Número total de visualizações de páginas

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

"Vai-se andando"...

Hoje deu-me para dar uma especial atenção às respostas repetitivas que recebi ao cumprimentar várias pessoas a quem telefonei.
Acontece todos os dias, obviamente, mas hoje, vai-se lá saber porquê, decidi esmiuçar o assunto e pus-me a pensar porque é que somos assim, porque é que tem que ser assim.
Com efeito, todos nós nos damos conta que à pergunta “Como é que vais?" a resposta é quase invariavelmente “Cá se vai andando” ou “Vai-se andando” ou “Assim, assim, cá se está”!
Será que estas respostas são apenas um hábito ou costume ou será que são um reflexo de um fado triste que transportamos na alma?
Do que conhecemos da nossa ”identidade” este fado está gravado no nosso ADN e tenho para mim que nos tem sido altamente prejudicial. Porque “vai-se andando” é, afinal, uma atitude comportamental no pensar e no fazer.
O País está permanentemente em crise, as coisas não estão a andar bem, as pessoas vivem com dificuldades, o pessimismo está instalado e a esperança foi-se esfumando depois de anos e anos de reformas mal sucedidas e promessas de melhores tempos adiadas. O “vai-se andando” não contribui para lidar, muito pelo contrário, com as situações difíceis com o optimismo e a confiança que se impõem. Não é uma atitude positiva e vencedora.
De que nos adiantam as lamentações e o conformismo? Se não formos capazes de mudar a forma de pensar, de reagir e de encarar as situações também não seremos capazes de deitar mãos à obra e arregaçar as mangas, de confiar na capacidade que temos para resolvermos problemas e sermos bem sucedidos.
Aprender com as falhas e os erros cometidos e tomar consciência da necessidade de alterar a forma de agir para não os repetir faz-nos falta. É essencial para não encolhermos os ombros e aceitarmos o fado “vai-se andando” que, por experiência, já sabemos que não leva a lado algum. Quando é que será que vamos acabar com este “vai-se andado”?

"Proibido votar lixo"


Começou ontem a campanha eleitoral para as autárquicas. Em dois dias perdi o conto aos quilómetros que andei por montes e vales, aldeias e quintas, debaixo de um calor sufocante para a época. O meu “moleskine” registou inúmeros episódios que talvez venha a descrever no futuro. O corpo, ao final do segundo dia, quase que claudicou. Não consigo pegar um gato pelo rabo. Registei igualmente muitas imagens da beleza física e humana do Portugal “profundo”. Hoje, porque tenho que mergulhar rapidamente nos lençóis, deixo aqui uma fotografia tirada num pequeno local ao fim da tarde.
Nem queria acreditar...

Entre ver e reparar...

A propósito da visibilidade e do sucesso mediático das aranhas e das moscas, ocorre-me um episódio que me contou um amigo que foi ao seminário sobre felicidade realizado há dias em Lisboa por Tal Ben-Shahar, Professor em Harvard de Psicologia Positiva. A certa altura do seminário havia um exercício que era o seguinte: um écran gigante tinha projectadas várias imagens e, entre elas, um desenho geométrico com triângulos. O orador desafiou a assistência a dizer quantos triângulos viam e deu-lhes tempo para contar. Muitas pessoas levantaram o braço a dizer quantos triângulos viram. Em seguida, depois de apagado o écran, perguntou: -“ E quantas crianças iam no autocarro?” Ninguém, ou só um ou dois, tinha reparado no autocarro, apesar de o terem visto na imagem, quanto mais nas crianças que lá iam dentro, pois estavam todos condicionados para olhar atentamente os triângulos e só raros conseguiram sair da esquadria previamente desenhada.
É talvez por isso que o discurso do Papa ficará como o discurso da aranha ou a entrevista de Obama marcada pela cena da mosca e da reacção da Sociedade Protectora de Animais….

2º Mito: A investigação tecnológica em Portugal

Continuo a série Mitos e Obstáculos que impedem o nosso desenvolvimento e a que aludi em post anterior.
A produção de artigos tradicionais tende a ser deslocalizada para os países em que o custo dos factores é mais baixo. Onde esse custo é mais caro, as margens diminuem ou passam a negativas, tornando o negócio inviável.
A solução é acrescentar-lhes valor ou apostar decididamente em novos produtos. É esta a essência da inovação e não há inovação sem investigação tecnológica aplicada.
Os investimentos em investigação tecnológica são importantes e decisivos, se se concretizarem em inovação, mas inovação entendida como a criação de novos produtos susceptíveis de serem comercializados. Pois só esses geram produção, criam emprego, riqueza e desenvolvimento.
As empresas portuguesas já o compreenderam e vêm aumentando aceleradamente os investimentos em investigação. Mas, como em qualquer outro país desenvolvido, precisam desesperadamente de parcerias com os Centros de Investigação Públicos, em que o Estado tem investido verbas significativas. Todavia, em pura perda. Porque é geralmente uma investigação que visa meros objectivos particulares do próprio Laboratório, ou feita a gosto do investigador. Ao contrário, e sem prejuízo de uma investigação fundamental, o que se exige é que esse esforço de investimento que todos pagamos se traduza numa investigação tecnológica virada para as empresas e para a inovação, que crie produtos e mercados. Em Centros onde a investigação se leva a sério, por exemplo, na Universidade de Austin, o lema é investigação que faça a diferença: capacidade de comercialização.
Claro que há alguns limitados casos de sucesso em parcerias de empresas com os Centros de Investigação do Estado, que desembocaram em inovação, mas infelizmente essa não é a regra.
O próprio diálogo com os Centros é difícil: dizia-me há dias um empresário que não consegue, há um ano, marcar uma entrevista sequer com determinado Centro de Investigação para desenvolver um produto, Centro esse aliás pertencente a uma Universidade onde é membro do Conselho Consultivo!...
E dizia o Prof. António Câmara, de forma eufemística, que os investigadores são muito autónomos. Pois têm que o deixar de ser.
Acabar com o mito de que há investigação tecnológica para o mercado seria obrigar os Centros de Investigação do Estado a estabelecer e dinamizar parcerias com as empresas (cujo investimento já ultrapassa o do Estado), com vista a desenvolver programas de investigação aplicada, com prazos estabelecidos, com metas parciais a atingir, com orçamentos aprovados, e com hierarquia definida, sob o controle das empresas. No âmbito dessa política, os Centros Tecnológicos que, no prazo de dois anos, não tivessem concretizado tais parcerias, seriam encerrados.
Claro que nada de aproximado faz parte de um programa político. Os políticos, para apaparicar a corporação, mais não fazem do que nela despejar dinheiro. Mas, tal como estamos, é um mito a investigação tecnológica em Portugal e constitui puro desperdício o dinheiro que o Estado nela investe.

Títulos que deviam fazer história

"Elisa promete empregos, casas e festival de tripas" - Correio da Manhã, 30/09/2009

terça-feira, 29 de setembro de 2009

O mistério português

(...)"Por lo demás, el portugués es muy barroco. Le gustan los detalles, no las estructuras. Aprecia, en todo, el talento decorativo. En un restaurante, el filete de ternera se sirve con patatas, arroz y verduras: el filete es pequeño, pero notable su séquito gastronómico. En España, los filetes de ternera son grandes y vienen con patatas fritas. Amante de las distancias y de los ensueños, perdulario y barroco, el lusitano es además muy individualista, lo que conlleva una cierta desorganización. Portugal transmite una suave impresión de caos, parecida a la que uno siente en una tienda de antigüedades. En España reina una mentalidad más geométrica, más germánica, quizás recuerdo del esplendor alemán de los Austrias". (...)
Vale a pena ler este artigo de Gabriel Magalhães no jornal La Vanguardia.

1º Mito: a ideia de que há liberdade de empreender e de investir

Inicio a série Mitos e Obstáculos que impedem o nosso desenvolvimento e a que aludi em post anterior.
Não há criação de riqueza e desenvolvimento sem empresários e investimento. Em Portugal, criou-se a ideia de que há liberdade de empreender e investir. É um mito.
Continuamos a viver num verdadeiro condicionamento industrial. Claro que tem um perfil diferente, embora não menos danoso do que o da célebre Lei de 1952, que visava a regulação do investimento. Passados quase 60 anos, o condicionamento burocrático a novas iniciativas continua mais feroz do que nunca, apesar de alguns tímidos e envergonhados esforços feitos.
Centenas de projectos de investimento acabam por apodrecer depois de anos e anos nos departamentos oficiais e outros tantos aguardam por tempos infindos os pareceres intermédios e finais que possibilitam uma tomada de decisão. A prática está tão consagrada que, quando o licenciamento é rápido, em vez de se louvar a diligência, logo surgem vozes a acusar de suspeita ou de corrupção quem interveio na autorização.
O condicionamento industrial vigente é o reflexo do espírito controleiro e burocrático de um Estado tentacular, que se expressa através de um número infinito de autorizações, que constrange todas as vontades e impede o desenvolvimento. O condicionamento industrial vigente foi conscientemente criado pela burocracia instalada como forma de justificar a sua existência e é a maior responsável pela corrupção, que atenta contra a livre iniciativa, a concorrência e o desenvolvimento dos melhores projectos.
Os Governos, dominados pelos burocratas, boicotam os investimentos que lhe são apresentados; para cúmulo, aumentam impostos, esportulando cidadãos e empresas, dizendo que é para reanimar a economia. Fazem o mal e a caramunha.
Queixamo-nos então da crise, quando o remédio está ali mesmo à mão, num Ministério, Organismo descentralizado ou Câmara Municipal. Acontece que os Partidos são cada vez mais de gente com mentalidade de funcionário e isso reflecte-se nos seus programas e na sua acção.
A plena liberdade de empreender e investir é um mito em Portugal.

Aranhas, moscas e outros insectos impertinentes


"Há algo mais desumano e destruidor do que o cinismo que procura negar a grandeza da nossa procura da verdade e o relativismo que corrói os verdadeiros valores que inspiram a construção de um mundo unido e fraterno?", Bento XVI, em Praga.


