Número total de visualizações de páginas

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Ministro preocupado com força do Euro...chorando sobre o leite derramado!

1. Foi ontem notícia a preocupação do Ministro das Finanças (e tb da Economia, por enquanto) pela força do Euro, assunto que nada tem de novidade mas que subitamente parece ser novo factor de preocupação para as nossas sempre atentas autoridades...
2. Ao ler esta notícia ocorreu-me que estávamos perante mais um episódio de choro sobre leite derramado ou mais uma possível desculpa para novos problemas que estarão a bater-nos à porta – a desculpa da crise começa a estar gasta, é necessário encontrar novos álibis...
3. Esta história do Euro forte deveria ter sido entendida há mais de 10 anos quando nos tornamos sócios da nova Zona Monetária, implicando uma radical mudança de regime económico...mas não foi e quase ninguém se preocupou com isso, como neste espaço de opinião tenho repetidamente afirmado.
4. Vir agora, 10 anos volvidos, mostrar preocupação pela força do Euro constitui manifesta falta de atenção quanto à lógica dos acontecimentos...não é a força do Euro que nos causa problemas mas sim as opções erradíssimas de política económica que têm sido assumidas - a força do Euro apenas agrava as consequências desses erros...
5. Alguém vê a Alemanha, país exportador por excelência, queixar-se da força do Euro? E a Alemanha, passada a tormenta que se abateu sobre os mercados financeiros, prepara-se para uma fase de recuperação graças à pujança do seu sector produtivo, com a vantagem de ter um novo governo que aposta na redução da carga fiscal como prioridade em política económica...
6. Ademais, o paradoxo desta preocupação lusa com a força do Euro está bem patente na teimosa prossecução de uma política económica recheada de equívocos, de um programa de despesas públicas – já nem lhe chamo investimentos porque há que ter algum respeito por este conceito – em que a preocupação pelo uso racional de recursos escassos está completamente ausente.
7. Com estas opções de política, que colocam os sectores expostos à concorrência em situação de crescente desvantagem na utilização de recursos, é evidente que a força do Euro se torna fatal...mas note-se que só é assim por opção “nossa” (vai entre parêntesis para assinalar que não é a minha...), não por culpa do Euro.
8. Acresce ainda que nada, mas rigorosamente nada podemos fazer para contrariar a força maior ou menor do Euro...os mercados de câmbios transaccionam diariamente muitos triliões de Euros, é neles que se decide a força maior ou menor das moedas e os USA não se mostram também nada preocupados com a força do Euro, pelo menos por enquanto.
9. Assim e em breve conclusão, esta súbita preocupação ministerial pela força do Euro em nada nos adianta enquanto não conduzir a uma alteração radical da política económica.
10. Esta súbita preocupação pela força do Euro só poderá mesmo constituir manobra de diversão ou desculpa antecipada por dificuldades maiores que nos esperam a muito curto prazo...para além de nos convidar a chorar sobre o leite derramado, exercício cuja utilidade bem conhecemos!

25 comentários:

António Transtagano disse...

Dr. Tavares Moreira

Se eu quisesse entrar no campo da demagogia - e não o vou fazer - diria que o dr. Tavares Moreira está contra a entrada de Portugal na zona euro. E há, no seu editorial, laivos disso mesmo:
" Esta história do euro forte deveria ter sido há mais de 10 anos quando ns tornámos sócios da Zona Monetária"

"Sócios", diz Tavares Moreira, em manifesto tom jocoso, irónico no mínimo!

Mas não vou por esse caminho, como prometi.

Mas, Dr. Tavares Moreira, o ministro Teixeira do Santos falava após uma reunião dos ministros das Finanças e não falou em nome individual, interpretando, antes, as preocupações do seus demais homólogos.

Teixeira dos Santos falava no canal de televisão da Agência Bloomberg à margem do encontro dos ministros das Finanças na Suécia..

E acrescentou: "devemos esperar que os mercados reajam em função dos fundamentais da nossa economia"

Dir-me-á o dr. Tavares Moreira que não está contra a nossa entrada na zona euro. O que está é contra as medidas económicas que não foram implementadas depois de tal entrada!

