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sábado, 4 de outubro de 2008

Alcateia

As notícias sobre violência constituem o pão nosso de cada dia. Somos alimentados, constantemente, com acontecimentos reveladores de comportamentos impróprios da condição humana. Será que podemos, de um momento para outro, correr o risco de ficarmos “vacinados”? É muito provável que não, porque, apesar de haver matrizes bem definidas, há sempre uma ou outra nuance que trás algo de novo e de inesperado ao acontecimento.
Segundo uma notícia, em Beja, seis mulheres, com idades compreendidas entre os 20 e os 30 anos, entraram à força num estabelecimento de ensino e agrediram a avó de uma aluna que tinha ido à escola participar uma agressão de que foi vítima a sua neta. A investida violenta praticada pela alcateia de seis mulheres deixa-me surpreendido. Como é possível invadir o espaço sagrado da educação e da cultura e ter um comportamento selvático e premeditado desta natureza? O que motiva os seres humanos para se associarem e darem uma “carga de porrada” a um outro ser humano? Chamei-lhe alcateia, mas estou arrependido. Os lobos atacam, normalmente, em grupo, numa estratégia calculista e bem definida com o objectivo de aumentar a eficiência da sua acção que visa a sobrevivência. Estratégias de ataque em grupo são comuns a outros animais sempre com o propósito de defesa e de obtenção de alimentos. Agora seres humanos que se agrupam, cobardemente, para garantir uma maior eficiência num ataque visando a destruição do seu semelhante, parece-me uma ofensa à chamada “crueldade animal”. Crueldade humana. Ponho-me a imaginar os olhares de ódio, os salivares de raiva, os gritos de provocação, os suores da agressão, o fervilhar de sangues malditos e os prazeres despertados pela humilhação e terror da vítima. Serão mães? Muito provavelmente. Como educam os filhos? À pancada? Com insultos? Promovendo a falta de respeito pelos outros? Será que sabem o que é uma escola?
Quando uma alcateia de mães invade a escola, manifestando agressividade e intolerância, não podemos esperar que os seus “lobinhos” possam ser “domesticados”...

2 comentários:

Anónimo disse...

Nem mais, meu caro Professor!

Suzana Toscano disse...

Aqui está uma leitura interessante e útil do que se passou, muito mais grave no seu significado do que o episódio que deu brado.