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domingo, 29 de junho de 2008

Cultura de "nível internacional"!...

A Notícias Magazine, revista do DN, publica hoje uma excelente entrevista com o músico e compositor António Pinho Vargas.
Entre outros pontos muito interessantes, António Pinho Vargas desmonta todo o circo dos festivais da música erudita. A observação pode ser estendida, sem qualquer abuso, penso, ao cinema, à arquitectura, às exposições, ao próprio teatro. Aqui se deixa um excerto.
“…O mundo da música contemporânea funciona como uma espécie de núcleo duro, que é constituído por uns 15 ou 20 programadores de festivais de música internacional na Europa, ou seja, um clube restrito, quer para os compositores quer para os programadores. É como o circo da Fórmula 1… Os compositores que são programados em Estrasburgo, em Paris, em Berlim são sempre os mesmos e as promoções limitam-se a circular unicamente dentro dessas redes. Os críticos viajam com os compositores, são amigos deles, os vendedores de casa de partituras que os representam também, ou seja, trata-se de um circuito muito restrito. O que me espanta nos produtores portugueses é que jamais foram capazes de negociar uma troca. Se houvesse uma balança de pagamentos, uma análise import-export no campo cultural, Portugal teria o saldo mais negativo que é possível imaginar, porque só compra e não vende. E toda a gente acha isto normal, porque, isso sim, é a vida cultural de “nível internacional”. O que demonstra que há uma enormíssima carga de provincianismo nas elites culturais portuguesas”.
E quem não acha normal e quem se rebela contra a "cultura" que os programadores, ao serviço dos empresários, assim nos impingem passa por um verdadeiro troglodita, um inculto, alguém que deve ser banido, por não fazer parte do meio.

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