O Papa fez um discurso em Praga, perante diplomatas e políticos e os jornalistas puderam assistir à cerimónia perante um écran gigante, suponho que para poderem noticiar e desenvolver o tema da intervenção do Papa. Mas eis que uma aranha negra começou a passear nas brancas vestes papais oferecendo de bandeja a emoção do dia, e tanto bastou para que a cerimónia passasse a segundo plano.
A teia comunicacional teceu-se num instante, seguindo fascinada o percurso do animal, suspensa da reacção do Papa, quem sabe mesmo se cochichando apostas sobre se Sua Santidade teria a impaciência e a pontaria de Obama e lhe assentaria uma palmada certeira. Nada, a aranha campeou livremente, o Papa estava concentrado no que tinha para dizer, numa atitude certamente considerada pouco moderna, não é um bicharoco qualquer que o desvia do que considera importante, lá ficou a cena sem remate, que pena, foi preciso compor frases para terminar as crónicas.
Uma breve pesquisa na Net mostra que o que foi notícia, daquele magno encontro, foi o passeio da aranha, nada do discurso nem do seu impacto.
Nem Obama, nem mesmo o Papa resistem à intromissão de insectos impertinentes que ocupam o palco e distraem do que é importante, num culto absurdo da pequeníssima coisa, da intriga ou da anedota. O que seria no máximo um incidente torna-se notícia estrondosa, o resto para que é que interessa?, já está feita a notícia e marcada a agenda do dia. Pouco trabalho e muita espuma, e as páginas vão-se cobrindo de letras e palavras que até parecem notícias.

Consolidação orçamental para 2010...Como entender ?!

1. Notícia de relevo nesta data é a declaração que terá sido proferida esta manhã pelo Gov/BdeP sugerindo, recomendando ou ordenando (não percebi bem) que a consolidação orçamental seja adiada para 2010.
2. Um cidadão minimamente atento, não poderá deixar de abrir a boca de espanto ao ler esta notícia: mas então não ouvimos argumentar, “ad nauseam” nestes últimos tempos, que um dos grandes feitos do governo cessante foi precisamente o saneamento das contas públicas, a consolidação orçamental, depois do descalabro em que essas contas teriam sido deixadas pelo Governo PSD-CDS/PP no início de 2005?
3. Como compatibilizar esse proclamado sucesso com a proposta do Gov/BdeP de deixar a consolidação para 2010? Vamos consolidar, a partir de 2010, contas públicas que estão "mais do que" consolidadas graças ao trabalho do governo cessante? Como entender este paradoxo aparentemente insanável?
4. Se o Gov/BdeP tivesse referido apenas a necessidade de redução do défice orçamental, agravado por efeito de factores de ordem conjuntural, da recessão forte que atingiu a economia, ainda se poderia compreender - mas sem por em causa a consolidação orçamental tão arduamente adquirida...
5. Mas se a sugestão/recomendação é no sentido de estabelecer o objectivo de consolidação orçamental, isso só pode ser entendido como negação clara do que nos tem sido explicado pelo marketing oficial, “ad nauseam”!
6. Conclusão, ou o Gov/BdeP não fala verdade – será útil perceber porquê e com que consequências – ou então andamos este tempo todo a ouvir histórias de uma façanha governativa que simplesmente não existiu...como tem sido de resto abundantemente sustentado pelo nosso ilustre confrade Pinho Cardão...
7. Como vamos sair deste paradoxo? Será ou não necessário um trabalho árduo de consolidação orçamental e não apenas de redução do défice, neste último caso beneficiando do funcionamento quase mecânico dos estabilizadores automáticos accionados pela recuperação económica? 8.Alguém estará disponível para explicar?Será que o próximo debate orçamental poderá esclarecer este paradoxo?

A boa notícia do aumento da esperança de vida...

O fenómeno do envelhecimento demográfico é uma realidade inexorável que nos está a entrar, cada vez mais, pela casa dentro. Este fenómeno caracteriza-se, por um lado, pela baixa da natalidade e, por outro lado, pelo aumento da esperança de vida. Viver mais tempo é motivo para nos deixar mais felizes, o que nos deveria obrigar a pensar e a actuar no sentido de criarmos condições para que esta boa notícia possa ser vivida com bem estar, com qualidade de vida.
Trata-se, no entanto, de uma realidade para a qual Portugal ainda não se preparou e de grande complexidade, com reflexos, entre outros, na economia, nos hábitos de poupança, nos cuidados de saúde e no regime de pensões e respectiva sustentabilidade financeira, na organização do trabalho e da sociedade, no emprego e no entretenimento, nas redes familiares e sociais, nas respostas do Estado e da sociedade civil aos desafios e aos problemas que se colocam.
Entre nós não aconteceu ainda uma discussão alargada e plural da problemática do envelhecimento, assim como não dispomos de uma política integrada para lidar com o fenómeno e prepararmos activamente o futuro.
Este é um campo de mudança anunciada que se não tratarmos com antecedência provocará graves problemas sociais e económicos para os quais teremos dificuldades acrescidas em resolver correctivamente. Uma actuação preventiva recomenda-se.
Vejo, por isso, com bons olhos a iniciativa conjunta da Fundação Calouste Gulbenkian e da Universidade de Lisboa de criação do Instituto de Estudos sobre o Envelhecimento. Este Instituto terá como objectivos avaliar a nova “curva da velhice” e compreender os seus efeitos e contribuir para a formulação de políticas públicas. Que bem precisamos!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Mitos e Obstáculos I-Prólogo

A sociedade portuguesa está bloqueada: não crescemos, não inovamos, divergimos em vez de convergir, a dívida pública está a chegar a um ponto de não retorno, o peso do Estado é avassalador, a burocracia castra as melhores iniciativas, o défice público mina a economia, o desemprego aumenta. Mais grave ainda, as medidas que se tomam vêm sucessivamente agravando o mal. Porque são erradas. Mas, lamentavelmente, até são aceites, porque o politicamente correcto tomou conta da vida dos cidadãos. Mais do que nunca, as pessoas estão a viver de mitos.
É verdade que os mitos fazem parte da história da humanidade, dos tempos mais primitivos aos dias de hoje. Na civilização ocidental, foram mesmo elevados à mais alta condição pelos Gregos: “a mitologia grega é uma das mais geniais concepções que a humanidade produziu e que abarcou o céu e a terra, os mares e o mundo visível e subterrâneo”, dizia alguém.
Menos poéticos, menos fantasiosos, mas muito mais nocivos ao homem são os mitos portugueses da actualidade.
Eles estão por toda a parte, nas mentes dos cidadãos, na palavra dos políticos, na pena dos comentadores e dos analistas, nas rádios, nos jornais e nas televisões. Repetem-se e reproduzem-se, tal como os deuses da antiga Grécia.
E, em termos de deus maior, substituímos Zeus pelo Estado e ao Estado oferecemos hinos, louvores, produtos e sacrifícios.
Irei apresentar dez desses mitos e outros tantos obstáculos ao nosso desenvolvimento. Ignorados pelos Partidos nas suas proposta e programas, em nome do politicamente correcto. Ou neles mencionados numa linguagem dúbia e de oráculo de que ninguém entende o sentido e o geito.

Construir comunidades, criar lugares usando o senso comum

Prisioneiro do momento que passa ou do que acontece e não nos satisfaz? Não. A vida, felizmente, não fica presa nem ao momento nem ao acontecimento, muito menos ao que nos custa mais a tolerar.
Por isso aqui trago o registo de uma gostosa conferência em que foi oradora Cynthia Nikitin, vice-presidente de uma organização de fins não lucrativos sedeada nos EUA, a PPS - Project for Public Spaces, proferida na FCT - Universidade Nova por ocasião da cerimónia de entrega dos diplomas aos finalistas do curso de pós-graduação em Desenvolvimento Sustentável - Agenda Local XXI.
O tema interessava-me: como fazer do espaço público um lugar.
A primeira imagem da sucessão de slides em que se apoiou deixou-me de pé atrás. Tratava-se de uma foto-exemplo de um praça excepcional que todavia não era, para Cynthia, um lugar. A foto era, nem mais nem menos, da praça adjacente ao nosso Padrão dos Descobrimentos. Aquela, a da majestosa rosa-dos-ventos.
Como aceitar que um estranho, por mais douto e entendido, despreze uma obra que é um dos ex libris da Capital? Confesso que não foi dificil compreender a mensagem após a oradora fazer desfilar diante de nós exemplos de praças menos majestosas mas repletas de vida, de crianças, de adultos, de idosos. Um lugar feito comunidade onde as pessoas vão para conviver numa mesa de esplanada, para jogar, para passear, ou simplesmente para estar...
Não pude deixar de pensar noutros locais de Lisboa. Lindíssimos e...desertos. Ou simples passagens para outros locais.
Hoje, que muito se falou do Terreiro do Paço a propósito do início das obras de reabilitação, faço votos para que o projecto permita que aquela magnifíca praça volte a ser, como no passado de que nos fala a História, um lugar. Um lugar de encontros.

Recomenda-se uma voltinha pelo sítio do PPS. Por aqui, se faz favor.

Obra do túnel do Marão "cria" 1100 "postos de trabalho"...

1. Esta virtuosa notícia corria nos rodapés de alguns canais televisivos no último Sábado, véspera das eleições legislativas.
2. Anotei-a devidamente, pensando que daria bom tema de reflexão, atentos os clamorosos vícios de que enferma mas que não serão visíveis para muitos dos espectadores que como eu tiveram o “privilégio” de a visualizar.
3. Em primeiro lugar, a obra do túnel não “cria” nenhum posto de trabalho: poderá dar trabalho aos tais 1.100 ou a 600.000 se quiserem, mas não cria qualquer posto de trabalho. Para que criasse seria necessário que as pessoas que lá vão trabalhar por lá ficassem depois da obra concluída, talvez a contar as viaturas que passam, mas não é o caso...
4. Em segundo lugar, as pessoas a quem esta obra vier a dar trabalho serão trabalhadores por conta das empresas adjudicatárias, não por conta do túnel – e essas empresas mandarão para lá os que já são seus empregados, não vão recrutar – a não ser a título precário ou temporário – mais gente para o efeito.
5. Em terceiro lugar, mesmo que as empresas adjudicatárias venham a recrutar temporária ou precariamente mão-de-obra para esta empreitada, será interessante saber quantos serão portugueses e não ucranianos, moldavos, búlgaros, africanos, etc. Provavelmente uma escassa minoria de portugueses...
6. Em quarto lugar, estamos perante a estafada ideia que os investimentos se auto-justificam pela fase de execução – tudo o que se passar depois, na fase de exploração, é irrelevante, o importante é que se faça despesa: boa, má ou péssima é tudo igual.
7. Note-se que não estou a discutir a utilidade social desta obra em concreto, estou sim a por em causa a forma totalmente viciada, “manhosa” mesmo, como estes assuntos são tratados no plano propagandístico e que nos obriga a pagar uma factura crescente, pesadíssima, pelas tremendas ineficiências que diariamente se vão acumulando na utilização de recursos muito escassos.
8. Por último, esta notícia, divulgada em véspera de eleições - em que deveria ser observado grande recato no tratamento dos temas que foram objecto de debate na campanha - é tudo menos inocente: ela induzia as pessoas que a lessem a tomar partido pelos defensores das obras publicas, de mais obras públicas - ora vejam lá que só o túnel do Marão cria 1.100 postos de trabalho...e aquela “malandra” ainda está contra as obras públicas!...
9. Não vamos longe, não vamos mesmo a lado nenhum, enganando deliberadamente as pessoas com este tipo de notícias...e andam estes sujeitos tão preocupados, por exemplo, com a autenticidade da informação prestada aos consumidores sobre os produtos financeiros!

