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quinta-feira, 26 de junho de 2008

Coisas do outro mundo II

Bateram em juízes. Estou escandalizado!
Bateram nos magistrados. É inaceitável!
Aquilo que vimos no julgamento em Santa Maria da Feira, é um escândalo.
Mas vejamos...
O Sr. Presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público culpa o Governo pelo que sucedeu.
O Sr. Bastonário da Ordem dos Advogados aproveita a ocasião para desancar a PSP e a GNR.
A Associação Sindical dos Juízes Portugueses culpa as instalações dos tribunais.
A mãe dos "meninos traficantes" mostra-se indignada com a "injustiça da pena".
E o Governo aparece com um ar constrangido, a justificar-se...
E quando batem nos professores?
E quando agridem os polícias?
E quando nos ameaçam com a maior das impunidades?
Coitadinhos...
Os delinquentes... coitados, ainda nos exigem que tenhamos pena deles e paguemos a sua reinserção social.
Não há justiça que resolva isto.

8 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro, o problema é grave, muito grave. Porque a fraqueza de um governo nestas matérias significa que estamos a atingir limiares perigosos de falta de autoridade do Estado.
Quando as esquadras da polícia são assaltadas ou os juizes agredidos os cidadãos percebem que não há quem lhes possa valer se necessitarem de protecção pública.
Todos os simbolos de autoridade estão postos em causa. Dos professores, aos magistrados, aos policias.
É a consequência de uma crise profunda do dever e da responsabilidade.
Este governo "só" é responsável por esta atitude de desvalorização e de sobranceiro escárnio por quem se alarma com estes factos.
Mas a responsabilidade vem de trás, é de muitos, e entre eles de muitos supostos heróis.
Não me canso de recordar o episódio do bloqueio da ponte 25 de Abril. A desobediência às ordens legitimas das forças de segurança foi justificada como direito de quem apedrejava a plícia e impedia o exercicio do direito e da liberdade da circulação, o direito à indignação.
Mais uns dias do recente bloqueio dos camionistas e não me espantaria que aparecesse alguém, com audição pública, a legitimar com algo parecido aquele punhados de foras-da-lei perante os quais o governo se acobardou.
Bom, quem semeia ventos, colhe sempre tempestades.
Podem vir tarde, mas sempre aparecem.

Um apontamento que não é de pormenor. Gostei de ver o meu Bastonário a solidarizar-se com os magistrados vítimas da agressão. Já tardava um gesto de responsabilidade.

Anthrax disse...

Caros VC e JMFA,

Já não era sem tempo de alguém dizer o que os senhores acabaram de dizer.

Bem hajam os dois. :)

No entanto, atenção... Como dei a entender no post do dr. PC (naquele em que o "Fonsequinha" ficou "xatiado" com o Anthrax), o respeito é uma via de dois sentidos, se a sociedade cívil não for respeitada, dificilmente o Estado será respeitado.

Anónimo disse...

Inteiramente de acordo com a ultima observação, Anthrax.

Adriano Volframista disse...

Exmo Vitor Reis


O sistema judicial perdeu a eficácia, porque não existe respeito por parte de:
- dos juízes pela sua função, senão eram mais produtivos;
- dos advogados pelo sistema, senão porque elegeram este Bastonário, que já tinha a mesma agenda contra os magistrados?
- dos políticos pela magistratura, senão como compreender o modo como foi tratado o caso Felgueiras;
- dos cidadãos na celeridade, equidade e bondade da justiça.

Com os melhores cumprimentos
Adriano Volframista

Anónimo disse...

Meu caro Adriano Volframista:
De acordo com tudo o que anotou.
Esta breve troca de ideias e os comentários que fui lendo no antecedente post do Pinho Cardão, permitem afinal perceber que os problemas da justiça são muito complexos e não são fruto da falta de lei ou do sistema. São o resultado das qualidades, competências e capacidades - ou falta delas - das concretas pessoas que constituem esse bendito sistema. Juizes, procuradores, advogados e funcionários.
Enquanto assim não for entendido, continuar-se-à a ouvir que se confia na Justiça, sendo que quem o diz ou é louco ou cruza os dedos...

