse...

-Lamentável o resultado a que o eduquês conduziu o ensino em Portugal. Em primeiro lugar, sou defensor do ensino privado, financiado através cheque-ensino, no caso de alunos menos favorecidos. Mas dado que existe ensino público, e como julgo ser a este que o post se refere, o mesmo deveria ser objecto dumas alterações, simples, mas profundas e eficazes.
-Introduzir exames nacionais no final de cada ciclo, retirando consequências financeiras dos resultados do mesmo, na verba a atribuir a cada estabelecimento de ensino.
-Possibilitar em consequência, a cada escola a escolha do seu corpo docente, e retirar ela própria consequências dos resultados, nas avaliações individuais de desempenho a cada professor.
-Obviamente isto representa uma autonomia mais alargada da escola, face ao centralismo da 5 de Outubro, o que exigirá em cada unidade um responsável, chamem-lhe director, ou utilizem qualquer outra nomenclatura, desde que exista um rosto em cada estabelecimento de ensino.
-Possibilitar sanções escalonadas aos alunos, como repreensão, suspensão e expulsão, consoante a gravidade da falta, bem como a reincidência ou não, sempre com obrigatoriedade de repetição no ano lectivo seguinte, caso a escolaridade obrigatória não tenha sido terminada.
-Falta CORAGEM POLÍTICA, que também não existiu por parte da actual oposição quando foi governo, mas julgo que poucas mas certeiras medidas, resolveriam o problema, ou no mínimo, melhorariam o actual problema.

Anónimo disse...

Caro PC,

Já ponderou colocar os seus serviços de investigador ao dispor do Ministério?

Realço a nona diferença, porque actual e solicito resposta de algum entendido na matéria que por distracção leia a pergunta – qual o comportamento que dá direito ao aluno ser expulso da escola? Espancar o professor não chega, disso já sabemos. Uma bomba, chegará?

Tavares Moreira disse...

Brilhante, Pinho Cardão, simplesmente brilhante!
Meu Amigo segue o único método actualmente possível para quem já deu para todos estes peditórios e já não tem pachorra para aturar tanto disparate: fazer humor com o próprio disparate!
Não vejo mesmo outra solução saudável e que não nos irrite - até disponha bem - para tratar estes temas, da economia à educação, passando pela indescritível situação do sector da saúde onde, depois de tão espectaculares reformas, nunca se gastou tanto e tão mal...

Bartolomeu disse...

Longe vão os tempos em que se ia para a "Escola"!
http://www.youtube.com/watch?v=gOlB9JRYbBo

Pinho Cardão disse...

Caros Zuricher e TMoreira:
De facto, estas coisas já não vão lá a sério!...

Caro Agitador:
Um dos grandes problemas do ME é o enorme número de investigadores e experimentalistas que andam por lá!...Aquilo é um vírus que se pega a muita gente e do qual poucos saem imunes. Por mim, até já evito passar pela 5 Outubro!...
E se eles decretaram que ninguém pode reprovar, e todos têm que passar, como é que alguém pode ser expulso do ensino?

Caro António de Almeida:
O que diz tem todo o senso e validade. Mas é considerado retrógado e obsoleto pelos génios do Ministério...com os brilhantes resultados que se vêem.

Pinho Cardão disse...

Caro Bartolomeu:
Não há como uma boa cantiga!...

Anónimo disse...

Caro PC,

Todos os contratos devem prever formas de resolver eventuais bloqueios.

E pelos vistos estamos perante um bloqueio do sistema. Podem dar as oportunidades que quiserem mas...
e se o aluno sacar de uma naifa em plena aula? transfere-se para outra escola? a posse da naifa está demonstrada pelo estado dos pneus.

estes fatalismos são mesmos próprios do nosso Portugal!!!


Caros Governantes, por amor de Deus,

estabeleçam meia dúzia de regras que balizem o comportamento dos alunos na sala de aula, mas regras simples que evitem equívocos. E criem um mecanismo que imponha o cumprimento dessas regras. É assim tão difícil? Não deixem ao critério ou força do coitado do Professor, que tem de assumir sozinho as ameaças dos alunos e pais.

REGRAS SIMPLES!!! SE FOR PRECISO DOU UMA AJUDA!!!

Mário de Jesus disse...

Neste interessante resumo do estado de sitio da educação ressaltaria os pontos 6 e 8.
É de facto extraordinário que se invertam totalmente os papeis (e valores) destas "coisas" da educação. Gostei (não devia) em particular da ideia de que trabalhar é penoso e os exames causam traumas psicológicos nos espiritos em formação. Já triste é a realidade de vermos agora (certamente segundo critérios de uma sociedade moderna, evoluída e competitiva!!)estes espiritozinhos atormentados a avaliar os professores. Certamente a sua sensibilidade permitirá uma avaliação justa e sentida daqueles que são (ou deviam ser)os seus mentores.

Tonibler disse...