O círculo socialista do absurdo

Hoje, a Comunidade Europeia colocou Portugal sob vigilância, devido ao elevado défice orçamental de 6,5% previsto para 2009. Um veemente desmentido à propaganda de Sócrates, que passou toda a campanha eleitoral a dizer que o seu Governo tinha controlado a despesa pública e posto em ordem as contas do Estado.
Já em 2002, António Guterres e o seu Governo socialista deixaram Portugal com as contas públicas descontroladas, ao ponto de se irem perder os fundos comunitários, não fora a corajosa política orçamental a que foi obrigado o Governo de Durão Barroso e que trouxe o défice para o valor permitido de 3%.
Em 2005, o Governo de Sócrates forçou o Banco de Portugal a rever o défice previsto para cerca de 6%, como forma de pôr em causa a política anterior e justificar os gastos que pretendia fazer, colocando sem pejo, qualquer angústia ou vergonha, a despesa num patamar bem superior ao que qualquer gestão razoável da coisa pública deveria impor.
Agora, no fim do Governo de Sócrates, estamos igual ou pior que no fim do Governo de Guterres. Novamente com a CE a vigiar-nos. Estes sãoos factos.
Claro que aí virá mais uma vez a subida de impostos para pôr em ordem as contas do Estado e debilitar a economia.
É o círculo socialista do absurdo ou do absurdo socialista

Eleições: ter o pássaro na mão...

1. Foi este o pensamento que me acudiu quando ontem acompanhava o decurso da noite eleitoral: o PSD parecia ter o pássaro na mão, no rescaldo das eleições europeias, mas deixou-o fugir – como foi isto possível?
2. A resposta a esta questão leva-nos em 1º lugar à análise dos prognósticos eleitorais do 4R, pelos quais sou responsável e que repetiram o erro das europeias: tendo errado nestas, ao prever uma vitória do PS, embora escassa, também agora erramos, ao prever uma vitória do PSD, é certo que por margem pouco folgada.
3. Comecemos pela comparação do nosso prognóstico e dos resultados:

Prognóstico Resultado
Abstenção 45 40
PS 27-31 36,5
PSD 30-34 29,1
CDS-PP 8-11 10,5
BE 8-11 9,9
CDU 8-11 7,9

4. Como é fácil verificar, a principal falha no prognóstico esteve no PS cujo resultado superou largamente o limite superior do intervalo que lhe estava “reservado”. Já quanto aos restantes e para além de uma abstenção algo inferior, o prognóstico bateu quase certo, embora tanto PSD como CDU tenham ficado suavemente abaixo do intervalo de previsão.
5. Passando a uma indagação das razões para estas divergências, cabe em 1º lugar olhar para o insucesso do PSD que, de acordo com as sondagens, a escassos 10 dias das eleições era ainda dado como tecnicamente empatado com o PS.
6. Tenho para mim que a parte final da campanha do PSD foi demasiadamente má, cheia de episódios desfavoráveis habilmente explorados pelo seu principal adversário (com a preciosa ajuda do Bloco e de alguns prestimosos)...o caso das escutas aos “pasteis de Belém”, não tendo sido o único, terá sido todavia fatal, afectando uma mensagem de credibilidade esforçadamente construída (com algumas falhas...).
7. Mas também me pareceu que o PSD desde o início se deixou embalar pelo resultado das europeias, partindo do princípio que tendo o pássaro na mão este já não lhe fugiria... e não encontrou um programa de campanha, com uma meia dúzia de questões concretas, facilmente perceptíveis pelo eleitorado, que constituíssem tema diário e obrigatório das suas mensagens...os temas generalistas escolhidos (asfixia, endividamento, etc) acabaram por se esfumar na confusão da luta eleitoral e dos casos pouco auspiciosos que apareceram, sem glória nem proveito.
8. O PS aproveitou bem os casos que surgiram (se participou também na sua fabricação pouco adiantará agora indagar...), remetendo o seu adversário, que devia jogar sempre ao ataque, para uma defensiva incómoda.
9. Particular destaque para os péssimos resultados do PSD no Porto e em Braga, em termos relativos bem piores que o resultado nacional.
10. O CDS-PP foi sem dúvida uma surpresa, embora dentro do intervalo de previsão do 4R, pois ninguém lhe augurava o estatuto de 3ª força política, podendo vir a representar, mais uma vez, o papel de fiel da balança – quem sabe se a coligação PS-CDS/PP que aqui auguramos na última 5ª Feira, com tons de algum humor, não vai mesmo tornar-se uma realidade?
11. Aguardemos agora pelos resultados das autárquicas que podem ajudar a clarificar o cenário das próximas soluções governamentais.
12. E aguardemos também as primeiras “provas de fogo” da nova Assembleia – votação do programa do Governo e, sobretudo, discussão e votação do Orçamento do Estado para 2010...

domingo, 27 de setembro de 2009

Uma réstea de azul!...


Hoje, e apesar de tudo, nem todas as notícias foram más.
O F.C.Porto ganhou mais uma vez a Super-Taça de Hóquei em Patins. Contra o Benfica, a quem venceu por 6-4.
Há sempre uma réstea de azul que nos conforta!...

O Povo é quem mais ordena

O Partido Socialista ganhou as Legislativas. Não creio que o merecesse. Mas, em democracia, o Povo é quem mais ordena.
E ainda não foi inventado melhor sistema.

Lembrar pelas piores razões...

Volta e meia temos notícia de mais um reencontro de famílias divididas pelo regime autoritário da Coreia do Norte. De novo aconteceu com noventa e sete sul-coreanos - de entre milhares que se encontram inscritos num programa humanitário que está em curso desde 2000, interrompido em 2007, e recentemente retomado - que atravessaram a fronteira com o Norte para reencontrar filhos e irmãos de quem foram obrigados a separar-se, há mais de meio século, em fuga à ditadura comunista que já leva 61 anos de existência. Estima-se que na Coreia do Sul vivam 600 mil pessoas com familiares na Coreia do Norte de quem foram separados e que nunca mais viram.
Sempre que leio estas notícias penso no horror deste regime autoritário em que uma classe dirigente comunista impede os cidadãos do uso das liberdades mais elementares que conhecemos no mundo ocidental, em particular a liberdade política e a liberdade religiosa, tratando-os como mercadoria e exercendo sobre eles uma disponibilidade patrimonial monstruosa. Com que direito se decapitam famílias, se esmagam afectos e se faz do sofrimento humano uma bandeira de regime? Tudo em nome de um poder totalitário que mantém uma população inteira à margem de uma vida decente, longe do mundo.
E penso também na dolorosa felicidade desses reencontros, simultaneamente efémeros e eternos, e na trágica separação a que estes familiares estão condenados.
É o mesmo regime que executou publicamente uma jovem mulher cristã, em Junho passado, por ter alegadamente distribuído a Bíblia. Melhor sorte tiveram os seus pais, o marido e três filhos que foram mandados, um dia depois da execução, para um campo-prisão para políticos numa cidade no nordeste do país!

sábado, 26 de setembro de 2009

“O bandido da lanterna vermelha”

