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segunda-feira, 21 de junho de 2010

O caso paradigmático da interrupção do funcionamento dos postos SOS nas estradas

O JN de hoje dá conta que até 2011 - não especifica até que mês nesse ano - deixarão de estar funcionais os comunicadores para pedidos de socorro colocados nas principais estradas do País, vulgo postos SOS, em especial naquelas que não estão concessionadas. Razão: a substituição de toda a rede de comunicações por outra mais moderna. Neste interim, a Estradas de Portugal aconselha aos utentes da estrada utilização dos telemóveis.
O caso é paradigmático. Primeiro porque prova que o absurdo não tem limites, mesmo quando lidamos com coisas muito sérias como é a vida e a integridade física que era suposto o Estado assegurar com prioridade, uma vez que se trata dos bens mais fundamentais, mas também porque pagamos antecipadamente esse serviço com os nossos impostos. Depois, porque o caso põe a nú a nossa manifesta incapacidade de planeamento.
Absurdo é o conselho dado pela Estradas de Portugal para a utilização do telemóvel. Se o telemóvel substitui o sistema de postos fixos espalhados pelas estradas, então não se percebe porque vai gastar-se certamente muito dinheiro (público, obviamente) na modernização de um serviço que tem um sucedâneo à altura. Claro que não é assim, uma vez que, como dita a experiência de qualquer de nós, nem sempre existe cobertura nas redes móveis, em especial onde as estradas são mais perigosas e mais isoladas, nem as redes de telemóveis são fiáveis ou asseguram um contacto imediato com os meios de socorro.
A falta de planeamento é o mais gritante. Manter inactivos os postos SOS por meses a fio e em toda a parte, significa que tudo vai ser substituído de uma só vez. Naturalmente que me falha a informação. Mas dificilmente me convencerão da impossibilidade de proceder à substituição por fases, e mesmo a manutenção em funcionamento do actual sistema enquanto se instala o novo. Se estas alternativas não são viáveis, caberia aos responsáveis esclarecer. Procurei esse esclarecimento onde era suposto que ele estivesse disponível, mas não o vislumbrei. Fica assim o absurdo. Mais um.

10 comentários:

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

José Mário
É realmente espantosa a falta de responsabilidade face às obrigações de ajuda a quem circula nas estradas. O planeamento não se faz porque são desvalorizadas a missão de auxílio e as questões da segurança. É uma posição lamentável que não deveria ser possível de acontecer.
José Mário veja também esta notícia:
"O INEM vai deixar de ter psicólogos a atender as chamadas de pessoas em tentativa de suicídio, ou vítimas de violação e maus tratos. Os psicólogos também vão deixar de apoiar vítimas no terreno, a não ser em casos excepcionais".
A justificação do responsável máximo do INEM é brilhante: "A situação dos psicólogos não permite um serviço permanente, com a extensão de horário que tinham, porque não está definido nos estatutos do INEM essa funcionalidade. Não existe nada que os obrigue a permanecer por períodos tão prolongados em serviços que são dispendiosos e, de alguma maneira, redundantes. A presença efectiva não se justifica".

Anónimo disse...

Mais do mesmo, Margarida, mais do mesmo...
Tanta gente distraída do essencial! Faz pena...

Anónimo disse...

Caros Amigos, caros Ferreira de Almeida e Margarida Corrêa de Aguiar, essas notícias não me surpreendem. Em absoluto, de todo em todo, não me surpreendem. São precisamente os sintomas dum país e dum Estado a empobrecer e que vai cortando serviços porque simplesmente não pode paga-los.

É pena... É pena.

Catarina disse...

Um Estado a empobrecer, que quer poupar e que não sabe definir prioridades coerentes.
Quem foi que votou nestes dirigentes, afinal? Eu não fui! Desculpabilizo-me de forma iniquívoca.

Catarina disse...

...inequívoca...
Isto deve ter sido do calor.

Suzana Toscano disse...

Vamo-nos habituando. Já tinha reparado que a maior parte desses postos de socorro na estrada estão tapados, alguns ainda com a desatualizada indicação de a quantos metros adiante poderemos encontrar outro, claro que também esse fora de serviço. Não deixa de ter graça a justificação, essa de que hoje há telemóveis, mas agora vamos ser obrigados a ter telemóveis? A menos que o pedido de socorro esteja incluido no miraculoso chip automóvel...

ricardo disse...

Raciocinem minha gente!
Os postos SOS são uma relíqua, tornados obsoletos pelos telemóveis.
Hoje 99,9% dos cidadãos têm telemóvel e não são precisos postos sos na beira das autoestradas.

Anónimo disse...

Raciocine também, ricardo. Se é como diz, faz para si algum sentido investir em novos postos SOS?

Anónimo disse...

Uma pergunta sobre este tema. Nas normas de construção e exploração de auto-estradas estava a obrigatoriedade de existência dos postos SOS. Algum dos caros bloggers ou comentadores pode confirmar-me se esta obrigatoriedade se mantém nas normas técnicas ou se foi abolida?

Anónimo disse...

Meu caro Zuricher,
Pelo menos aos subconcessionários é imposta essa obrigação. Pela lógica, como toda a rede de auto-estradas se encontra concessionada à Estradas de Portugal, S.A., as que se encontram sob sua exploração devem obedecer à mesma regra.
Mas a sua pergunta tem toda a pertinência, e leva-nos a uma observação interessante, que é a do grau de vinculação que estas criaturas do Estado como a EP sentem que têm em relação às normas, tal o grau de liberdade e a falta de escrutínio com que actuam.