Gostaria que me esclarecesse o que fez o PSD desde a entrada na zona euro até Fevereiro de 2005?

É fácil dizer que o ministro "chorou agora sobre o leite derramado". Mas, insisto, o que fez o PSD, que contributo aportou nesta área enquanto foi Governo?

Tonibler disse...

O ministro era professor de economia, não era?....

Adriano Volframista disse...

Caro Tavares Moreira

Acompanho o seu post mas, desta vez, é de forma enviesada.
O nosso ministro participou no coro europeu, que permitiu benzer a compra massiça de USD pelo BCE. Temos de convir que o BCE tem estado em sintonia com o FED, BoJ, Banco de Inglaterra e outros.
Neste momento, o problema não é um euro forte, mas um USD fraco.
(A depreciação do USD é apenas, ou melhor, mais não é que o mercado a descontar a futura inflacção).
Desde há cinco dias a esta parte que se verificam intervenções importantes e, na verdade o USD apreciou-se. Se vai inverter a tendência decrescente é algo que vamos ver.
O meu comentário não significa qualquer crítica ao seu, apenas que os motivos, primeiros, do comentário são outros...
Cumprimentos
joão

Tavares Moreira disse...

Caro Tonibler,

A expressão "era" que usa 2 vezes numa frase tão curta é intencional ou "saiu-lhe"?...

Caro João,

Entendo-o perfeitamente. De resto, as intervenções do BCE tiveram um efeito demolidor na cotação €/USD, que pasou de 1,47 para 1,45...podem gastar os bilhões que quiserem, não é isso que vai alterar as tendências do mercado.
Não deixa de ser interessante notar que, num contexto de défice orçamental "record" e de especulação quanto ao impacto inflacionista de uma política monetária ultra-expansionista, as taxas longas da dívida em USD continuem tão baixas...
Existirão outras desconfianças que superam o efeito daqueles factores, certamente, mas isso não são boas notícias...

Adriano Volframista disse...

Caro Tavares Moreira

Quebrando a "normalidade" de não comentar, "comentários", já reparou, ( é retórica a pergunta) que o ouro também têm sido "intervencionado"?
Corre o boato feio que alguns bancos, entre os quais o incontornável Goldmann, andam em "swaps" de ouro e prata....
Já agora, certamente conheçe a última "estória" de Wall Street: que o Goldman, de novo, comprou em "short" mais de 1.7 milhões de acções do Lehmann, seis dias antes da falência, com um lucro mais do que interessante? E andamos nós a dizer mal do BPN???!!!!
Cumprimentos
joão

Tavares Moreira disse...

A Goldman comprou ou vendeu "short", meu Caro? Se vendeu "short" fez de facto um negócio revelador de grande faro...
Não me recordo de ter dito mal do BPN...
Quanto ao mercado do ouro, reflectirá também a fraqueza do USD...

Tonibler disse...

Não me saiu, não. Afinal, ele deve ser ministro a tempo inteiro. Porque se fosse professor de economia, perceberia que o problema não é o euro valer muito, é aquilo que ele faz é que vale pouco. E, então, perceberia que fazer stock de comboios, autoestradas, aeroportos e outras imbecilidades do género, só faz com que o euro fique ainda mais forte para ele.
Mas acho que deve ser uma epidemia que anda a dar por aí. O Louçã, outro professor de economia, também só diz asneiras sobre ela. E, se pensarmos nos comentadores todos que aparecem na televisão, deve ser pior que a gripe suína...

António Transtagano disse...

Tonibler

Só se safam os professores de economia do PSD! Pôr no mesmo prato o Anacleto e Teixeira dos Santos é o máximo!É perder, de todo, o sentido das proporções e da realidade! Por isso estão na oposição. E por lá continuarão por muitos e bons anos se não arrepiarem caminho!

Tonibler disse...