Em 2004 foi executado nos E.U.A um cidadão acusado de ter incendiado a sua casa e do qual resultou a morte de três filhos. Clamou sempre a sua inocência. O acusador, com base nos relatórios de peritos que afiançaram a tese de fogo posto e na análise de um médico forense que o caracterizou como um “sociopata extremamente grave”, para não falar da incompetência do defensor oficioso, pediu a morte, ou melhor, apelou ao assassinato. Sim, assassínio “legal” – afinal, na prática, existe esta figura jurídica -, porque tudo aponta para a inocência de Willingham. E agora? Como é possível executar inocentes? Não foi a primeira vez, nem será a última, dirão muitos. Mas é admissível que se mate “legalmente” uma pessoa? Não, apesar de ao longo da história, não faltar, infelizmente, exemplos de execução de todos os géneros, dos quais sobressaem os de cariz religioso, os de natureza política e os frutos de ódios humanos. Os julgadores, moralmente deformados, atulhados de preconceitos, guiando-se por superioridade racial ou negando os princípios básicos da liberdade, corporizam, legal e religiosamente, o que de mais baixo existe na alma humana.
Cedo me apercebi que os homens se matavam uns aos outros, sobretudo nas guerras, glorificando os que matavam e endeusando os que morriam, se fossem os nossos, claro. No entanto, senti uma enorme dificuldade em compreender por que motivo a justiça mandava matar as pessoas.
Recordo ter vivido os últimos tempos de Caril Chessman no corredor da morte. Andava na terceira classe, e ouvia os comentários e a indignação face à condenação à morte do “bandido da lanterna vermelha”. Perguntei quem era e o que tinha acontecido. Disseram-me que um criminoso usava uma lanterna vermelha para atrair pessoas e depois fazia-lhes mal e que o tinham confundido com Chessman que, apesar de ter um passado criminoso, negava os crimes de que era acusado, e ia ser sujeito à morte numa câmara de gás. Quis saber mais sobre a prática e ficava sufocado por saber que o iam meter numa caixa onde morreria com falta de ar. No dia aprazado para a execução ao chegar a casa perguntei por ele. Disseram-me que tinha sido adiada a execução. Adiada uma vez, duas vezes, várias vezes, até que me convenci de que não o matariam. Mas não. Houve um dia em que soube que o mataram. Fiquei muito incomodado e revoltado. Na escola, desatento às atividades escolares, punha-me a imaginar o acontecimento com a criatividade própria de uma criança de nove anos.
Vivia, na altura, na estação dos caminhos-de-ferro, onde usavam velhas lanternas alimentadas a gás proveniente do carbureto. Bastava rodá-las para fazer aparecer um vidro verde ou vermelho. Era assim que se faziam sinais, acenando ao longe. Quando os ferroviários rodavam o vidro vermelho, e balançavam a lanterna, lembrava-me, imediatamente, do “homem da lanterna vermelha” e a minha cabeça começava a fervilhar com construções baseadas na imaginação e nos comentários dos mais velhos. Do mesmo modo, durante muitos anos, à retaguarda dos comboios usavam uma lanterna vermelha para sinalizar a marcha durante a noite. E sempre que a via voltava a lembrar a morte por asfixia de um condenado.
Meio século passado encontrei “2455 Cela da Morte”. Li-o com muito interesse. Precisava de o ler. Acabei por saber que o velho delinquente, que tinha lido milhares de livros e aprendido várias línguas, entre as quais o português, se tinha tornado num escritor e especialista em matérias penais. O último escrito, uma carta dirigida ao diretor de um jornal, horas antes da execução e publicada no dia seguinte é um belo manifesto contra a pena de morte.
Vale a pena lê-la. Assim ficamos a saber qual o estado de alma no momento mais cruel que pode atingir um ser humano: conhecer com precisão a hora e o dia da sua morte às mãos dos seus semelhantes por um crime que não cometeu.
"... Eu desejava continuar vivendo. Acreditei apaixonadamente que poderia oferecer uma contribuição com meus livros, não só à literatura, como à minha sociedade. Eu estava determinado a retribuir, assim, às milhares de pessoas de tantas nações que me defenderam e acreditaram em Caryl Chessman como ser humano”.
"...Chegou a hora, em suma, de morrer. Então assim acreditam muitos funcionários da Califórnia o Estado estará vingado e vingado estará seu sistema de Justiça retributiva. O Estado terá acalmado seu espírito de vingança. Mas, vingança contra o quê? Câmaras de gás podem matar gente e não contrafações de sinistros e arrependidos criminosos lendários, "monstros mitológicos".
"Face a face com a morte repito enfaticamente e sem hesitação: jamais fui o famoso "bandido da luz vermelha". O Estado da Califórnia condenou o homem errado, teimosamente recusou-se a admitir a possibilidade de seu erro, e muito menos, a corrigi-lo”.
"...Vou morrer com conhecimento de que deixo atrás de mim outros homens vivendo seus últimos dias no corredor da morte. Declaro aqui que a prática de matar ritualmente e premeditadamente outros homens envergonha e macula nossa civilização, sem nada resolver contra aqueles que se lançam violentamente contra a sociedade e eles próprios”.

O regabofe dos gastos socialistas

No Partido ou no Governo, o que os socialistas sabem fazer melhor é gastar.
Para as europeias, o PS orçamentou 1,52 milhões de euros. Gastou 2,76 milhões. Mais 1,24 milhões de euros, quase o dobro do orçamentado.
No Governo, os Socialistas compensam os gastos inúteis e desenfreados com o aumento dos impostos. Se continuarem no Governo, e a avaliar pelo passado, é mais que certo o aumento das dotações do Orçamento do Estado para as festanças eleitorais. Para cobrir o défice, claro. Naturalmente, a expensas do contribuinte. Mas A Bem da Nação socialista.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Haja paciência...

Quem ouvir hoje os comentadores de serviço em todas as rádios e televisões diria que se dispensou o voto do povo…

O financiamento das doenças oncológicas

O telejornal da TVI 24 deu notícia de um estudo realizado por um grupo de médicos de oncologia, coordenado pelo Dr. António Araújo, onde se conclui por um claro sub financiamento do tratamento de doenças oncológicas em Portugal. Segundo esse estudo, temos o mais baixo nível de gastos da Europa no tratamento desta doença e muito atrás do que é gasto com as doenças cardio vasculares, com cuja dimensão e impacto social se compararam.
A iniciativa do estudo foi explicada com as pressões a que estão sujeitos os médicos para evitarem prescrever os tratamentos mais dispendiosos ao ponto de “lhes causar problemas de consciência” e “a incompreensão dos doentes e das famílias”, segundo o coordenador do estudo, que adiantou que a política do medicamento definida pelos Governo e aplicada através dos Administradores Hospitalares não tem tido em conta a realidade da doença oncológica, por falta de estudo dessa realidade. O representante dos Administradores Hospitalares reconheceu que “por vezes é atrasada” a compra dos medicamentos mais actuais e eficazes, por razões de disponibilidade financeira. O Dr. António Araújo sublinhou que o principal problema reside na forma errada como se gerem os recursos escassos, uma vez que são orientados para outras doenças que têm um impacto social e pessoal menos grave do que o cancro.
Estava a ouvir o manifesto constrangimento do médico, a segurar as palavras para não ser demasiado veemente, e a conversa enrolada do Administrador e a perguntar-me que recursos financeiros terão já sido mobilizados no âmbito da Gripe A, que agora afinal não exige tantas análises de despiste, nem tantas escolas fechadas ao primeiro espirro, nem tantas leituras em directo dos boletins de saúde, nem tantas ambulâncias especilamente equipadas, nem tantos planos de contingência, nem, nem, nem.

“Meter a pata na poça”

Gastaram um planeta Terra! “A nossa pegada ecológica global acabou de ultrapassar a biocapacidade da Terra. Até ao final do ano vão ser necessários 1,4 planetas para gerar o que consumimos”.
Aqui está a expressão fiel da tolice da espécie humana, que só sabe viver a crédito! Agora quero ver onde vão buscar o resto do planeta que nos faz falta! Exemplos destes não se esgotam em termos ecológicos, no fundo traduzem comportamentos “económicos”. Basta ver a “pegada política” do nosso PM cuja capacidade de endividar o país é mais do que notório. Já vai, dizem os entendidos, em 107%, e parece que vai continuar.
Pegada ecológica, pegada política, pegada cívica, pegada moral, enfim, só vejo “patas”, cada vez maiores, a enfiarem-se nas poças...

É bom lembrar, antes de votar

"No domingo, só uma pessoa está no banco dos réus: José Sócrates...A governação socialista é a única coisa que estará sob julgamento no domingo... Não foi MFL que aumentou os impostos. Essa gentileza é da responsabilidade de Sócrates.
Não foi MFL que legou ao país um número record de desempregados.
Depois, não foi MFL, mas sim Sócrates que processou 9 jornalistas em 4 anos.
Não foi MFL que transformou um juíz amigo num ministro amigo.
Não foi MFL que lançou a maior campanha de intimidação contra a imprensa e meios de comunicação social.
Não foi MFL que deixou a escoia pública em pé de guerra.
E, acima de tudo, não foi MFL que permitiu a subida vertiginosa do endividamento do país. O 1º Ministro conseguiu passar uma campanha inteira sem nunca mencionar o dado dramático: o nosso endividamento atingiu os 107%(em 2000, era apenas 36%)...
Durante os últimos quatro anos e meio, o 1ºMinistro foi Sócrates e não MFL ou Cavaco. Mais, nos últimos catorze anos, o PS governou durante onze anos e meio. Os números não mentem. Se o país está mal, então isso deve-se sobretudo ao PS".
Henrique Raposo in Expresso de hoje, 25 de Setembro de 2009

A educação e a vida, a vida e a educação...

Há anos que não lia nada tão bom. Trata-se do discurso de Obama proferido por ocasião da abertura do ano escolar, numa escola na Virgínia, perante miúdos de todas as idades entre a pré-primária e os 12 anos.
Mas a palestra vai, a meu ver, muito para além do objectivo de motivar os estudantes a trabalhar, a fixarem metas e a assumirem responsabilidades na sua própria educação. É também um testemunho riquíssimo do que é a vida, com e sem educação.
À parte das acusações de propaganda política que rodearam o discurso, com Obama a ser acusado de “doutrinar as crianças”, admiro a dimensão humana e a dimensão política desta intervenção e a apologia dos princípios e valores universais que lhe estão subjacentes – cidadania, trabalho, exigência, esforço, humildade, responsabilidade.
O texto, traduzido para português, foi-me enviado por uma Amiga com o apontamento de que o leu em voz alta aos filhos, antes do jantar.
Vale a pena ler!

-- Sei que para muitos de vocês hoje é o primeiro dia de aulas, e para os que entraram para o jardim infantil, para a escola primária ou secundária, é o primeiro dia numa nova escola, por isso é compreensível que estejam um pouco nervosos. Também deve haver alguns alunos mais velhos, contentes por saberem que já só lhes falta um ano. Mas, estejam em que ano estiverem, muitos devem ter pena por as férias de Verão terem acabado e já não poderem ficar até mais tarde na cama.

Também conheço essa sensação. Quando era miúdo, a minha família viveu alguns anos na Indonésia e a minha mãe não tinha dinheiro para me mandar para a escola onde andavam os outros miúdos americanos. Foi por isso que ela decidiu dar-me ela própria umas lições extras, segunda a sexta-feira, às 4h30 da manhã.

A ideia de me levantar àquela hora não me agradava por aí além. Adormeci muitas vezes sentado à mesa da cozinha. Mas quando eu me queixava a minha mãe respondia-me: "Olha que isto para mim também não é pêra doce, meu malandro..."

Tenho consciência de que alguns de vocês ainda estão a adaptar-se ao regresso às aulas, mas hoje estou aqui porque tenho um assunto importante a discutir convosco. Quero falar convosco da vossa educação e daquilo que se espera de vocês neste novo ano escolar.

Já fiz muitos discursos sobre educação, e falei muito de responsabilidade. Falei da responsabilidade dos vossos professores de vos motivarem, de vos fazerem ter vontade de aprender. Falei da responsabilidade dos vossos pais de vos manterem no bom caminho, de se assegurarem de que vocês fazem os trabalhos de casa e não passam o dia à frente da televisão ou a jogar com a Xbox. Falei da responsabilidade do vosso governo de estabelecer padrões elevados, de apoiar os professores e os directores das escolas e de melhorar as que não estão a funcionar bem e onde os alunos não têm as oportunidades que merecem.