Anthrax disse...

Ok, se me permitem vou exercitar, um pouco, a minha criatividade holística.

O problema da Justiça não é mais, nem menos, complexo do que os problemas do resto do país. Dentro do seu âmbito específico, é certo, mas o problema de que padece a Justiça é igual ao dos outros sectores.

Bem ou mal, o país evoluiu e as estruturas existentes(que nunca foram grande espingarda desde, para aí, a época do Marquês de Pombal), são incapazes de dar resposta aos problemas da sociedade actual. Pior do que isso, estamos a falar de estruturas que, à partida, deviam ser referências na resolução última de conflitos e actualmente são muito semelhantes a um qualquer cadeia de hipermercadoa à qual qualquer um pode, não só, recorrer, como também, pode candidatar-se ao lugar de caixa se houver vagas e desde que tenha o 12º ano.

É muito fácil dizer-se, à boca cheia (como alguns que por aí andam parecem sustentar), "Ah e tal, para se desentupir os tribunais espeta-se-lhes com uma multa e eles aprendem". Até é uma ideia gira... para quem sofre de míopia e varre a porcaria para debaixo do tapete. Por outro lado, é muito mais difícil ir à raíz do problema e resolvê-lo na sua origem. Dá trabalho, requer visão estratégica, requer antecipação, requer planeamento, requer coordenação, requer implementação, requer avaliação e follow-up de resultados, requer correcções pontuais ao planeamento inicial, requer muita humildade e enfim... requer uma série de competências que a maioria dos dirigentes deste país não têm. A maioria dos dirigentes deste país são gente de vistas curtas com uma vassoura na mão e que varre o lixo para debaixo do tapete porque não sabe, nem tem a experiência, do que é uma $%#& de uma pá e o que é um caixote do lixo.

Por isso, nunca se atrevam a falar-me em produtividade disto ou daquilo se a única parte do corpo que mexeram foi a língua.

Capuchinho disse...

A ideia de elite em sociedade apareceu associada durante muito tempo a pessoa ou grupo de pessoas com capacidade de intervenção no evoluir das sociedades e dos grupos sociais.
Por isso se entendia que existia uma elite política, cultural etc ..., como pessoas ou grupos que tinham capacidade de marcar ritmos de evolução, arranjar seguidores, no fundo fazer escola, na vida em sociedade nos seus mais diversos campos.
Não era preciso ser muito conhecido e muito menos ser publicitado na Comunicação Social para ser marcante nos grupos ou instituições. Bastava ser aquilo, ou seja, marcar ritmo, fazer escola.
Ser elite era - e é ainda - uma opção de cada um, em face das suas potencialidades de ter coragem, disponibilidade e capacidade para afirmar objectivos, ter imaginação para os meios de os realizar e dispor-se a formar grupo.
É por isso que podem aparecer elites em todas as profissões ou grupos, desde operários a professores universitários.

Vêm estas reflexões a propósito da conferência de imprensa dada pela Juíza Presidente do Tribunal de Santa Maria da Feira, na sequência da agressão de que foram vitimas Juízes no termo de um julgamento, um dos casos referidos por Vitor Reis no seu post.

Apresentando-se como se estivesse na mesa de um café - se calhar até estava - a Senhora Juíza reivindica.

Tem razão no que reivindica, mas não tem razão em o fazer depois de aceitar que os Julgamentos se façam na sala de Bombeiros.

A sua reivindicação vem tarde de mais, pois, vem num momento em que já aceitou ser um simples funcionário que labora onde o patrão lhe diz para laborar, esquecendo-se que desempenha funções de magistratura que não se compadecem com salas de bombeiros, mais apropriadas para bailaricos ou jogos de sueca.

Reivindica quem devia liderar; Quem devia marcar ritmo na dignificação da justiça.

Não foi - nem é - um exemplo de elite.

ELITES onde estais ?

Anónimo disse...

Na mouche, Capuchinho!