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quinta-feira, 2 de abril de 2009

Salazar relativo!...

Até não há muito tempo, sabíamos que Salazar era um obstinado solitário e, salvo o romance com a jornalista Christine Garnier, o belo sexo era-lhe completamente indiferente.
Com o enorme trabalho de investigação de Felícia Cabrita, foi-nos revelado que, afinal, Salazar era um sedutor encartado, pingando amor a todo o instante, um verdadeiro D. Juan, amante de bailarinas e cartomantes, destruidor de corações, no Vimieiro ou no Hotel Borges.
Também não há muito tempo, sabíamos que Salazar era um católico zeloso e praticante, estrénuo defensor da Igreja Católica.
Mas outro enorme trabalho de investigação traduzido em livro que sairá amanhã, conta o DN, vai irrefutavelmente elucidar-nos que Salazar era “maçon”, renunciou a algumas práticas do catolicismo, se afastou da Igreja Católica e rejeitou alguns dos seus mais importantes dogmas. Mais ainda, “tornou-se crente, sacerdote e pregador da fraternidade do compasso e do esquadro”.
Depois da “pesada herança”, parece que teremos de nos haver com outra duas: a primeira, a de saber, afinal, se o Salazar conhecido sempre existiu; a segunda, a de saber se não há por aí uns pândegos a querer seriamente viver à conta de Salazar!...
A informação é mesmo muito relativa!...

4 comentários:

Luís Bonifácio disse...

Ainda vamos descobrir que afinal ele era membro do PCP. Só perseguindo Cunhal por este não o ter deixado ser Secretário-Geral.

Pinho Cardão disse...

Ora aí está uma suculenta tese para explorar, caro Luís Bonifácio!...
E alguém se irá habilitar a uma bolsa para a investigação...

Bartolomeu disse...

Sou da colheita de 55, era Salazar, ou mais propriamente o Dr. Oliveira Salazar, o capataz da quinta. Foi-o ainda, durante mais 13 anos. A consciência que detenho das políticas do Presidente de Conselho, baseiam-se nos testemunhos familiares, em documentos publicados e muito pouco na memória de factos vividos.
Lembro-me melhor de como era O Portugal dos anos 60 e 70, quer do Portugal citadino, do litoral ou do interior. Lembro-me das diferenças sociais que existiam, lembro-me do grande controlo que a igreja exercia na sociedade, lembro-me que, sobretudo no interior, a igreja explorava tremendamente a faceta supersticiosa do povo.
Talvez devido a essa religiosidade e essa superstição, os dois maiores estadistas de Portugal, Sebastião José de Carvalho e Melo e António de Oliveira Salazar viram os seus poderes ligados a dois cardeais, o primeiro ao do irmão Paulo António de Carvalho e Mendonça, o segundo a Manuel Gonçalves Cerejeira, com quem não possuía laços familiares mas com quem se relacionava como irmão. Ambos os estadistas reconheceram que o poder temporal não é dissociável do poder religiosos, que o êxito dos objectivos depende da motivação do povo que governam e que para isso é de fundamental importância a intervenção da igreja.
A título de curiosidade: O ano passado, numa das minhas deambulações pelas montanhas do norte do país, descobri na Serra Amarela, ainda pertencente ao conjunto que compõe o Parque Natural do Gerês, uma casa onde me referiram ter sido em tempos um local onde Salazar fazia os seus retiros (espirituais? políticos?estrategas?).
O local é isolado é de excepcional beleza , numa encosta voltado para um vale a perder de vista, rodeado por cumes altíssimos. Ali, quem não souber, também não irá suspeitar que existe mais mundo.
;))

Pinho Cardão disse...

Ou, pelos vistos, também amorosos, caro Bartolomeu...