No entanto, a verdade é que nem os professores e os pais mais dedicados, nem as melhores escolas do mundo são capazes do que quer que seja se vocês não assumirem as vossas responsabilidades. Se vocês não forem às aulas, não prestarem atenção a esses professores, aos vossos avós e aos outros adultos e não trabalharem duramente, como terão de fazer se quiserem ser bem sucedidos.

E hoje é nesse assunto que quero concentrar-me: na responsabilidade de cada um de vocês pela sua própria educação.

Todos vocês são bons em alguma coisa. Não há nenhum que não tenha alguma coisa a dar. E é a vocês que cabe descobrir do que se trata. É essa oportunidade que a educação vos proporciona.

Talvez tenham a capacidade de ser bons escritores - suficientemente bons para escreverem livros ou artigos para jornais -, mas se não fizerem o trabalho de Inglês podem nunca vir a sabê-lo. Talvez sejam pessoas inovadoras ou inventores - quem sabe capazes de criar o próximo iPhone ou um novo medicamento ou vacina -, mas se não fizerem o projecto de Ciências podem não vir a percebê-lo. Talvez possam vir a ser mayors ou senadores, ou juízes do Supremo Tribunal, mas se não participarem nos debates dos clubes da vossa escola podem nunca vir a sabê-lo.

No entanto, escolham o que escolherem fazer com a vossa vida, garanto-vos que não será possível a não ser que estudem. Querem ser médicos, professores ou polícias? Querem ser enfermeiros, arquitectos, advogados ou militares? Para qualquer dessas carreiras é preciso ter estudos. Não podem deixar a escola e esperar arranjar um bom emprego. Têm de trabalhar, estudar, aprender para isso.

E não é só para as vossas vidas e para o vosso futuro que isto é importante. O que vocês fizerem com os vossos estudos vai decidir nada mais nada menos que o futuro do nosso país. Aquilo que aprenderem na escola agora vai decidir se enquanto país estaremos à altura dos desafios do futuro.

Vão precisar dos conhecimentos e das competências que se aprendem e desenvolvem nas ciências e na matemática para curar doenças como o cancro e a sida e para desenvolver novas tecnologias energéticas que protejam o ambiente. Vão precisar da penetração e do sentido crítico que se desenvolvem na história e nas ciências sociais para que deixe de haver pobres e sem-abrigo, para combater o crime e a discriminação e para tornar o nosso país mais justo e mais livre. Vão precisar da criatividade e do engenho que se desenvolvem em todas as disciplinas para criar novas empresas que criem novos empregos e desenvolvam a economia.

Precisamos que todos vocês desenvolvam os vossos talentos, competências e intelectos para ajudarem a resolver os nossos problemas mais difíceis. Se não o fizerem - se abandonarem a escola -, não é só a vocês mesmos que estão a abandonar, é ao vosso país.

Eu sei que não é fácil ter bons resultados na escola. Tenho consciência de que muitos têm dificuldades na vossa vida que dificultam a tarefa de se concentrarem nos estudos. Percebo isso, e sei do que estou a falar. O meu pai deixou a nossa família quando eu tinha dois anos e eu fui criado só pela minha mãe, que teve muitas vezes dificuldade em pagar as contas e nem sempre nos conseguia dar as coisas que os outros miúdos tinham. Tive muitas vezes pena de não ter um pai na minha vida. Senti-me sozinho e tive a impressão que não me adaptava, e por isso nem sempre conseguia concentrar-me nos estudos como devia. E a minha vida podia muito bem ter dado para o torto.

Mas tive sorte. Tive muitas segundas oportunidades e consegui ir para a faculdade, estudar Direito e realizar os meus sonhos. A minha mulher, a nossa primeira-dama, Michelle Obama, tem uma história parecida com a minha. Nem o pai nem a mãe dela estudaram e não eram ricos. No entanto, trabalharam muito, e ela própria trabalhou muito para poder frequentar as melhores escolas do nosso país.

Alguns de vocês podem não ter tido estas oportunidades. Talvez não haja nas vossas vidas adultos capazes de vos dar o apoio de que precisam. Quem sabe se não há alguém desempregado e o dinheiro não chega. Pode ser que vivam num bairro pouco seguro ou os vossos amigos queiram levar-vos a fazer coisas que vocês sabem que não estão bem.

Apesar de tudo isso, as circunstâncias da vossa vida - o vosso aspecto, o sítio onde nasceram, o dinheiro que têm, os problemas da vossa família - não são desculpa para não fazerem os vossos trabalhos nem para se portarem mal. Não são desculpa para responderem mal aos vossos professores, para faltarem às aulas ou para desistirem de estudar. Não são desculpa para não estudarem.

A vossa vida actual não vai determinar forçosamente aquilo que vão ser no futuro. Ninguém escreve o vosso destino por vocês. Aqui, nos Estados Unidos, somos nós que decidimos o nosso destino. Somos nós que fazemos o nosso futuro.

E é isso que os jovens como vocês fazem todos os dias em todo o país. Jovens como Jazmin Perez, de Roma, no Texas. Quando a Jazmin foi para a escola não falava inglês. Na terra dela não havia praticamente ninguém que tivesse andado na faculdade, e o mesmo acontecia com os pais dela. No entanto, ela estudou muito, teve boas notas, ganhou uma bolsa de estudos para a Universidade de Brown, e actualmente está a estudar Saúde Pública.

Estou a pensar ainda em Andoni Schultz, de Los Altos, na Califórnia, que aos três anos descobriu que tinha um tumor cerebral. Teve de fazer imensos tratamentos e operações, uma delas que lhe afectou a memória, e por isso teve de estudar muito mais - centenas de horas a mais - que os outros. No entanto, nunca perdeu nenhum ano e agora entrou na faculdade.

E também há o caso da Shantell Steve, da minha cidade, Chicago, no Illinois. Embora tenha saltado de família adoptiva para família adoptiva nos bairros mais degradados, conseguiu arranjar emprego num centro de saúde, organizou um programa para afastar os jovens dos gangues e está prestes a acabar a escola secundária com notas excelentes e a entrar para a faculdade.

A Jazmin, o Andoni e a Shantell não são diferentes de vocês. Enfrentaram dificuldades como as vossas. Mas não desistiram. Decidiram assumir a responsabilidade pelos seus estudos e esforçaram-se por alcançar objectivos. E eu espero que vocês façam o mesmo.

É por isso que hoje me dirijo a cada um de vocês para que estabeleça os seus próprios objectivos para os seus estudos, e para que faça tudo o que for preciso para os alcançar. O vosso objectivo pode ser apenas fazer os trabalhos de casa, prestar atenção às aulas ou ler todos os dias algumas páginas de um livro. Também podem decidir participar numa actividade extracurricular, ou fazer trabalho voluntário na vossa comunidade. Talvez decidam defender miúdos que são vítimas de discriminação, por serem quem são ou pelo seu aspecto, por acreditarem, como eu acredito, que todas as crianças merecem um ambiente seguro em que possam estudar. Ou pode ser que decidam cuidar de vocês mesmos para aprenderem melhor. E é nesse sentido que espero que lavem muitas vezes as mãos e que não vão às aulas se estiverem doentes, para evitarmos que haja muitas pessoas a apanhar gripe neste Outono e neste Inverno.

Mas decidam o que decidirem gostava que se empenhassem. Que trabalhassem duramente. Eu sei que muitas vezes a televisão dá a impressão que podemos ser ricos e bem-sucedidos sem termos de trabalhar - que o vosso caminho para o sucesso passa pelo rap, pelo basquetebol ou por serem estrelas de reality shows -, mas a verdade é que isso é muito pouco provável. A verdade é que o sucesso é muito difícil. Não vão gostar de todas as disciplinas nem de todos os professores. Nem todos os trabalhos vão ser úteis para a vossa vida a curto prazo. E não vão forçosamente alcançar os vossos objectivos à primeira.

No entanto, isso pouco importa. Algumas das pessoas mais bem-sucedidas do mundo são as que sofreram mais fracassos. O primeiro livro do Harry Potter, de J. K. Rowling, foi rejeitado duas vezes antes de ser publicado. Michael Jordan foi expulso da equipa de basquetebol do liceu, perdeu centenas de jogos e falhou milhares de lançamentos ao longo da sua carreira. No entanto, uma vez disse: "Falhei muitas e muitas vezes na minha vida. E foi por isso que fui bem-sucedido."

Estas pessoas alcançaram os seus objectivos porque perceberam que não podemos deixar que os nossos fracassos nos definam - temos de permitir que eles nos ensinem as suas lições. Temos de deixar que nos mostrem o que devemos fazer de maneira diferente quando voltamos a tentar. Não é por nos metermos num sarilho que somos desordeiros. Isso só quer dizer que temos de fazer um esforço maior por nos comportarmos bem. Não é por termos uma má nota que somos estúpidos. Essa nota só quer dizer que temos de estudar mais.

Ninguém nasce bom em nada. Tornamo-nos bons graças ao nosso trabalho. Não entramos para a primeira equipa da universidade a primeira vez que praticamos um desporto. Não acertamos em todas as notas a primeira vez que cantamos uma canção. Temos de praticar. O mesmo acontece com o trabalho da escola. É possível que tenham de fazer um problema de Matemática várias vezes até acertarem, ou de ler muitas vezes um texto até o perceberem, ou de fazer um esquema várias vezes antes de poderem entregá-lo.

Não tenham medo de fazer perguntas. Não tenham medo de pedir ajuda quando precisarem. Eu todos os dias o faço. Pedir ajuda não é um sinal de fraqueza, é um sinal de força. Mostra que temos coragem de admitir que não sabemos e de aprender coisas novas. Procurem um adulto em quem confiem - um pai, um avô ou um professor ou treinador - e peçam-lhe que vos ajude.

E mesmo quando estiverem em dificuldades, mesmo quando se sentirem desencorajados e vos parecer que as outras pessoas vos abandonaram - nunca desistam de vocês mesmos. Quando desistirem de vocês mesmos é do vosso país que estão a desistir.

A história da América não é a história dos que desistiram quando as coisas se tornaram difíceis. É a das pessoas que continuaram, que insistiram, que se esforçaram mais, que amavam demasiado o seu país para não darem o seu melhor.