Caro Transtagano,

Essa dos professores de economia do PSD é para mim? É que não sou do PSD nem professor de economia. Quanto ao Teixeira dos Santos, lamento mas as pessoas são incompetentes porque são, não porque há quem seja mais.

António Transtagano disse...

Caro Tonibler

Eu não disse que era do PSD. Mas como o Teixeira dos Santos é "incompetente"(quod erat demonstrandum) e ao CDS/PP por aqui ninguém liga bóia;o Anacleto também julgo estar de fora, a menos que tenha por referência os economistas do PCP (às vezes há alianças espúrias- vidé caso dos professores) restam os grandes economistas do PSD, sejam professores ou seja a dra. MFL...

Tonibler disse...

Não percebo as aspas em incompetente. E nas minhas referências não se encontram economistas.

António Transtagano disse...

Não percebe as aspas? Eu estava a citá-lo a si...
Nas suas referências não se encontram economistas? Se não falou, subentendeu-se. E não é V. próprio economista?

Pinho Cardão disse...

Se o tempo fosse de brincadeiras, diria que este Ministro das Finanças e da Economia é um cómico.
Ninguém mais do que ele é responsável pela força do euro no que à economia portuguesa respeita. Pela política orçamental que permitiu, mais do que permitiu, decidiu. Que só levou ao fortalecimento do Estado, pelo aumento da despesa pública, ao empobrecimento do país, via endividamento externo e ao depauperamento da economia, exaurindo-a através do aumento de impostos, e à perda de competitividade, por força das políticas públicas completamente erradas.
Por alguma razão foi considerado no estrangeiro como o pior Ministro das Finanças da União Europeia. Só num país acrítico e anestesiado um Ministro como Teixeira dos Santos pode ser elogiado.
Aliás, algumas das suas palavras, talvez por distrído lapso, confirmam a maldade das suas políticas. Há meia dúzia de dias repetiu o que já tinha dito há uns seis meses, que o próximo Governo deveria ter como objectivo conter o défice público e que devia dar prioridade absoluta ao problema da dívida pública.
Isto é: quem levou o país para o buraco tem o descaramento de impor a quem lhe suceder que saia do buraco.
Para além de cómico, este Ministro é um cínico.

Caro Tonibler:

Concordo consigo, com o aditamento que coloco: "... E nas minhas referências não se encontram economistas que geralmente e de há anos opinam na comunicação social ou que desempenharam cargos governativos em que revelaram desconhecer princípios básicos da economia, ou os que mandaram às urtigas esses princípios por mero oportunismo de ocasião".

Tavares Moreira disse...

Caros Pinho Cardão e Tonibler,

Estes apaniguados das políticas governamentais vivem um drama muito justo: a cada aplavra ou passo que dão tropeçam nas suas próprias incoerências...
Eu pasmo, mas pasmo sinceramente, como é que estas criaturas ainda não perceberam que gerir a economia numa zona monetária, para mais com uma moeda forte - para isto parece que estão a acordar mas para mim só parece amanhã já não se lembram - não é a mesma coisa que geri-la quando podíamos ajustar o valor externo da moeda...
E vão-nos metendo num buraco, cada vez mais fundo...
Convido-os a visitar a última edição do World Economic Outlook do FMI, divulgado na 5ª Feira e vejam quais são as previsões do FMI para o defice da balança corrente portuguesa em 2009 e 2010, quase 10% do PIB em cada ano...
E andam estas mesmas criaturas a querer convencer-nos de que fizeram um grande trabalho de saneamento das finanças públicas!
Seria motivo para gargalhada se não sofressemos duramente as consequências desta incompetência.

António Transtagano disse...

Este Dr Tavares Moreira fala para dentro e para os amigos.
Julga ser o detentor da verdade, uma pitoniza; do mesmo passo que se insurge contra as "criaturas" que não seguem a sua cartilha! E não esconde o ódio de estimação que nutre por Teixeira dos Santos!
Está naturalmente sequioso de voltar ao poder, o que é natural. Mas não soube responder á questão que lhe coloquei sobre quais as medidas tomadas pelo PSD até 2005 para contrabalançar a nossa entrada na Zona Monetária e atenuar os efeitos do fortalecimento do euro.
Valha-nos Deus!

