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segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Humanos robotizados ou robots humanizados?

Será pura ficção a previsão avançada por alguns investigadores de que será possível em 2050 fazer amor com robots? Le Monde aborda este tema em “Fair l 'amour en 2050”, um artigo que tem tanto de novidade e curiosidade como de desconfiança e preocupação.
De facto, cada vez mais o ser humano virá a ter, no futuro, próteses e chips da mais diversa natureza para prolongar a vida ou melhorar a qualidade da mesma. Os progressos neste domínio têm feito maravilhas, em particular no domínio da saúde.
Daí a passarmos a conviver no quotidiano com robots dotados de “qualidades humanas” que fazem deles seres especiais capazes de interagir com seres humanos e de lhes sentir as emoções vai uma substancial diferença.
Uma diferença que nos deve preocupar em saber se não estaremos a ir por caminhos perigosos e desnecessários. Segundo “Fair l 'amour en 2050”, cientistas em inteligência artificial afirmam que é para aí que vamos caminhar, estando os progressos da investigação orientados para dotar essas máquinas de sentimentos, como por exemplo a empatia.
Esta vertiginosa evolução coloca-nos uma série de questões nos planos ético e moral às quais deveríamos saber responder antes de avançarmos…
No limite, quando é que um ser híbrido de homem e robot deixará de ser humano? Outras perguntas se podem colocar: Se matarmos um desses seres híbridos, ainda poderá o nosso acto ser qualificado de homicídio? Se fizermos amor com eles, poderá isso ser considerado adultério? Será razoável atribuir direitos políticos a tais seres?
Questiono porque é que não defendemos a Nossa Humanidade, com todas as suas forças e fraquezas, mas com o que nela existe de belo, único e irrepetível? Porque é que temos que ir inventar uma outra humanidade e destruir a que temos?
A nossa Natureza Humana é maravilhosa, tal como ela é. Como será possível prescindirmos das nossas emoções e dos nossos sentimentos tal como os conhecemos hoje? Como será possível aceitarmos – pelos vistos há uma minoria que disso está convencida – fazer amor com um robot? Como podemos prescindir do calor humano? Será que o amor romântico resistirá a esta robotização humana?

7 comentários:

Anónimo disse...

Porque será que me parece que em diversos domínios estamos a ir demasiadissimo, excessivissimamente longe demais?

A frase anterior soa propositadamente mal e está gramaticalmente incorrecta mas pretendi enfatizar que me faltam qualificativos para expressar o que sinto quanto a estas questões.

Adriano Volframista disse...

Cara Margarida Aguiar

Não pode pedir a uma humanidade que acredita, maioritariamente, que a sua acção vai modificar o clima do globo (aquecimento global); ou que acredita que pode defnir o momento em que vivemos (aborto e eutanásia); e definir os seus limites, isto é a sua "humanidade",
É o pacto faustiano que nos assusta e atrai.
Com os robots brincamos aos deuses e cumprimos um sonho antigo dos gregos e romanos: termos escravos que não sejam da nossa espécie.
Cumprimentos
João

Jorge Oliveira disse...

Um híbrido de homem e robot não me interessa porque sou homem e hetero.
Um híbrido de mulher e robota também não, porque as mulheres adoram fingir que são enganadas quando lhes dizemos que aquelas coisinhas fofas delas são as melhores do mundo. Uma robota chamava-nos logo aldrabões e ainda nos puxava qualquer coisa que não convinha. A menos que fosse bem programada. Aí já seria uma hipótese a ponderar....

Carlos Monteiro disse...

Eu queria só deixar aqui a informação que consultando por aí alguns sites que fazem umas vendas online, o tal robot já é vendido às peças. A versão integral é só para 2050?..

Desculpem, não consigo evitar. Sou mesmo brejeiro!

Um grande abraço a todos e parabéns pelo excelente texto, cara Margarida!

Bartolomeu disse...