É a história dos estudantes que há 250 anos estavam onde vocês estão agora e fizeram uma revolução e fundaram este país. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 75 anos e ultrapassaram uma depressão e ganharam uma guerra mundial, lutaram pelos direitos civis e puseram um homem na Lua. É a dos estudantes que estavam onde vocês estão há 20 anos e fundaram a Google, o Twitter e o Facebook e mudaram a maneira como comunicamos uns com os outros.

Por isso hoje quero perguntar-vos qual é o contributo que pretendem fazer. Quais são os problemas que tencionam resolver? Que descobertas pretendem fazer? Quando daqui a 20 ou a 50 ou a 100 anos um presidente vier aqui falar, que vai dizer que vocês fizeram pelo vosso país?

As vossas famílias, os vossos professores e eu estamos a fazer tudo o que podemos para assegurar que vocês têm a educação de que precisam para responder a estas perguntas. Estou a trabalhar duramente para equipar as vossas salas de aulas e pagar os vossos livros, o vosso equipamento e os computadores de que vocês precisam para estudar. E por isso espero que trabalhem a sério este ano, que se esforcem o mais possível em tudo o que fizerem. Espero grandes coisas de todos vocês. Não nos desapontem. Não desapontem as vossas famílias e o vosso país. Façam-nos sentir orgulho em vocês. Tenho a certeza que são capazes. --

A frase do dia...

"Itália tem o lider que merece" (Roberto Saviano). Portugal também.


Roberto Saviano é o autor de Gomorra, livro que ainda não li. Mas já li uma bela obra sua: "O contrário da morte". Delicioso ver o amor de outra forma...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O melhor primeiro-ministro!?

Almeida Santos descreveu José Sócrates como «o melhor primeiro-ministro» depois do 25 de Abril. Sócrates retribuiu a distinção dizendo que o antigo presidente da AR é «um príncipe da democracia» .
Há aqui qualquer coisa que não bate bem. E o Guterres? E o Mário Soares? Estaremos perante o “efeito da idade”? Nunca se sabe! Mas considerar Sócrates como o melhor primeiro-ministro? !!! Eu vou ali abaixo e já venho...

Nojo de argumentação

Primeiro, o Partido Socialista evocou o salazarismo como forma de ataque ao PSD e a Manuela Ferreira Leite. Pensei que se tratava do delírio de um qualquer figurante menor, com bom acesso à comunicação social. Mas não. A acusação de colagem do PSD ao salazarismo e aos tempos da outra senhora continua a ser tema diário nos comícios do Partido Socialista. O que comprova tratar-se de estratégia eleitoral.
É deprimente, deplorável, condenável e causa mesmo repulsa que o Partido Socialista desça tão baixo na argumentação. Mas não é facto novo. O mesmo já aconteceu nas candidaturas presidenciais de Freitas do Amaral e de Cavaco Silva, quando Mário Soares evocou o perigo de totalitarismo e Almeida Santos, munido de aparelho de medida, dizia que esses candidatos não cumpriam um mínimo democrático.
Com o PSD no Governo, diz o PS, seria o regresso ao passado. Desta forma, o Partido Socialista permite-se classificar o PSD e, por arrasto, o seu líder e os seus apoiantes como anti-democratas.
Ora aí está uma forma de totalitarismo. Nojento, como qualquer outro. Mas, ainda pior, exibido de forma explícita e escabrosa.

Estimular novos apetites…

Numa época em que o insulto, a maledicência e a sacanice constituem o pão nosso de cada dia, alimentando os esfomeados por escândalos e os espíritos vingativos, além de ser uma fonte de prazer para os que defecam tais dejetos, é bom, e muito salutar, fazer algum contrabalanço com acontecimentos positivos e dignos que honrem a identidade nacional.
Vem a propósito esta curtíssima reflexão face à notícia segundo a qual, o médico português, Eduardo Barroso, ter sido distinguido, ontem, em Pequim, pelo seu extraordinário contributo para a cirurgia hepática. Trata-se de um acontecimento, a par de outros, que aparecem nas notícias “breves” ou em “notas de rodapé”, mas que para mim são merecedoras de honras mais condignas por parte da Comunicação Social a fim de afagar o ego dos portugueses. Se é que o ego de muitos portugueses tenha apetência para este tipo de alimento. De qualquer modo, proponho que os senhores jornalistas ajudem nesse sentido, ou seja, estimular os portugueses por tudo o que seja, realmente, relevante a nível nacional e internacional. Estou perfeitamente convicto de ganharíamos muito, mas mesmo muito, e em muitos sentidos.
Os meus parabéns ao Dr. Eduardo Barroso e a todos aqueles que têm contribuído para o prestígio nacional.

Pequeno apontamento...

É de facto notícia, nos tempos que correm, que alguém que tendo encontrado uma quantia de cerca de 9.000 euros se tenha preocupado em a entregar a quem a perdeu. Um gesto nobre de pessoa de bem e um exemplo de honestidade.
Mas sempre se poderá perguntar qual a razão que justifica assinalar um comportamento correcto, sublinhar aquilo que deve ser feito? A resposta é simples. É que numa sociedade em que somos permanentemente bombardeados com comportamentos desviantes, em que valores como a dignidade, integridade e seriedade estão ausentes, são louváveis os bons exemplos e a sua divulgação. Felizmente que ainda há, entre nós, muita gente de bem!

Ministra da Saúde e a morte por gripe A

A senhora Ministra da Saúde tem que ter mais cuidado com as suas conferências de imprensa. Anunciou o primeiro caso de óbito por gripe A. Agora o Hospital de São João acaba de informar que o doente era seropositivo para a gripe mas que morreu devido a outros problemas, pneumonia bacteriana, num organismo fortemente debilitado.
Por que razão não aproveita para fazer nova conferência e esclarecer o caso? Não me diga que já está farta de aparecer nas TVs!

Coligação PS-CDS/PP: outro cenário de alta velocidade?

1. Debatemos ontem as virtualidades de um cenário de coligação governamental pós-eleitoral PS-BE, analisando alguns dos seus aspectos mais relevantes, nomeadamente o da formação de parte do governo.
2. A rapidez dos acontecimentos e a alucinante oscilação dos resultados das sondagens (...) conduz-nos hoje à consideração de outro cenário, este com mais potencial, de uma coligação governamental PS/CDS-PP.
3. Este diferente cenário, comparado ao que ontem analisamos, tem a seu favor dois elementos: (i) a existência de precedente histórico, com actores distintos mas de óptimos resultados e (ii) uma receptividade bem maior, seguramente, por parte da classe empresarial.
4. É claro que este cenário continua a sofrer da fragilidade natural do anterior: vai contra a previsão do 4R o que, convenhamos, diminui em muito a sua verosimilhança...mas isso não deve constituir impedimento à sua análise com igual empenho metodológico!
5. Olhando às potencialidades desta solução, encontramos nela a mesma capacidade de aceleração e de animação da vida política que ontem vislumbramos numa coligação PS-BE. Porventura com um pouco mais de urbanidade, é certo – sem o problema das gravatas, por exemplo – mas em todo o caso emprestando forte aceleração e dinamismo ao calendário político.
6, Vislumbra-se uma dificuldade, superável com algum jeito todavia: não é imaginável a continuação do muito criticado mas talentoso ministro da Agricultura, a quem o CDS/PP dedica uma ternura muito particular...isso pode resolver-se, parece-me, restituindo o Senhor à sua origem comunitária, com uma passagem em executiva...
7. Não teríamos certamente a fricção com a classe empresarial, os militares talvez ficassem mais felizes...mas o que iria dizer a ala mais “radical” do PS, que advoga uma aliança com o BE? Bem vistas as coisas, o que essa ala mais radical disser inicialmente não contará muito desde que os seus apaniguados encontrem outro tipo de satisfações...
8. Na perspectiva de um governo que enfrenta uma conjuntura económica ainda muito difícil e que continuará bem difícil nos tempos mais próximos, que terá de apresentar um discurso que encoraje os investidores...esta solução pode até ser bastante mais atractiva que a anterior.
9. Não temos falado do PSD...mas que se tranquilizem as tropas do PSD com o nosso prognóstico, que continua de pé. Estes exercícios que ontem e hoje realizamos são metodologicamente justificados à luz dos indicadores proporcionados pelas sondagens...mas sondagens são uma coisa, resultados são outra, que até pode ser muito diferente como bem sabemos...

As Farpas da Quarta-Agradecimentos


Foi ontem, na FNAC do Colombo, o lançamento do livro As Farpas da Quarta. Um fim de tarde muito agradável para nós, os do 4R. Revimos amigos e conhecemos muitos leitores e comentadores. Os nossos agradecimentos a todos os que puderam estar presentes.
Alguns blogs também tiveram a simpatia de se referir ao evento.
Ao Insurgente e ao André Azevedo Alves, ao Cachimbo de Magritte e ao Paulo Marcelo, ao Delito de Opinião e ao Pedro Correia, ao Geração de 80 e ao Nuno Poças, ao Livros à volta do Mundo e à Mafalda Avelar os agradecimentos do 4R pela menção e amáveis palavras.
As nossas desculpas, se omitimos outros blogs. Repararemos de imediato a falta, se o soubermos.
Nota: Os resultados da venda do livro destinam-se a uma instituição de caridade.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

AS FARPAS DA QUARTA


Logo à tarde, 18 horas. Apresentação na FNAC Colombo.