Tonibler disse...

caro Tavares Moreira,

Mas o problema das criaturas está exactamente em acharem que existe tal coisa de "gerir economia". Depois dizem que a moeda está forte. Podiam dizer que era do calor...

Caro Transtagano,

Economista, não sou. Longe disso.

Tavares Moreira disse...

Caro Tonibler,

Pode meu amigo estar certo que, não sendo economista, percebe infinitamente mais de economia do que as ditas "criaturas" altamente credenciadas...
Que, como pode constatar por este nobilitante exemplo, quando são apanhadas em flagrante vazio de fundamentos reduzem a argumentação ao insulto e à insinuação.
Triste sina a nossa, meu caro.

António Transtagano disse...

Dr. Tavares Moreira

Tenho que protestar! Ninguém o insultou aqui!

Pinho Cardão disse...

Caro António Transtagano:
O meu amigo referiu que o Dr. Tavares Moreira "está sequioso de voltar ao poder".
Só pode dizer isso, e porque penso que não o fará por má fé, só pode dizer o que disse pelo facto de não conhecer o Dr. Tavares Moreira.
O Dr. Tavares Moreira não precisa do poder para nada, o país é que precisou dele algumas vezes.
E nas vezes que precisou, o Dr. Tavares Moreira sacrificou a sua brilhante vida profissional e os ganhos que ela lhe proporcionava para as missões de serviço público que lhe solicitaram.
O Dr. Tavares Moreira não se fez na política, nunca precisou, nem precisa da política para nada, a política é que necessitou dele, torno a repetir.
As opiniões que expressa expressa-as há muito tempo, com uma coerência total. Para além de profissional brilhante, é um homem digno e sério. E bom.
Portanto, meu caro António Transtagano, o que disse pode aplicar-se a muita gentinha, politicozinhos que não sabem fazer mais nada na vida, sempre mendigando assessorias, chefias de gabinete, cargos de secretário de estado ou ministros, onde exibem a sua suprema incompetência e petulância.
Porventura o meu amigo conhecerá muitos desses ou só conhecerá esses.
Mas, por favor, ponha longe dessa escória o Dr. Tavares Moreira.
Eu também me senti ofendido com o que o meu amigo escreveu.
Face a estes novos dados, seria atitude digna e séria pedir-lhe desculpa. O meu amigo dignificar-se-ia.

António Transtagano disse...

Caro Dr. Pinho Cardão

Repito: não insultei o Dr. Tavares Moreira e, por isso, não tenho que pedir desculpas absolutamente nenhumas. Não disse que não era sério nem indigno. A expressão que utilizei e que o Dr. Pinho Cardão colocou entre aspas, a saber, "está sequioso de voltar ao poder" não constituem nem um insulto nem um ofensa. Os seus posts (dele Dr. Moreira)relevam de um azedume e amargura tais para com os actuais governantes que têm a seu cargo as Finanças e a política económica do País, que o homem médio que lê os seus escritos é levado a concluir daquela forma.

E, depois, caro Dr Pinho Cardão, não partilho eu dessa sua visão messiânica dos sacrifícios feitos em prol da Nação Portuguesa: O Dr. Tavares Moreira não precisa da política para nada. Pelo contrário,a política é que precisou dele e o foi buscar!

Só faltou dizer que à Providência se ficou a dever a entrada do Dr.Moreira para a Política (e aqui com maiúscula)! Sabe,ouvi disto há uns bons quarenta anos ou mais. E fiquei mais ou menos vacinado.

E a mensagem subliminar que brota das suas palvras, Dr. Pinho Cardão, é mais ou menos esta:os governantes de agora nem sequer são politicos, são uns politicozinhos e uns cómicos! Os outros, os bons, os do Cavaquismo e os do PSD são os puros. Estão ungidos por uma áurea de altruismo e santidade, prontos a servir a Nação quando desta deles necessitar. E lá vão eles sacrificar-se, uma vez mais, com prejuizos para as respectivas vidas profissionais! Foram ministros, ou Secretários de Estado ou passaram por essa enorme mangedoura que se chama Banco de Portugal? Sempre em favor da Nação. Gestores ou administradores de Instituições bancárias, mesmo que falidas? Sempre para bem do Povo Português...

