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segunda-feira, 4 de maio de 2009

Um cartaz surrealista, de humor negro ou de mau agoiro?

1. Na colocação profusa de cartazes/outdoors a que se tem dedicado, com especial afã, um dos partidos concorrentes às eleições para o parlamento europeu, há um que me prendeu a atenção pelo equívoco de simbologia que expõe.
2. Esse “outdoor” faz parte de uma bem ilustrada galeria em que personalidades relevantes do mesmo partido aparecem associadas aos grandes feitos europeus do nosso País, feitos esses que permitem explicar a situação de imensa prosperidade em que nos encontramos.
3. Um desses feitos foi a participação no Euro...e para celebrar condignamente esse feito, nada melhor do que escolher a figura de herói nacional que a ele se quis associar: nada mais, nada menos do que o Engº A. Guterres.
4. Para isso lembraram-se de apresentar a figura bastante afável do ex-1º Ministro exibindo garbosamente uma moeda de 1 €...e logo aqui me aprece existir o primeiro erro de concepção do “outdoor” - porque não optaram pela exibição de uma nota de € 500, que traduziria bem melhor o estado de prosperidade em que o País se acha “mergulhado”?...
5. Não se percebe esta pequenez ou miserabilismo do pequenino 1€...será que não quiseram ser acusados de novos-ricos? Se foi, parece-me mal, não devemos ter vergonha da nossa prosperidade...
6. Mas mais curioso – e erro maior na minha modesta opinião - é que tenham escolhido, para associar a este feito, a pessoa que quiçá mais generosamente terá contribuído (sem qualquer má intenção como é evidente, foi mesmo e só generosidade...) para que a nossa participação no Euro se tivesse transformado num desastre económico e no pesadelo que hoje bem percebemos...
7. Ao ponto de nesta altura não existir a menor ideia de como vamos sair da “embrulhada” em que nos meteram...leiam por favor Vítor Bento, “Perceber a Crise para Encontrar o Caminho” como aqui já sugeri...
8. Convém não esquecer que as “gaffes” sucessivas de política económica do período imediatamente anterior (1997-1998) e dos anos subsequentes à entrada no Euro (1999,2000,2001...) – criaram uma dinâmica de despesa/endividamento imparável e de afundamento das produtividades que conduziram, em linha recta, à delicadíssima posição em que agora nos encontramos...
9. O breve consulado de D. Barroso/F. Leite, apesar da enorme abnegação desta última e de algum progresso conseguido em 2002/2003 (visível na forte redução do défice com o exterior), não se mostrou capaz de corrigir duradouramente essa dinâmica suicidária. Depois disso, enfim...
10. Aqui chegados, interrogo-me sobre qual terão sido os vectores motivacionais desta tão pouco inspirada escolha publicitária: (i) simples surrealismo político de resto tão em voga? (ii) exercício de humor negro, à falta de melhor? (iii) sinal de mau agoiro, cunhado em mensagem paradoxal, para uma campanha cujo objectivo seria (ainda será?) a obtenção de uma vitória?
11. Querem escolher ou têm outra explicação, porventura mais lógica ou clarividente?

2 comentários:

Manuel Brás disse...

Esta gente socialista,
por pura teimosia,
é de pensamento simplista
aliado a overdoses de hipocrisia!

São tantas as ilusões
que estes socialistas debitam,
não passam de trapalhões
que fracos ilusionistas imitam.

Os medíocres cartazes socialistas,
bem evidentes e reais,
são demasiado simplistas
e de contornos surreais.

Enganando a sociedade
com espectáculos deprimentes,
consome-se até à saciedade
infames ilusões dementes!

Tavares Moreira disse...

Caro Manuel Brás,

Sua poesia de intervenção reflecte cada vez mais fielmente o ambiente toldado, espesso e deprimente que a direcção da política doméstica nos vai proporcionando!