Apresentação e Prefácio- Dr. Proença de Carvalho

As Farpas em 4 capítulos

Capítulo I-As Farpas da Quarta

Capítulo II-A Política da Quarta

Capítulo III-A Economia da Quarta

Capítulo IV- Histórias de Vida, da Vida e de Muitas Vidas

Bicicletas e Poluição

Admiro, e em certa medida acarinho, muitas medidas de cariz ambientalista que tenham repercussões a nível global e na saúde individual. Tudo o que se possa fazer para estimular uma consciência ambiental é bem-vindo. Mas há alguns aspetos que me deixam perplexo, como foi o caso de ontem, quando li uma reportagem na qual um senhor ia de Carcavelos até ao Cais de Sodré de comboio e depois montava na bicicleta até o seu local de trabalho, salvo erro, para as bandas do Saldanha. De fato e gravata. Fazia o percurso em 25 minutos.
Diminuir a circulação de automóveis numa cidade é desejável. O exemplo deste senhor é, aparentemente, de louvar, mas nas circunstâncias em que o faz é muito perigoso para a sua saúde. Andar de bicicleta exige esforço, aumento da frequência respiratória e muitos mais litros de ar a entrar nos pulmões. Só de pensar que tem de subir as avenidas da Liberdade e da Fontes Pereira de Melo, até me arrepio todo. Com tantos poluentes naquelas artérias, a sua saúde pode vir a sofrer consequências muito graves se persistir nesse hábito, a não ser que queira vir a ser considerado um “mártir ambiental” e, desta forma, tornar-se um ícone para os lisboetas. Como não vejo grande vontade para modificar os hábitos de circulação, não obstante a qualidade dos transportes da cidade, aqui vai um conselho para os amantes do ambiente que queiram usar a bicicleta: não subam aquelas avenidas de bicicleta, levem-na nos transportes públicos (aqui está uma boa medida, facilitar o transporte das bicicletas) quando tiverem de subir colinas. No regresso, como é a descer desde o Saldanha até ao Cais do Sodré, então usem a bicicleta e façam verdadeiros sprints para escaparem aos ares doentios da baixa lisboeta. Para baixo todos os santos ajudam e protegem das doenças.

O discurso do ódio

Este senhor, que se profissionalizou no ataque insultuoso, associou mais uma vez a Dr.a Manuela Ferreira Leite a Salazar. A memória de alguns socialistas é, porém, curta. Esqueceram que foi com discursos destes, derramando ódios, que João Soares em tempos entregou a mais que certa vitória nas eleições para a Câmara de Lisboa a Pedro Santana Lopes...

Aliança PS-BE: política a Alta Velocidade?

1. Anda aí muita gente preocupada, ao que parece, com uma possível aliança pós-eleitoral, de governo, entre o PS e o BE.
2. Talvez um pouco para surpresa dos meus generosos leitores, confesso que não interpreto essa possibilidade como motivo para receios sérios. Tentarei explicar porquê, embora não possa explicar tudo hoje...
3. Em primeiro lugar, tal hipótese assenta no pressuposto de que os dois Partidos juntos conseguem eleger a maioria dos deputados na próxima AR...o que não tem suporte no prognóstico do 4R (28 de Agosto) que, como se recordarão, dá 31% de máximo ao PS e 11% de máximo ao BE...trata-se pois de uma primeira dificuldade e uma dificuldade de tomo!
4. Em segundo lugar, se mesmo contra o avisado prognóstico do 4R o PS e o BE venham a obter em conjunto mais do que os 42% e consigam atingir um nº de parlamentares que formem maioria e se, após esse feito glorioso, consigam formar um governo maioritário, não deveremos retirar daí ilações catastrofistas parece-me.
5. Considero tal hipótese propiciadora até de momentos de política extraordinariamente animados como há muito tempo não se via...o ritmo dos eventos políticos tenderia a tornar-se frenético, com episódios emocionantes quase no dia a dia, uma novela em que um dos aspectos mais enigmáticos seria a sua presumível duração...política a alta velocidade (PGV) enfim!
5. Importa sublinhar que esta hipótese de coligação foi já sugerida/defendida por eminentes figuras do PS e negada por outras tantas não menos eminentes, o que deixa entender, ainda em pré-cenário é certo, como deveria ser pleno de vibrações tal desenvolvimento futuro.
6. Um dos mais interessantes aspectos dessa operação consistiria na escolha da pasta ministerial a atribuir ao Dr. Louçã...parecendo prematura a criação de uma pasta da Promoção da Virtude e da Erradicação do Vício (lá chegaremos mas ainda é cedo) - a mais apropriada para as características deste fogoso político - e não parecendo apropriada a dos Negócios Externos (dada a conhecida recusa do Dr. Louça em envergar gravata o que certamente o colocaria em inferioridade face aos seus pares) é razoável admitir que para um ilustre economista a pasta da Economia não estivesse mal.
7. É claro que a linguagem do Dr. Louça e a da classe empresarial apresentam acentuadas dissonâncias, o que certamente geraria momentos de excepcional fricção sobretudo nos primeiros encontros da classe com o governante...ver-se-iam filas imensas de curiosos só para assistir...
8. Mas não me parece nada que com o tempo se não pudesse sanar ou compor... a prejuízo quase irremediável das convicções tabulares do Dr. Louça, certamente, mas que mal haveria nisso? Não seria reconfortante para a Pátria ter mais um ilustre marxista convertido ao mercado?
8. Creio que mais desenvolvimentos sobre este tema serão por agora desnecessários ou mesmo prematuros, aguardemos tranquilamente a escolha dos eleitores no próximo dia 27...e nos seguintes preparemo-nos eventualmente para apertar o cinto de segurança pois o ritmo dos acontecimentos políticos pode, de um dia para o outro, vir a tornar-se verdadeiramente estonteante!
9. Quem sabe se não teremos uma PGV antes mesmo do TGV?

As Farpas da Quarta


Hoje, 18 horas.
FNAC Colombo.
Apresentação - Dr. Proença de Carvalho

"...A Quarta República é um esforço de convivência e tolerância. Nos textos publicados, José Sócrates e o seu Governo são duramente criticados, por vezes com ironia cáustica. As ideias da esquerda em geral são combatidas e percebe-se a ligação da maioria dos participantes ao PSD. Ou seja, a Quarta República tem convicções e não é um blogue neutral. Felizmente que é assim! Aqui combate-se por ideias. Mas os fins não justificam os meios. O tom das intervenções é sempre elevado, mesmo quando fortemente crítico. Não vi o combate por ideias resvalar para o ataque pessoal, aos que defendem ideias contrárias, nem a utilização das armas da insinuação ou da suspeita gratuita. O que li é a afirmação escorreita de ideias, com a frontalidade de quem não as esconde, nem tem receio de ir contra a maré.
Por tudo isso, vejo esta publicação como um contributo relevante para a formação da opinião pública. A selecção e condensação dos temas em livro permite uma leitura mais fácil e as ideias, ao saírem do formato digital para a impressão em papel, parecem mais estáveis e expressas para durar.
Assim o espero...".
8 de Setembro de 2009
Daniel Proença de Carvalho

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Um bom e responsável profissional

Há muitos anos, numa manhã que já tinha anunciado a sua morte, alguém bate à porta; timidamente ouvi dizer: - Posso entrar? Olhei e vi um senhor, que já vivia há algum tempo nos “quarenta”, a entrar na sala transportando um ar simpático que casava bem com uma vestimenta cuidada e não muito formal. Levantei-me e respondi à saudação ao mesmo tempo que lhe indicava com a mão o local onde devia sentar-se.
A conversa iniciou-se sobre donde era, qual o local onde trabalhava, e o que é que fazia, uma forma de criar empatia e de limar a ansiedade inicial de uma consulta. Depressa, o senhor começou a descrever com entusiasmo as suas atividades, revelando gosto e empenhamento total, e sempre bem temperado com breves sorrisos de satisfação. A par da descrição do que fazia, confidenciou-me alguns projetos que pretendia levar a cabo, através dos quais a empresa viria a ser beneficiada. Em suma, um bom e responsável profissional. O resto, a parte clínica, foi mais uma rotina. Estava tudo bem.
Periodicamente, aparecia com o seu ar simpático, sorridente, bem cuidado e, educadamente, relatava as atividades e projetos com o mesmo entusiasmo sem nunca se exceder quer no tempo, quer na forma. Um bom e responsável profissional. Os exames, meras rotinas, continuavam a revelar que tudo estava, felizmente, bem. E assim foi durante algum tempo, até que um dia, já tinha deixado a casa dos “quarenta”, entrou no consultório com um sorriso triste e ar menos cuidado mas sempre com educação. Apercebi-me das mudanças e como não quer as coisas, perguntei-lhe, de chofre, como andava o trabalho. Fez um curtíssimo compasso de espera, que foi mais do que suficiente para comprovar que algo tinha acontecido. E assim foi. Houve mudanças na empresa, novas diretivas, começaram a olhá-lo como um velho, tal como outros da sua idade, passaram a privilegiar os mais novos, mais inexperientes, e remeteram-no para funções não compatíveis com a sua formação e produtividade. – Não tarda e ainda vão pôr-me a tirar fotocópias! Disse num desabafo inquietante. Retorqui-lhe: - Qual quê! Com os seus conhecimentos, com a sua experiência, com as suas ideias? Nem pensar! – Não penso? Pois olhe, é o mais certo. O senhor doutor não sabe, ou não se apercebe, as coisas não se veem por esse prisma. Não. Hoje, querem a toda a força mostrar resultados imediatos, custe o que custar. Não lhes importa acabar com as pessoas como eu. Aqui reforcei: - Mas o senhor é um bom e responsável profissional. Intervalou com um sorriso meio descrente, mas visivelmente agradado, e continuou na sua análise aos tempos modernos da forma de laborar, a qual em muitas circunstâncias é tão obscena como velhas formas que hoje são condenadas e que um dia virão a ser também objeto de reprovação.
Saiu do gabinete. Desta feita o exame revelou anomalias, não orgânicas mas da alma. Uma tristeza profunda, uma depressão anunciada.
Deixei de o ver nas consultas, embora mais do que uma vez o tenha topado ao longe, com um ar entristecido, sem o simpático sorriso, cabisbaixo e vestimenta descuidada.
Um dia na minha caça matinal aos óbitos ocorridos no dia anterior -parece ser um estranho e macabro ritual, mas não é -, deparo-me com um nome que me chamou a atenção. Seria ele, não seria? Pela idade tudo apontava nesse sentido. Terá morrido de quê? Qual terá sido a doença que o vitimou? Eu nunca lhe tinha detetado nada de grave, mas como entretanto já se tinham passado alguns anos a hipótese de ter adoecido pareceu-me razoável. Foi então que, casualmente, encontrei alguém que também o conhecia e perguntei-lhe se tinha morrido de doença. Respondeu-me que não. – Acidente? – Também não. Ah, percebo. Antes de me despedir disse-lhe: - Era um bom e responsável profissional.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Não há instituição que escape...