Desculpe-me que lhe diga, Dr.Pinho Cardão, essa sua postura passadista e laudatória já nada tem que ver com a reliadade se em alguma vez a teve!

Pinho Cardão disse...

Caro António Transtagano:
O meu amigo, ao referir que o Dr. Tavares Moreira "está sequioso de voltar ao poder" formulou um processo de intenção. O meu amigo permite-se conhecer as intenções do Dr. Tavares Moreira. Com que conhecimento, com que autoridade?
Agora, veio a insistir na asneira.
Pois continuo a dizer-lhe, porque sei do que falo. A política não trouxe nada ao Dr. Tavares Moreira que o seu percurso profissional não lhe tivesse já dado. Antes pelo contrário. E a política só lhe trouxe prejuízos financeiros, dada a diferença de remuneração.
E fez política uma verdadeira missão de serviço público. Essa foi a sua compensação pessoal.
Mas o meu amigo continua a formular processos de intenção, agora a meu respeito, quando me atribui um juízo de valor sobre os políticos de agora e os do que designa do cavaquismo, maus de hoje, puros e bons os do cavaquismo. Não disse nada disso.
Políticos bons e maus há-os em todos os tempos e em todos os lugares, e em todos os governos há quem queira servir e há quem só queira servir-se. Os bons governos são os que têm ,mais dos primeiros.
Caro António Transtagano, os processos de intenção fizeram escola em muitos países e em Portugal sobretudo na época da inquisição. Se não se encontravam provas do "crime", o "réu" era condenado pela intenção. Não vá por esse caminho.
O que o Dr. Tavares Moreira escreve tem o apoio dos números. Ele não critica pessoas, mas políticas, como eu, e todos aqui no Blog, não atacamos pessoas, mas políticas, atitudes ou afirmações.
Não atacamos o Ministro A ou B pelas intenções que nós lhes possamos inventar, mas pelos factos concretos.
Sem azedumes, mas com firmeza.
Por fim, insisto que não ficaria nada diminuído com um pedido e desculpas, isso só atestaria a sua dignidade.
Deixo-lhe, para reflexão, um excerto do Prefácio do Dr. Proença de Carvalho ao livro do 4R As farpas da Quarta lançado a semana passada e que bem traduz o espírito do Blog:
"A Quarta República é um esforço de convivência e tolerância. Nos textos publicados, José Sócrates e o seu Governo são duramente criticados, por vezes com ironia cáustica. As ideias da esquerda em geral são combatidas e percebe-se a ligação da maioria dos participantes ao PSD. Ou seja, a Quarta República tem convicções e não é um blogue neutral. Felizmente que é assim! Aqui combate-se por ideias. Mas os fins não justificam os meios. O tom das intervenções é sempre elevado, mesmo quando fortemente crítico. Não vi o combate por ideias resvalar para o ataque pessoal, aos que defendem ideias contrárias, nem a utilização das armas da insinuação ou da suspeita gratuita. O que li é a afirmação escorreita de ideias, com a frontalidade de quem não as esconde, nem tem receio de ir contra a maré".
Dispa-se dos seus preconceitos e dos seus slogans e faça lá um esforço para entender.

Pinho Cardão disse...