Cara Margarida, como não podia deixar de ser, volta a brindar-nos com um excelente post.
Provávelmente não estaremos tão distantes dessa previsibilidade, se reflectirmos um pouco, fácilmente concordamos com a a observação apresentada pelo nosso amigo cmonteiro. As sex shop que proliferam, exibem já variadíssimas "peças" que me tentam a considerar a hipotese de já virem equipadas com alguma dose de vontade própria.
Gostaria de relembrar um filme de Woody Hallen a que assisti ha um bom par de anos, que se situava numa era futura e onde era apresentado um robot, designado por orgasmómetro.
Era uma maquineta ao jeito das câmatas individuais de sauna, que funcionava com uma tecnologia de inducção de ondas magnéticas que produziam no cérebro a sensação do orgasmo. Tinha uma vantagem, é que podia ser usado aleatóriemente quer por homens ou mulheres.
Contudo, não nos iludamos, o post com que a autora nos brinda, não pretende chamar a atenção somente para a questão da robotica e suas aplicações e, ou, interacções com os humanos. Não, a nossa estimada autora, alerta-nos sobretudo para a deterioração das relações entre os humanos, quer no plano afectivo, como no profissional e ainda no social. O ponto que este texto pretende tocar, é em parte semelhante em conteúdo àquele que Woody Hallen antecipou no seu filme e alerta para o perigo eminente da alienação geral, que conduzirá inevitávelmente a que nos transformemos em máquinas, incapazes de se auto-gerir, ou pior, geridas por verdadeiras máquinas.
Secalhar este é um bom momento para relembrar (e nunca é demais) as palavras do Grande Mestre "Amai-vos uns aos outros"!

jotaC disse...

Cara Dra. Margarida Aguiar:
Já revirei o post de pernas para o ar, para cima e para baixo, e volto sempre à mesma interrogação: por onde lhe hei-de pegar?
Não quero com isto significar que o tema não tenha interesse em ser comentado! Muito pelo contrário. É um tema actualíssimo mas ao mesmo tempo distante, talvez porque no meu íntimo saiba que caminhamos inexoravelmente para essa situação horrorosa de partilharmos a nossa intimidade “mais íntima” com uma robot, que apesar de não vir a sofrer de “enxaquecas”, tem sempre o perigo de curto-circuitar e lá se vai o êmbolo (natural), de um homem à vida! E depois? Hein…
Por via das dúvidas digo um jamé ao estilo Engº Mário Lino, porque à velocidade que isto corre…

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caros Comentadores
Confesso que não consegui ler o artigo à primeira. Tive que fazer uma segunda leitura. No final, dei comigo a pensar no absurdo e, simultaneamente, na fatalidade de o mesmo se transformar realidade!
E fiquei a pensar que o artigo merecia ser partilhado e comentado. Escrevi o post com toda a frontalidade, o que me facilitou a tarefa.

Procurei chamar a atenção, como muito bem anota o nosso Caro Bartolomeu, para o perigo da alienação geral, ao renunciarmos ao que é próprio da natureza humana e, a meu ver, insubstituível. Como podemos imaginar que seremos iguais a nós próprios prescindindo dos afectos humanos, dos afectos que temos para dar e daqueles que queremos receber?

Caro Zuricher também me continuam a faltar qualificativos para manifestar o que penso, que também não consigo verdadeiramente qualificar...

Percebo o espanto do nosso Caro jotaC ao dar voltas e mais voltas ao post. É estranha a impotência da Humanidade para travar as suas próprias "leviandades". Afinal também é próprio da naturea humana.

Caro joao
No final acabaremos escravos dessas máquinas robotizadas que queremos criar para satisfazer a nossa perversa criatividade.

Obrigada pela sua simpatia Caro cmonteiro. E obrigada pela informação sobre as vendas.
Juntar todas essas peças, que pelos vistos já estão à venda, é capaz de estar para breve. Mas os tais cientistas em inteligência artificial querem fazer do todo uma espécie de "ser humanizado", capaz de interagir emocional e sentimentalmente com os homens. Não conseguirão, estou em crer, mas há quem deles vá julgar que gosta e deles vá depender como se efectivamente fossem capazes de lhes dar e deles receber amor!

Caro Jorge Oliveira
Às vezes o melhor é mesmo levar as coisas para o lado da "brincadeira"...