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terça-feira, 16 de junho de 2009

A súbita moderação de um animal feroz

Os resultados das eleições para o parlamento europeu tiveram um impacto colateral muito para além do esperado. O País acordou hoje a ouvir nos noticiários o PS a falar em "humildade", a palavra que assenta pior à conduta política da maioria neste mandato. O próprio PM e secretário-geral do PS que em tempos a si mesmo se qualificou um animal feroz, perdeu - ou pelo menos pôs temporariamente de lado - o estilo agressivo, a roçar a arrogância, que cultivou ao longo do mandato.
Não haverá, obviamente, espaço ou tempo para o PS corrigir trajectos até às próximas eleições. E muito menos para refrescar a equipa governativa, como absurdamente alguns sugeriram. Por isso, para além da paragem estratégica de alguns comboios, a mudança do PS vai ser fundamentalmente de estilo. Os sinais são bastantes. A moderação no discurso. O início da dramatização em torno da questão da governabilidade. A mudança de porta-voz...

3 comentários:

Bartolomeu disse...

Tudo aquilo que assinala, caro Dr. José Mário, é obvio. Vamos assistir a uma mudança de atitude Pê Essiana. Bastará a mesma para que o PS atinja os objectivos assinalados por José Socrates? ou seja... a maioria parlamentar?
Chega!
Se a oposição se mantiver a laborar em banho-maria, se a oposição não se motivar e se decida a conquistar o lugar que lhe pertence e a defendê-lo com justiça, clareza e frontalidade.
É de esperar que a atitude do PS passe a ser de fingida humildade, e de promessas fantásticas, ao mesmo tempo que adoptará uma forma agressiva e destructiva para enfrentar a oposição.
E o povo gosta disso. O povo gosta de tricas e baldricas, e gosta muito de promessas.
Mas o povo é tambem sensível à honestidade e sabe reconhecer a vontade de edificar e é capaz de se mobilizar se alma que o conduz for grande.
Nestes 3 meses que restam, o PSD precisa de mostrar ao povo que possui essa grande alma, essa clareza de espírito e de atitude, tem de demonstrar ao povo que possui o desejo de acertar o que está desafinado e que possui a vontade de o fazer, assim como a equipe capaz de concretizar esse desejo que é tambem um desígnio.
Neste momento da vida do país, não parece que o povo se interesse muito por partidos, por esquerdas e por direitas, ou por blocos centrais que nem sequer estão formados, muito menos provados. A prova esteve no resultado dos votos em branco.
Aquilo que todos desejam ansiosamente, é que alguem lhes fale verdade, lhes indique o caminho viável, lhes garanta o conhecimento suficiente para conduzir essa tarefa com eficiência.
O país precisa urgentemente de reformas. Reformas sérias e objectivas, que visem o melhor funcionamento dos sectores públicos e privados. O país precisa de reformas que visem a protecção e simultâneamente o progresso, reformas que incentivem e regulem e que permitam o investimento com a certeza que o estado é uma entidade que acompanha, que regula, que incentiva e que exige honestidade.
O povo, precisa e espera que da esquerda ou da direita, de cima ou de baixo, surja uma equipa coesa, consistente, determinada a governar, respeitando e fazendo-se respeitar.

jotaC disse...

Caro Drº Ferreira de Almeida:
Subscrevo totalmente a sua análise.
O engº Sócrates é um homem extremamente arguto, face àquele resultado eleitoral depressa percebeu os motivos maiores que originaram tal desaire. No entanto, pese embora o facto de ser um excelente ator, uma versão tony carreira com o significado que isso tem no eleitorado feminino, o espaço de tempo é curto para a plástica surtir efeitos. Mas, admitindo que pensem diferente de mim, lá estão os mesmos ministros a lembrar aos professores, aos médicos, à magistratura, aos funcionários públicos, aos desempregados etc, a incontida arrogância que tem sido apanágio desta governação.

Fartinho da Silva disse...

O Primeiro Ministro pode fazer o que entender mas da derrocada final não escapará.

As pessoas não vão esquecer durante MUITOS anos aquilo que este senhor e o partido que o apoiou lhes fez e especialmente todo o populismo venezuelano que utilizou ao longo de todo este mandato. Acredito que o PS deverá conhecer um loooooongo período no deserto em tudo semelhante àquele que o PSD tem atravessado desde 1995.