Caro António Transtagano:
O meu amigo, ao referir que o Dr. Tavares Moreira "está sequioso de voltar ao poder" formulou um processo de intenção. O meu amigo permite-se conhecer as intenções do Dr. Tavares Moreira. Com que conhecimento, com que autoridade?
Agora, veio a insistir na asneira.
Pois continuo a dizer-lhe, porque sei do que falo. A política não trouxe nada ao Dr. Tavares Moreira que o seu percurso profissional não lhe tivesse já dado. Antes pelo contrário. E a política só lhe trouxe prejuízos financeiros, dada a diferença de remuneração.
E fez política uma verdadeira missão de serviço público. Essa foi a sua compensação pessoal.
Mas o meu amigo continua a formular processos de intenção, agora a meu respeito, quando me atribui um juízo de valor sobre os políticos de agora e os do que designa do cavaquismo, maus de hoje, puros e bons os do cavaquismo. Não disse nada disso.
Políticos bons e maus há-os em todos os tempos e em todos os lugares, e em todos os governos há quem queira servir e há quem só queira servir-se. Os bons governos são os que têm ,mais dos primeiros.
Caro António Transtagano, os processos de intenção fizeram escola em muitos países e em Portugal sobretudo na época da inquisição. Se não se encontravam provas do "crime", o "réu" era condenado pela intenção. Não vá por esse caminho.
O que o Dr. Tavares Moreira escreve tem o apoio dos números. Ele não critica pessoas, mas políticas, como eu, e todos aqui no Blog, não atacamos pessoas, mas políticas, atitudes ou afirmações.
Não atacamos o Ministro A ou B pelas intenções que nós lhes possamos inventar, mas pelos factos concretos.
Sem azedumes, mas com firmeza.
Por fim, insisto que não ficaria nada diminuído com um pedido e desculpas, isso só atestaria a sua dignidade.
Deixo-lhe, para reflexão, um excerto do Prefácio do Dr. Proença de Carvalho ao livro do 4R As farpas da Quarta lançado a semana passada e que bem traduz o espírito do Blog:
"A Quarta República é um esforço de convivência e tolerância. Nos textos publicados, José Sócrates e o seu Governo são duramente criticados, por vezes com ironia cáustica. As ideias da esquerda em geral são combatidas e percebe-se a ligação da maioria dos participantes ao PSD. Ou seja, a Quarta República tem convicções e não é um blogue neutral. Felizmente que é assim! Aqui combate-se por ideias. Mas os fins não justificam os meios. O tom das intervenções é sempre elevado, mesmo quando fortemente crítico. Não vi o combate por ideias resvalar para o ataque pessoal, aos que defendem ideias contrárias, nem a utilização das armas da insinuação ou da suspeita gratuita. O que li é a afirmação escorreita de ideias, com a frontalidade de quem não as esconde, nem tem receio de ir contra a maré".
Dispa-se dos seus preconceitos e dos seus slogans e faça lá um esforço para entender.

António Transtagano disse...

Caro Dr. Pinho Cardão

Não sei se tem procuração do Dr. Tavares Moreira ou se actua com mero gestor de negócios à espera da ratificação!

Seja como for, quero dizer-lhe o seguinte: é conhecida a retórica que utiliza neste post, que é a de fazer justamente aquilo que critica nos outros. Como bom amante do latim que é, costumava-se dizer nesses tempos: "Festucam in alteris oculo vides, in tuo trabem non vides", o que significa "Vês o argueiro no olho do outro mas não o vês no teu próprio".

Atribui-me o meu amigo processos de intenção e para reforço da sua retórica traz à colação , nada mais nada menos, que a sempre bem lembrada INQUISIÇÃO.

Isto é, eu terei utilizado processos inquisitoriais e fiz julgamentos com base na mera intenção!

Esquece-se, porém, de que está justamente a utilizar os processos que me imputa. E,mais do que isso, utiliza termos menos próprios, como por exemplo "agora veio insistir na asneira" com o que faz descer o nível do debate!

Mas ainda no que toca a processos de intenção, permito-me transcrever aqui algumas palavras do seu constituinte ou dono do negócio:

"Dir-se-á que esta virtuosa Senhora se encontra em posição oposta à do pobre Tântalo, que nem à fresca água nem às verdejantes frutas conseguia chegar...acabando por morrer de sede e de fome!

"Esta virtuosa Senhora tem já as gamelas da água e das frutas bem seguras, no oásis de Bruxelas e Strasbourg, está apenas tentando ajeitar-se para mais uma gamelita no Porto...quem sabe se sonhando suceder a Pinto da Costa como CEO do FCP".

