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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Imparidades

O Dr. Fernando Ulrich veio dizer ontem numa conferência, que batemos na parede, que o País não tem mais condições para se financiar, incluindo nesse País de que falava, a banca. Pode ser que sim porque o Dr. Fernando Ulrich governa um banco e tem especial informação. Mas também tem, por isso, especiais responsabilidades de contenção no que diz publicamente, sobretudo se a situação é como a descreve, isto é, à beira de um gravissimo colapso na obtenção de financiamento no exterior. Acresce que o Dr. Ulrich, que diz que não há mais crédito para ninguém, é a mesma personalidade que está à frente do banco que anuncia crédito fácil ao consumo com a seguinte lapidar frase: "O Crédito Pessoal BPI permite-lhe ter tudo o que precisa, sem ter de fazer um grande esforço".
Intemperança, incongruência e imparidades no comportamento é o que mais se vê! Pouca sorte a nossa...

7 comentários:

Anónimo disse...

Caro JM Ferreira de Almeida,

Estou em total desacordo consigo.
O Banco do Dr. Ulrich tem a agressividade comercial que considera útil ao seus resultados e o seu Presidente deverá garantir uma boa gestão do mesmo. Mas o BPI, depende, como todas as empresas, da conjuntura macro-económica e neste caso concreto, depende da capacidade de autofinanciamento. Essa faculdade está a degradar-se a olhos vistos devido à incompetência da governação. Ainda bem que alguém "grita" para fora, sem medo e com atitudes concretas em consonância, como foi o caso. A contenção, apaziguamento e complacência de muitos outros é que me parece totalmente impróprio para o momento.

Carlos Monteiro disse...

Meu caro Ferreira de Almeida,

Como ilustre advogado, o meu caro há-de convir que aquilo que alguém pensa individualmente, poderá ter expressão diferente no exercício da sua actividade...

Anónimo disse...

Percebo as razões da discordância, meu caro Agitador.
Mas o post é provocador e visa tão só por em relevo que há momentos em que a ausência de contenção na palavra e na atitude, não fazendo perder a razão a quem a tem, pode contribuir para agravar situações que não se resolvem assim, aos gritos cá para fora, para usar expressão sua.
Os banqueiros são, normalmente, pessoas que sabem que o sector financeiro, em tempos de grande turbação, deve resolver os problemas, incluindo com o Estado, com recato e sensatez, mesmo que eu ou o meu Amigo, como representações individuais do sentir colectivo, pensemos que o melhor é vir para a rua gritar.

Quanto à referência à publicidade do BPI trata-se de um exercício da mais pura demagogia da minha parte, forma extrema de chamar a atenção para o facto de a situação a que chegámos se dever também às práticas do sector bancário que habituaram o país à ideia do dinheiro fácil e acessível. Afinal, acompanhando o sentido das políticas que tanto se criticam (e com plena razão) baseadas na ideia de que existiam recursos infinitos, dinheiro para tudo, para todos e para sempre..

Anónimo disse...

Meu caro cmonteiro, claro que sim, que as nossas convicções individuais não têm - e muitas vezes responsavelmente não devem - ter tradução na actividade exercida, que nos impõe auto.contenção, que as guardemos onde não façam estrago. Foi exactamente isso que procurei transmitir.

E muito obrigado por me considerar ilustre. É assim com me considerarem brilhante mas para melhor ;)

Suzana Toscano disse...

Caro Zé Mario, percebo bem o que diz quanto ao modo cru e directo como Fernando Ulrich veio dizer o seu diagnóstico sobre o País mas tenho que reconhecer que o Agitador tem razão, a vida nos negócios tem que tentar continuar na normalidade. Acontece que F.U. já há muito tempo que vem dizendo coisas muito claras e muito duras, e sempre fizeram ouvidos de mercador, como era habitual. Desta vez perdeu a paciência e deixou-se de rodeios, usou uma expressão que todos entenderam. Acho que vamos ter que nos habituar a estes sinais de impaciência, para não dizer de pânico...Ainda bem que nos anúncios, ao menos, nos lembramos de como era antes do mundo ter mudado (nos últimos dias)!

luis cirilo disse...

Caso para aplicar o velho aforismo popular de que "pela boca morre o peixe" !
Mas nesta questão da crise em que vivemos olho com muito pouca aten
ção para o que diz a Banca e especialmente os banqueiros.
Porque também ela,Banca, e eles,banqueiros, tem pesadas responsabilidades no estado a que isto chegou.
então se nos recordarmos dos tempos do governo em diálogo do eng (esse era) Guterres é clara a percepção de que a facilidade com que nesse tempo se acedia ao dinheiro ia dar para o torto mais cedo ou mais tarde.

Carlos Monteiro disse...

Sim, é algo assim que tinha em mente :)

O problema do homem é que assustou toda a gente. Estávamos nós já confortadinhos com a ideia de pagar mais impostos, e chega ele e diz aquilo...