"Numa das reuniões do conselho executivo, a professora Adozinda Cruz confirmou que autorizou os alunos a manterem os telemóveis ligados, permitindo-lhes que ouvissem música. Patrícia terá extravasado a ordem atendendo uma chamada da mãe."

Digam-me uma coisa, é ou não é de subcontratar a educação toda???

FranciscoSantos disse...

Há muitos anos tive um "mestre" que me ensinou que a ignorância é sempre demasiado atrevida. Desde esse tempo procuro só intervir para dar opinião quando tenho um mínimo de informação sobre o tema em debate.

No caso desta "estória" da Educação Nacional em dois actos penso poder participar, quanto mais não seja porque sou professor e trabalho no ensino básico obrigatório há trinta anos.
Até por isso conheci em funções no ME mais de duas dezenas de ministros e perdi a conta aos secretários de Estado.

Com esse "saber de experiência feito", a que posso juntar alguma leitura de temas relacionados com a investigação académica em educação e mais alguma reflexão individual e com colegas, permito-me afirmar que é da maior injustiça a caricatura que se vai produzindo sobre as Ciências da Educação, que nada têm a ver com a apropriação que políticos pouco dados ao estudo e com problemas de honestidade intelectual fazem da produção científica sobre educação.

É esse aproveitamento político da investigação sobre educação (feito tanto à esquerda como à direita) que pode ser confundido com o "eduquês".
É da maior desonestidade induzir a ideia de que o ministério da Educação está "tomado" por especialistas em Ciências da Educação. Quem por lá anda são políticos, assessorados por "técnicos de educação" recrutados nas secções partidárias e em muitos casos fugidos ao quotidiano escolar nas salas de aula, através desses contactos partidários.

Reconheço que passaram por lá uns quantos "mestres de Boston", mas confundir a produção científica na área da Educação, seja do Currículo, seja da Administração Educacional, seja da Supervisão Pedagógica, com uns turbo-mestrados feitos em seis meses na Universidade de Boston só se for por piada.

http://fjsantos.wordpress.com/2008/03/27/o-anti-eduques-e-o-ataque-as-ciencias-da-educacao/

Pinho Cardão disse...

Caro FSantos:
Não me custa nada a acreditar que está certo o que diz.
Mas se há árvores boas, elas nem se notam dada a proliferação de árvores más. E são elas que têm deitado cá para fora o fruto de que se alimentam as escolas.
Que é péssimo!...

Fartinho da Silva disse...

O episódio de violência na Escola Secundária Carolina Michaelis é apenas e só mais um...!

Depois de quase 30 anos a retirar autoridade aos professores e a atribuir os desvios dos estudantes a questões de falta de adaptação docente ao "perfil" do aluno, chegou à 5 de Outubro a maior populista e "estatista" ministra da "educação" de sempre.

Com um discurso a roçar a má educação (tão popular em Portugal), tendo como alvo os professores (discurso muito popular em Portugal), atribuindo as culpas do FALHANÇO óbvio e evidente a toda a gente com dois dedos de testa do sistema de "ensino" português aos executores do tal modelo, ou seja... os professores!

Não é que este discurso tenha alguma novidade, desde há muito séculos a esta parte que o povo português se habituou a ouvir uma parte das elites preguiçosas que tivemos e vamos tendo o discurso que a culpa do atraso do país de deve ao povo...! É, estou convencido, devido a esta conversa da "treta" que hoje todos nós atiramos as culpas para os outros de tudo o que de mau acontece em Portugal!

Mas como ia dizendo, o populismo demagógico da ministra da "educação" atribuindo as culpas do falhanço monumental do sistema de ensino público aos professores, acabou por cimentar em definitivo a impunidade daqueles "alunos" com comportamentos CRIMINOSOS que pululam a escola pública paga com o dinheiro dos contribuintes.

Com a protecção deste tipo de alunos há cerca de 30 anos e com a ultra protecção dos mesmos no tempo "socrático" quem é prejudicado?

*

Prejudicado é aquele aluno que sonha um dia poder vencer na vida através da sua formação.
*

Prejudicado é aquele aluno cujos pais não têm dinheiro para o poder matricular num bom colégio privado.
*

Prejudicado é aquele aluno cujos pais que apesar de terem dinheiro, não têm cultura para perceberem a tempo que se quiserem assegurar um futuro ao seu filho o devem matricular num bom colégio privado.
*

Prejudicados são todos os contribuintes que pagam do seu suor diário os impostos para financiarem um dos maiores fracassos portugueses de todos os tempos – o sistema de "ensino" público...!

Alguém dúvida que a escola pública de hoje é CLARAMENTE um espaço de guarda e entretenimento de crianças e jovens?

Hoje, é praticamente impossível um aluno chumbar!

Por isso, afirmo em tom irónico, FORÇA ministra da "educação", continue a cimentar as patetices que alicerçam o sistema de "ensino" português...!

Fartinho da Silva disse...

