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quinta-feira, 24 de julho de 2008

“Oniomania politica”...

Ultimamente, tem sido dado destaque ao endividamento dos portugueses que atinge cifras muito preocupantes e que a nível das famílias está a gerar problemas gravíssimos. Pessoas a passar fome, a recorrer a especialistas em dívidas, bancos a leiloar habitações, ordenados a serem cativados em catadupa, a justiça a perseguir os incumpridores, a violência dos cobradores, as depressões a aumentar, enfim, uma perfeita tragédia, a que não é estranha as crises nacionais e internacionais e o apelo ao consumismo das últimas décadas agravada pela facilidade da banca em conceder crédito, alimentando uma usura voraz, de tal modo que, presumo, parece ser a única “indústria” lucrativa nacional!
A oniomania é uma doença compulsiva que leva as pessoas a comprar coisas desnecessárias, em excesso, e, até, repetidamente. Ao comprar, o indivíduo sente satisfação e prazer, originando uma sensação de felicidade que se transforma, muitas vezes, em posterior arrependimento. Quantas pessoas não estarão hoje em dia arrependidas de terem comprado o que não deviam? Tudo aponta para que a forma patológica ocorra uma em cada doze pessoas. Mas a tendência para comprar “futilidades” deverá ser muito superior, fazendo com que certas campanhas de “facilidades” acabem por apanhar nas suas tenebrosas malhas muitos incautos.
Os alemães acabaram de anunciar que desenvolveram uma terapêutica bem sucedida para esta doença. Trata-se de uma terapêutica de grupo destinada a reorientar o comportamento para as verdadeiras necessidades dos doentes, adquirindo autocontrolo e reaprendendo a lidar com o dinheiro. A oniomania enquadra-se dentro do grupo de doenças tipo cleptomania e piromania.
É uma realidade, entre os portugueses, a existência de um traço de oniomania que urge tratar. Mas, face aos investimentos que para aí andam a ser anunciados, e atendendo às nossas necessidades e possibilidades, a “oniomania política” é tão preocupante como a oniomania de um qualquer cidadão que foi “manipulado” pelos “agentes da economia”, se é que se podem chamar assim!. Só que, no caso da primeira, não é o decisor a pagar, logo não corre risco de se arrepender, ao contrário do desgraçado cidadão que tem de pagar as suas dívidas e as contraídas pelos outros...
Estamos tramados!

4 comentários:

Freire de Andrade disse...

É sabido que os indivíduos que sofrem da afecção conhecida como maníaco-depressiva, actualmente chamada doença bipolar, têm tendência a, nas suas fases maníacas, incorrer compulsivamente em gastos exagerados e muitas vezes inúteis. Como esta doença é mais vulgar do que muita gente pensa, há que a ter também em conta quando se fala em oniomania.

Suzana Toscano disse...

Muito grave este seu diagnóstico quanto à classe política até porque a terapêutica deve ser bem mais difícil, uma vez a euforia pode durar muito tempo até se fazerem sentir os efeitos da despesa...

Massano Cardoso disse...

Caro Freire de Andrade

Claro que é muito frequente e tem muitas variantes.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Professor Massano Cardoso
Tenho impressão que a "oniomania" tem já contornos de epidemia.
Fico impressionada com o rácio um em cada doze a sofrer de "afrontamentos" consumistas. Mas no mundo da "oniomania política" desconfio bem que o rácio é bem mais alarmante, qualquer coisa do tipo um em cada um!
Estamos mesmo "tramados"!