... à voragem de uma campanha eleitoral onde, como se previra, passou a valer tudo.
Venho aqui, como muitas vezes, para desabafar. Desta feita lastimando a instrumentalização em curso do Conselho Superior de Magistratura (CSM) por razões que não são programáticas mas decorrem de actos que, não sendo isentos de sindicância pública, não podem - e sobretudo não devem - ser envolvidos na campanha eleitoral por pessoas que não me passaria pela cabeça comparar ao Dr. Louçã...
Não me canso de louvar a atitude da Dr.a Manuela Ferreira Leite (MFL) ao recusar fazer campanha à custa da exploração frontal ou subreptícia de casos em apreciação nas instâncias de investigação ou na justiça. Para quem julgue que nas campanhas eleitorais não há lugar para a elevação, seria justificável que MFL o fizesse, existindo como existe a consciência que explorar muitos dos casos que por aí andam pode render junto de camadas da população sedentas de escândalo.
Mas do mesmo modo que se aprecia esta conduta que só dignifica a líder do PSD, não se pode deixar de lamentar esta tentativa de associar as deliberações do CSM a propósito da notação de um juíz (cujos actos estão a ser objecto de apreciação judicial com vista a apurar da existência de erro grosseiro de privação pelo menos ilicita da liberdade) à campanha eleitoral. Para além de se lançar um labéu intolerável sobre as pessoas que compõem este órgão, a suspeita sobre a sua partidarização é mais uma machadada em instituições que deveriam viver acima da suspeita. Com a gravidade adicional de estas lamentáveis associações partirem de quem, querendo ser poder, ter obrigatoriamente de pensar que, caso lá chegue, inexoravelmente se confrontará com o aproveitamento que fez, ou, o que ainda é pior, vai ter se retratar. Tratando-se do órgão que superiormente corporiza a soberania dos tribunais, fácil é concluir que em qualquer dos casos entrar a governar assim seria, no mínimo, pouco dignificante...
Dir-se-á que existe um problema com o modelo de auto-governo das magistraturas judiciais tal como ele está configurado na Constituição e funciona. Pois se é assim, discuta-se o problema do modelo do auto-governo da magistratura programaticamente e não a propósito de um caso concreto da notação de um juíz, porque esse juiz julgou um político e o político reagiu contra o que considera ser o mau julgamento de que foi alvo.
Discuta-se o programa, neste domínio, que os partidos apresentam, até porque a próxima AR terá poderes ordinários de revisão constitucional e é dever de todas as formações com representação parlamentar ter ideias seguras sobre a reforma constitucional que pretendem no campo da justiça. Mas, a bem do País, poupe-se responsavelmente a instituição à conjuntura eleitoral, sendo certo que - convém lembrá-lo - a sua composição reflecte uma decisão partilhada dos partidos do arco governativo feita no parlamento.
Falta, definitivamente, sentido de Estado a alguns intervenientes na campanha. Mas a campanha não pode ser sempre um alibi para toda a irresponsabilidade.

A força do humor

A nossa comentadora Pezinhos n´areia indicou-nos o caminho para este delicioso vídeo A Tempestade Perfeita. O 4R agradece porque é mesmo imperdível e prova que o BE ainda não perdeu toda a piada!

Um PIB mais "feliz"...

O Presidente Sarkozy encomendou em 2008 aos prémios Nobel da Economia Joseph Stiglitz e Amartya Sen a revisão do indicador PIB de modo a que este indicador permita aferir em que medida o progresso económico traduz melhores condições de vida. Pretende-se com esta iniciativa acabar com “o diferencial cada vez maior entre as estatísticas que mostram um progresso contínuo e as crescentes dificuldades que as pessoas estão a sentir na sua vida”.
Em 2008 fiz um post justamente sobre esta iniciativa que me pareceu muito pertinente. Na verdade sendo o PIB um indicador da actividade económica não fornece indicações sobre em que medida o progresso económico traduz melhores condições de vida e, consequentemente, sobre a sua sustentabilidade.
Em resposta à encomenda a comissão liderada por aqueles economistas apresentou um conjunto de propostas que visam incluir no PIB diversos factores que reflictam, entre outras variáveis, a felicidade, a sustentabilidade económica, ambiental e social, a distribuição da riqueza e o nível de endividamento.
A felicidade, sendo difícil de quantificar e monetarizar, levará em conta indicadores referentes aos sistemas de saúde, ao nível educativo, aos níveis de segurança, aos tempos de lazer ou ao funcionamento das instituições democráticas. Evidentemente que não será fácil medir tecnicamente a felicidade, dado tratar-se de um estado de realização que tem muito de subjectivo, mas ainda assim é importante e relevante avançar com a sua incorporação.
Para Portugal o PIB reformulado retratará, por certo, uma série de realidades negativas que não se encontram devidamente reflectidas nos já de si modestos crescimentos do PIB, os quais são insuficientes para a criação de riqueza sustentável. De entre essas realidades, sublinho a acentuada desigualdade da distribuição dos rendimentos, o elevado nível da população em situação e risco de pobreza, os insuficientes níveis de cobertura social e o nível do endividamento do País.
Esperemos que o novo PIB, sendo um indicador mais robusto, seja útil para melhorar as políticas económicas e sirva, também, para aumentar a responsabilização dos decisores políticos e para permitir uma maior transparência nos resultados da governação.

As Farpas da Quarta-Histórias de Vidas e de Vida

Do Prefácio de Daniel Proença de Carvalho:


"...Mas uma parte muito significativa deste livro está preenchida pelas crónicas de Susana Toscano e Massano Cardoso. Confesso que me surpreenderam. Ambos revelam dotes excepcionais para a escrita de ficção e acho mesmo que ao publicarem estas crónicas assumem a responsabilidade de prosseguirem carreiras de escritores. Massano Cardoso, beirão como eu, um pouco ao jeito de um Fernando Namora (Retalhos da Vida de um Médico), mas com bem maior sentido de humor, conta-nos histórias da sua vivência como médico, em episódios que definem personagens bem reais do Portugal profundo.
Susana Toscano mergulha no baú de recordações de família para nos contar episódios da sua infância no paraíso perdido de Angola e os segredos guardados de uma família burguesa tradicional, a que ela se orgulha de pertencer. E que bem que ela traça alguns retratos de mulheres da época que antecedeu a emancipação do sexo feminino… "
Apresentação no dia 23 de Setembro, Quarta-Feira. FNAC do Colombo

domingo, 20 de setembro de 2009

O País que secretas, mesmo secretas, só tem agendas

O Provedor do ´Público´interroga-se hoje sobre se o caso das escutas não significará que o jornal tem uma agenda oculta.
O Sr. Engº Sócrates acusou o PSD de ter um agenda secreta ao não revelar no seu programa eleitoral o que vai fazer em alguns sectores.
O Sr. Dr. Louçã diz preto-no-branco que o PS tem uma agenda que não quer divulgar no capítulo das nacionalizações pois que, apanhando-se novamente no governo, nada escapará à gana das privatizações que sente existir em Sócrates.
Eis um País que de secretas só tem agendas. Agendas que apesar de secretas toda a gente anseia conhecer.
Começo a perceber agora melhor o que o presidente do sindicato da PJ quis dizer quando declarou ontem que em Portugal não é necessário fazer escutas porque somos todos uns "desbocados" (sendo certo que a prova disso está na anedota em que se transformou o assim chamado "segredo" de justiça). Na era dos novos instrumentos de sociabilidade (blogues, twitter, facebook...) o que interessa mesmo não é saber o que se conversa ao telemóvel ou o que se transmite por via electrónica, mas sim conhecer as intenções sigilosas dos nossos agentes políticos e pelos vistos agora também dos jornalistas.

Esmiuçando a campanha que passa...


Em entrevista ao DN o Engº José Sócrates acusa de falta de ideias o PSD. Ainda à esquerda assinala-se a entrada em força na campanha eleitoral dos mais conhecidos rostos da modernidade .

As Farpas da Quarta-Novo Livro do 4R


"...É natural que, associada à liberdade económica, a Quarta República defenda com rigor a liberdade política no quadro do Estado-de-Direito. Afinal, esses valores são caros a quem considera que a democracia política e a economia de mercado são requisitos do progresso económico e social. No mesmo sentido vão as intervenções de Vítor Reis sobre a situação política no País e no Mundo, especialmente críticas para o actual Governo.
A Saúde, outro tema que preocupa os portugueses, está presente nesta colectânea, através dos textos de Clara Carneiro, numa visão aberta e sem preconceitos ideológicos.
Num Prólogo bem elaborado pelo David Justino, e em substituição de textos que não escreveu por razões de “ofício” que se poderão compreender, é apresentada como que uma introdução à sociologia dos blogues, que nos permite enquadrar a nova realidade na evolução da sociedade..".
Do Prefácio do Dr. Daniel Proença de Carvalho, que apresentará a obra
Quarta-Feira, 23 Setembro, 18 horas. FNAC do Colombo

sábado, 19 de setembro de 2009

Ainda que mal pergunte...

O "mosquito-espião". A última palavra em espionagem. O mais invísivel fruto do choque tecnológico, é comandado a partir de um computador Magalhães.

Parece que a Procuradoria-Geral da República irá investigar o caso das escutas à Presidência da República, se esta notícia estiver certa. Vai certamente chegar a rápidas e consistentes conclusões, o que nos deixa a todos em sossego.

A propósito, alguém se lembra qual foi o resultado da investigação ás escutas (descobertas por acaso) ao Procurador-Geral, no seu próprio gabinete de trabalho, há uns anos atrás?

As Farpas da Quarta: O Estado Social e de Direito

Lançamento na Quarta-Feira, 23 de Setembro, 18 horas. FNAC do Colombo

"...Mas na Quarta não se expressam apenas ideias para estimular o crescimento económico, que não é um fim em si mesmo, antes um meio para o enriquecimento e o bem-estar das pessoas. As preocupações sociais, a luta contra a pobreza e as desigualdades têm na Quarta a sua análise atenta e preocupada nas intervenções da Margarida Correia de Aguiar.
Neste livro, a preocupação pela saúde da democracia, o respeito pelos princípios do Estado-de-Direito e o estado da Justiça constituem temas das reflexões de Ferreira de Almeida. Questões que parece terem desaparecido da agenda política e no entanto são fundamentais para o reforço da cidadania e para a protecção e segurança de todos nós...".
Do Prefácio de Daniel Proença de Carvalho, que apresentará a obra