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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Rigor e verdade

O Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas anda na corda bamba por causa de três erros detetados em volumosos relatórios. Não foram devidamente provadas certas afirmações por revistas científicas credenciadas. Deste modo, os opositores da tese de que as alterações climáticas são uma ameaça, e de origem humana, ganham forças. E porquê? Porque em ciência o rigor e a verdade têm que ser respeitados. Em termos práticos, provavelmente, os tais erros não serão suficientes para porem em causa as conclusões dos relatórios, mas houve faltas e estas alimentam os espíritos e certas correntes.
Em ciência, o rigor e a verdade são princípios basilares que não podem ser desrespeitados. Pena é que na política tal não aconteça, muito pelo contrário. Se um primeiro-ministro for apanhado a mentir é considerado a coisa mais “natural” do mundo, e tanto faz que seja o “nosso” ou qualquer outro. Rigor e verdade não são exigíveis à política. Mas na religião também se verificam fenómenos semelhantes. Os casos de pedofilia que têm sido denunciados em muitos países não são compagináveis com a missão da igreja. Os padres também são homens, argumentam alguns, e por esse motivo estão sujeitos aos mesmos desvios. Mas não deveriam ser desviantes. E o que dizer dos que “abafam” os casos e que tendo responsabilidades de os denunciar à sociedade e à justiça nunca o fizeram? Afinal, o rigor e a verdade que se exigem à ciência devem ser também exigidos à política e à igreja.
A ciência pugna pelo rigor e pela verdade e luta por elas. A política prefere a malícia e a igreja não consegue livrar-se da hipocrisia de alguns altos dirigentes.

2 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro Professor, desde há uns tempos para cá, política "com ciência" significa conseguir aparentar que se cuida do bem do Povo mesmo que as medidas sirvam uma estratégia de manter o poder a qualquer custo. A "ciência" dos políticos da nossa praça está justamente em manterem-se populares sem necessidade de qualquer compromisso com a verdade, muito menos com o rigor.
Ainda aqui há dias ouvia um apreciado comentador lamentando não tanto a falta à verdade de determinado responsável, mas a sua falta de jeito para fugir à verdade. Quantos de nós não ouviram análises destas? É uma doutrina que vem do tempo em que inteligente, inteligente, era o "cientista" que fabricava "factos políticos", independentemente de eles terem alguma coisa que ver com a boa governação ou com a boa oposição. Os outros, que apostavam na verdade crua, ainda que doesse, esses não tinham futuro. Infelizmente continuam a não ter. Não se prevê nenhuma alteração neste clima. É uma previsão insusceptível de ser confirmada por método científico, mas certinha.

Suzana Toscano disse...

Quanto ao caso que refere e que tem dado tanto escândalo, de resto na proporção do aproveitamento político que se fez desse estudo para lançar "prioridades de agenda" e "medidas urgentes" e "tecnologias verdes", tudo regado com medo colectivo e ameaças estratosféricas já,quanto ao caso não percebi se acusam os cientistas em causa de erro ou de falsificação de resultados. Se foi erro, ou erros, nada mais normal e humano, para isso mesmo servem também os cientistas, para corrigir erros, mudar de perspectivas, descobrir novas teses que deitam abixo as certezas anteriores. Caso muito diferente é se sabiam que esses dados eram importantes para sustentar as teses que rapidamente ganharam estatuto, e isso faz toda a diferença. Só que eu ainda não consegui perceber o que aconteceu...