Imaginem o responsável por uma empresa cotada em bolsa afirmar aos seus accionistas que os maus resultados da empresa se devem aos... funcionários!!!!!!!!!!

Era imediatamente substituído. No entanto, em Portugal, uma boa parte dos políticos que têm governado o país, quando as coisas correm bem afirmam que são os maiores, quando as coisas correm mal, atiram as culpas para os executores das suas medidas.

No sector do ensino tem sido assim.

Mas até agora, salvo raras excepções, não se tem colocado o dedo na ferida, será que o sistema não deve ser profundamente alterado? Será que o sistema não deve ser muito mais realista? Será que o sistema não deve ser mais objectivo?

Imagine caro Pinho Cardão, o Ministro deste sector gerir não o dinheiro dos contribuintes mas o próprio! Será que continuaria a insistir neste modelo?

Pinho Cardão disse...

Caro Fartinho da Silva:

Se o ensino é para aprender e o aluno passa sem que tenha que aprender o que quer que seja, para quê esforço, atenção, professores, escolas?
E para quê avaliação de professores?

Fartinho da Silva disse...

Caro Pinho Cardão, aí está a questão que importa levantar!

Hoje a escola pública e quem lá trabalha tem como missão a justificação da existência do imenso monstro que vive na 5 de Outubro. Quando por lá passei (na escola pública) reparei que perto de metade do meu tempo era consumido na imensa e inútil burocracia criada pelo Ministério da Educação.

Olhando um pouco mais friamente para a escola pública, é até fácil entender o que por lá se passa. É óbvio e evidente que os imensos burocratas que se alimentam da fatia do orçamento de estado destinado ao "ensino" têm a necessidade de demonstrar a importância do seu emprego. É natural e humano. Desta forma, passam a vida a produzir papelada, formulários, orientações "pedagógicas", orientações sobre as orientações, etc, etc.

Para ter uma ténue ideia da loucura burocrática produzida pelo ME, a primeira vez que fui vigiar um vulgar exame, fui obrigado e ler um documento com mais de 10 páginas produzido pelos burocratas do ministério sobre como deveria vigiar... o exame!

Aquele documento é um atentado à inteligência de qualquer professor, chega a descrever o tipo de calçado e o tipo de roupa que o vigilante deve usar :)

Portanto, em minha opinião, a escola e quem lá trabalha tem como único objectivo alimentar o monstro - Ministério da Educação - se sobrar tempo, então os professores podem ocupar-se de ensinar os alunos. Oooops, ensinar não, esta palavra é proibida no léxico da 5 de Outubro, deve-se antes utilizar a expressão "processo ensino-aprendizagem" :)

Fartinho da Silva disse...

Ainda a excelente questão levantada por Pinho Cardão.

Esta avaliação de professores, por aquilo que li nas "fichinhas" de avaliação baseadas naquelas produzidas pelo Ministério da Educação do Chile (sim é verdade, até os descritores são os mesmos http://educar.files.wordpress.com/2008/03/mbe.pdf), parece-me que tem duas razões fundamentais: a primeira e mais significativa é obrigar todos os professores a facilitarem ainda mais a vida dos "estudantes" e a segunda e a menos importante para diminuir a despesa com salários.

Aliás, esta avaliação vem no seguimento das pedagogias delirantes e românticas impostas pela nomenclatura que tem governado a 5 de Outubro e a formação de professores. Porque, caro Pinho Cardão, como se pode avaliar o trabalho de um professor sem a existência de exames nacionais aos alunos à maioria das disciplinas?

Maria Lisboa disse...

O grande problema da educação tem sido o seu ministério.

Se reparar, temos um ministério da educação (não só este, mas a sucessão de inquilinos deste ministério), teoricamente responsável pelo sistema de ensino que, em nenhum ponto dos documentos que emana ou em nenhuma das declarações que faz, fala de ensino.

Maria Lisboa disse...

Ah! Esqueci-me!

As escolas têm uma cara. O presidente do CE é responsável perante tudo e perante todos pela sua escola. Pode ter o resto do gabinete, pode ter tarefas divididas, mas ele é o responsável, o poderr e a face da escola.

O que a ME afirma relativamente à falta de um rosto, é completamente falso. Basta ler os diplomas que se referem à gestão das escolas. E ela sabe-o muito bem porque quando há problemas é ao presidente que chamam.
Esta é mais uma desculpa para se inventar um lugar de director que pode ser desempenhado por um qualquer professor mesmo que venha de fora da escola. Eu chamaria a isto mais um "job for the boy" em que o necessário pode ser simplesmente o uso de uma gravata da cor. Mais uma vez não se pretende a melhoria do ensino.

Maria Lisboa disse...

Quanto à avaliação de desempenho e o terem-se baseado nos mais avançados países da união europeia vale a pena procurar quais avaliam desta forma e se não se encontrar na união europeia, vale a pena ir procurar no site do ministério da educação chileno...