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quarta-feira, 15 de julho de 2009

Mapa Etno Musical de Portugal



O jornal i dá-nos conta da publicação, em formato digital, do novo Mapa Etno-Musical de Portugal, da autoria de Júlio Pereira, que fez a apresentação hoje, na Livraria Ler Devagar. O projecto teve o apoio do Instituto Camões e assinala em cada canto do País a música tradicional, os trajes, os instrumentos e ainda as explicações históricas dessas tradições.
Há quem diga que só se conhece bem um país, ou uma região, quando se experimenta a sua gastronomia, porque ela reflecte todas as condições de vida de um povo, mas o conhecimento mais enriquecedor e o que nunca mais se esquece é o que resulta do contacto com as pessoas, os seus hábitos, o seu sotaque, e quando se decifra a razão de ser das suas tradições. Ora é precisamente esse domínio que leva mais tempo, que exige um olhar atento e demorado, incompatível com as viagens turísticas de poucos dias, muitos quilómetros, muitas paisagens e ainda mais fotografias, e é uma pena.
Portugal é um País lindíssimo, construído ao longo de séculos, onde se reflectem todas as vicissitudes do cruzamento de povos, de alargamento de horizontes, de riquezas súbitas e pobreza imensa, sem no entanto perder a sua identidade. Em cada canto há traços e costumes que demonstram essa diversidade mas também esse traço comum que conseguimos resumir, para encurtar razões, na palavra saudade.
Uma das formas mais ricas dessa expressão dos povos, a música, as danças, o modo como celebram e se manifestam em grupo, está muito esquecida e é muitas vezes pura e simplesmente desprezada, quando não ignorada, sobretudo pelos mais novos. O crescimento das grandes cidades, o despovoamento das aldeias e a manifesta quebra na relação inter geracional, deixou para trás cantos e tradições, lendas e crenças, tudo marcas profundas da cultura e da raiz das populações.
O lançamento deste mapa Etno Musical em formato digital tem a imensa virtude de trazer à modernidade o testemunho e a compreensão do que não pode ser esquecido, sob pena de nos empobrecer a todos, de modo irreparável. E, já agora, pode até ser muito útil para a decisão política, uma vez que sem esse conhecimento, e sem o respeito por essas raízes, muito do que é diferente é tratado como igual, gerando decisões erradas ou cujos efeitos se arriscam a deitar a perder muito mais do que aquilo que se pretende ganhar.

1 comentário:

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Suzana
É realmente um espólio que fazia muita falta, para que as histórias das tradições e culturas locais e regionais não se percam e os portugueses tenham a possibilidade de conhecer melhor as suas terras e as suas gentes.
Seria muito importante que as tradições não se perdessem, porque são traços que fazem a diversidade e a curiosidade de as conhecer.
Muitas dessas tradições poderiam ser preservadas e promovidas enquanto factores de desenvolvimento de economias locais, incluindo o turismo.
Temos um património muito rico que tem grande potencial. Saibamos, pois, aproveitá-lo!