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sábado, 8 de março de 2008

“Pílulas anti-violência”...

É mais do que evidente que a actual sociedade anda meio louca, mas alguns cientistas também não andam lá muito bem.
No Reino Unido vai ser realizado um estudo em jovens prisioneiros, alguns condenados por assassínio, tentando comprovar que certos suplementos vitamínicos poderão ter impacto sobre os níveis de violência e má disciplina, tal como foi demonstrado numa instituição da cidade de Aylesbury.
A ideia subjacente a este estudo, que não é nova, diga-se em abono da verdade, é tentar combater o comportamento anti-social com uma melhor alimentação. Claro que uma boa alimentação tem efeitos a todos os níveis, sobretudo durante o desenvolvimento, a que não é estranho o cérebro, sede das emoções, as boas, as menos boas e as más.
Em 1942, o médico Hugh Sinclair defendia que a má nutrição provocava comportamentos anti-sociais. De facto, passar fome é um bom motivo para não ser muito social. Quanto à deficiência em certos nutrientes também não é de excluir o seu papel. Mas tentar, nos dias de hoje, graças ao uso de suplementos polivitamínicos, contrariar certos comportamentos violentos, parece-me mais uma daquelas iniciativas destinadas a desviar a atenção das verdadeiras causas dos problemas da violência, a reforçar a maldita medicalização da sociedade e a alcandorar certas disciplinas, caso da nutrição, ao estatuto de uma nova religião.
No caso concreto do estudo que vai ser realizado, as gorduras ómega-3, que se encontram sobretudo nos peixes, constituem um dos componentes da “super pílula social” . Ao usarem óleo de peixe, os investigadores, que já conhecem muitos dos efeitos, nomeadamente na prevenção cardiovascular, pretendem conhecer se reduz ou não a violência dos jovens, facilitando, inclusive, a sua integração na sociedade!
Ao ler esta notícia, recordei-me dos meus tempos da escola primária em que era, periodicamente, “envenenado” com uma maldita colher de sopa, bem cheia, de óleo de fígado de bacalhau (rico em vitamina D e em gordura ómega-3), que uma funcionária, baixa e gorda, zelosamente me enfiava pela goela abaixo, depois de me imobilizar com o seu volumoso braço esquerdo. E conseguia a proeza, com mão do mesmo lado, tapar o meu nariz. Abria a boca como um peixe fora de água, ao mesmo tempo que a sua mão direita, que mais parecia um míssil, despejava todo o conteúdo sem verter uma gota.
Naquela altura, não havia criança que não bebesse “litradas” do miraculoso suplemento alimentar.
O efeito anti-raquítico do óleo de fígado de bacalhau estava devidamente comprovado, mas o mesmo não se poderia dizer do papel das gorduras ómega-3 na “agressividade”. Além deste hábito imposto, os portugueses eram, e continuam a ser, embora muito menos, amantes de peixe, sendo um dos povos que mais consome. É certo que ultimamente têm vindo a reduzir a ingestão de peixe. A agravar esta situação, há poucas semanas, um qualquer grupo ambientalista denunciava que os portugueses deveriam comer menos peixe, porque as reservas marítimas estão a diminuir. Às tantas, os ditos ambientalistas devem ter-nos confundido com as focas!
Se a tese dos investigadores britânicos for comprovada, então, talvez possamos explicar, pelo menos em parte, o nível da violência e comportamento anti-social que se está a verificar em Portugal. Será que os portugueses estão a necessitar de ómega-3?! Parece que sim! Andam a comer menos peixe e deixaram de beber óleo de fígado de bacalhau!!
Se isto pegar, quem sabe se o Governo não passará a distribuir “pílulas anti-violência”. Gratuitamente? Tenho dúvidas! Mas o melhor é experimentar entre eles e caso seja eficaz distribuir também por certa rapaziada da oposição…

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