Como facilmente já viu, as transcrições referm-se a Elisa Ferreira. Eu próprio reprovei a atitude de Elisa e escrevi-o.

Mas o seu constituinte ou dono do negócio foi para lá da crítica e entrou nas qualificações: "Esta virtuosa Senhora" (por duas vezes).Tal qualificação será sempre interpretada, no contexto do post, por qualquer bonus pater familias, como significando que a Senhora não é virtuosa!

Mas o Dr. Tavares Moreira vai para lá das qualificações e escreve: (...) está tentando ajeitar-se para mais uma gamelita no Porto...quem sabe se sonhando suceder a Pinto da Costa como CEO do FCP...!" E, mais adiante, diz o mesmo Dr Moreira:"(...)a gamela de Bruxelas é infinitamente mais dourada e recheada de belos sabores (€) do que a do Governo Civil do Porto...e se há linguagem que EF percebe é a dos €s."

Seria preciso acrescentar mais, Dr. Pinho Cardão?

Termino como comecei: Festucam in alteris oculo vides, in tuo trabem non vides".

Ah! O argumento de autoridade: a invocação do Dr Proença de Carvalho! Mostre-lhe o meu post e pergunte-lhe se é insultuoso.

O que acontece é que sou, neste blog, um "intruso" e nem sempre penso - sublinho o nem sempre - o que os demais comentadores e autores pensam ou dizem pensar. Dito de outro modo, não faço parte do coro. Se a minha presença vos incomoda deixarei de postar aqui!

Pinho Cardão disse...

Caro António Transtagano:
Fique a saber que o que escrevo sou eu que escrevo. Escrevo o que quero e nunca o que outros pretendem. Não sou procurador do Dr. Tavares Moreira, nem ele ainda sabe, por razões da sua vida pessoal, que escrevi o que escrevi. E mantenho tudo o que disse. O meu amigo fez um processo de intenção ao dr. Tavares Moreira dizendo que ele escreve o que escreve porque "está sequioso de voltar ao poder". Não está, nem nunca esteve. Ponto final.
E formulou também processo de intenção a meu respeito, quando me atribui um juízo de valor sobre os políticos de agora e os do que designa do cavaquismo, maus de hoje, puros e bons os do cavaquismo. Também não é verdade. Ponto final.
Posto isto, o meu amigo pode aparecer quando quizer. Ninguém lhe fecha as portas. No 4R aceita-se a crítica livre a políticas, a atitudes, a opiniões. Somos democratas. Mas, por uma questão de higiene, não aceitamos que a crítica se baseie em processos de intenção. É um direito primário. Não se pode imputar a alguém uma intenção e, a seguir, condená-lo pela intenção imputada.
Dentro destas regras, apareça sempre.

António Transtagano disse...

Caro Dr Pinho Cardão

Já vi que actuou como gestor de negócios. Depois se verá se há ou não ratificação.

Curiosamente, nem uma palavra sobre os processos análogos àquele que me atribui e que explicitei no meu último post. Decidiu, a este propósito, guardar, de Conrado, o prudente silêncio. Fez bem.

Um pouco de contraditório não fica mal a ninguém: foi o que fiz. O 4R não está habituado? Ou funciona em circuito fechado? Como dizia alguém: "Habituem-se"!

Mas contra os alegados processos de intenção que me atribui, não é pelo facto de insistir neles "ad nauseam" que amanhece mais cedo...

E já agora, retomando o argumento de autoridade, de que o Dr. Pinho Cardão se serviu, ao invocar, qual testemunha de abonação e bom comportamento ou como um certificado de qualidade, o nome do Dr. Proença de Carvalho, volto a pedir-lhe que mostre a este insigne causídico, verdadeiro expert na matéria, o meu post e pergunte-lhe se ele é insultuoso.

Já agora pergunte-lhe também: chamar cínico, depois de o catalogar como cómico, ao ministro Teixeira dos Santos, releva ou não de tom elevado?

Fico à espera das respostas.