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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Discussão do estado da economia: exercício lastimável e ocioso...

1. Passei alguns minutos escutando 3 ou 4 intervenções do programa “Prós & Prós” ontem à noute e impressionou-me muito o ar lastimoso, choroso mesmo com que alguns dos participantes naquele tristonho acto de exegese sócio-economica se apresentavam a descrever o drama social do desemprego e da “crise internacional” (não podia faltar num programa deste jeito).
2. Ao ouvir aquele rosário de lamurias não pude deixar de me lembrar dos sucessivos avisos que alguns “profetas da desgraça”, grupo social ou cívico desprezível no qual fui inscrito há já cerca de 10 anos pela mão amiga do actual Presidente da Assembleia da República (na sub-classe “aves agoirentas”, presumo que um dos escalões mais baixos desse grupo de deserdados).
3. E o mais curioso é que alguns dos presentes, nomeadamente o ilustre autarca vila-condense, meu velho amigo e colega dos tempos do liceu nacional da Povoa de Varzim, ao mesmo tempo que lamentavam profundamente a escalada do desemprego, clamando alto e bom som pela necessidade de inverter este inferno económico e social em que parece estarmos a cair...aplaudiam as famosas “medidas” que com que o Governo continua a ameaçar, dando preciosa ajuda ao aprofundamento da crise.
4. Não há mesmo nada a fazer, pensei com os meus “buttons”...nunca mais aprendem, não me parece existir outra solução que não seja a economia continuar a deslizar e a afundar-se, agravando cada vez mais as condições de vida da generalidade da população...sempre com a honrosa excepção dos sectores protegidos -Estado Central, Regional e Autárquico, Sector Empresarial do Estado Central, Regional e Autárquico – em ambos os casos com a sua legião de intrépidos servidores semi-produtivos ou nada produtivos – empresas monopolistas ou quase-monopolistas com todos os seus privilégios.
5. Voltando às memórias, estas excelentes criaturas que hoje tanto acarinham o programa de combate à crise (= aprofundamento da dita) não percebendo que se estão afundando cada vez mais, são as mesmas, com escassas variantes, que atribuíram nota EXCELENTE à política de extermínio de recursos do famoso exercício orçamental delirantemente pró-cíclico do saudoso governo do Eng.º A. Guterres – que até cometeu a proeza de nos introduzir no Euro em marcha-atrás, acrobacia difícil mas que nos preparou para os imensos benefícios que agora estamos desfrutando nesta triste alegria.
6. E são também os mesmos que, volvidos poucos anos, aplaudiram em quase delírio a providencial proclamação de 25.04.03 do Presidente Sampaio “há mais vida para além do orçamento” que teve o incomensurável mérito de servir de certidão de óbito para a política anti-nacional com que M. F. Leite procurava – talvez mais em força do que em jeito, se é que há alguém com jeito para tal – combater o caminho de endividamento desvairado em que o País se tinha lançado a galope...
7. Por isso digo que o exercício de discutir o estado da economia em Portugal é LASTIMÁVEL – o triste espectáculo de ontem bem o ilustra – e ao mesmo tempo OCIOSO, pois é evidente que o agravamento da situação nunca servirá de lição - voltamos sempre aos mesmos erros, até com convicção reforçada!
8. E parece que vem aí a velha Regionalização em jeito de “drive a nail into our coffin”...

4 comentários:

Pinho Cardão disse...

Caro Tavares Moreira:

Errar é humano, mas persistir no erro é criminoso, quando se trata de erros que põem em causa a vida de milhares ou milhões de pessoas.
Pode-se persistir no erro, por ignorância; mas também se persiste no erro por má fé, quando se tomam medidas fáceis ou facilitistas, por consideradas políticamente correctas por uma sociedade hipnotizada pelo facto de elas virem a ser repetidas até à náusea de há muito a esta parte.
O caminho de mais despesa pública é erro. O caminho de aumentar impostos é erro. Com esta política é inevitável o aprofundamento da crise, como o meu amigo muito bem diz. As medidas tomadas são um veneno que tem visivelmente produzido efeito, traduzido no estado da economia. Esse estado não se deve à actual crise, vem de longe e tem sido previsto aqui no 4R desde que o Blog foi criado há três anos.

Pinho Cardão disse...

...há quatro anos,digo!...

Tonibler disse...

Caro Tavares Moreira,

Não foi o presidente Sampaio que matou a política económica de MFL e, digamos, estoirar um esparrame de dinheiro em submarinos, só porque o Portas queria para aquilo que todos sabem, é porque havia mesmo muita vida para lá do orçamento...

E juntando o comentário do caro Pinho Cardão, errar é humano quando é o erro é dum humano. Quando é de 10 milhões deles, é destino!

Tavares Moreira disse...

Absolutamente toda a razão, caro Pinho Cardão!
Acabei de verificar mais aumentos de impostos escondidos, provavelmente como muitos outros...(i)a taxa para financiar o INEM, incidente sobre os prémios de seguro aumentou este ano 100%...de 1 para 2% e (ii) a partir de Janeiro passou a ser exigível para a realização de qq contrato de arrendamento ou de compra e venda de imóvel a emissão de um certificado energético cujo custo em certos casos atinge € 20.000,00 ou mesmo mais...pago pelas empresas que estão na mais completa penúria, com atrasos de pagamento aos bancos, ao fisco, aos fornecedores...
Estas medidas deverão ser tb parte integrante do combate à crise...só que, por uma questão de produzirem efeitos mais cedo entraram já em vigor a 1 de Janeiro...

Caro Tonibler,

Como terá reparado, eu não disse que o Presidente Sampaio, o Venturoso, matou a política económica de F. Leite...disse, sim, ter sido ele quem passou a certidão de óbito, apenas isso.