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sábado, 30 de outubro de 2010

Agora aguardemos...

Acabo de ouvir Francisco Assis declarar uma novidade. A redução dos 500 milhões de euros de receita fiscal – IVA e deduções fiscais em IRS - que o PSD obteve na negociação com o governo será compensada com redução de despesa pública.
Afinal sempre há por onde reduzir do lado da despesa. Esperemos que não seja feito à custa dos trabalhadores da administração pública e das empresas do sector empresarial do Estado sobre quem já recai uma parte significativa do esforço de redução do défice. Esperemos que as despesas com protecção social sejam poupadas.
Aguardemos mais uns dias, até à discussão na Assembleia da República para conhecermos a proposta que o governo vai apresentar.
O Orçamento continuará a ser mau, mas a via negocial escolhida por Pedro Passos Coelho permitiu atenuar os impactos brutais que o aumento dos impostos vai provocar, em particular, na vida das famílias, em especial das famílias que vivem com rendimentos baixos e com dificuldades.

11 comentários:

Carlos Sério disse...

Uma coisa é o PSD discordar do orçamento 2011 mas garantir a sua viabilização através da abstenção, motivado por “superiores interesses nacionais” seja lá o que isto signifique.

Uma outra bem diferente é acordar com o orçamento.
Não vale a pena o PSD fugir à última hora à formalização pública do acordo.
Com o aparato da assinatura pública em acto formal com a presença de jornalistas na AR ou com a assinatura do acordo em local mais recatado, o resultado é igual. Passos Coelho está tão comprometido com o orçamento 2011 quanto Sócrates.

Suzana Toscano disse...

Caro Ruy, discordo em absoluto. Uma coisa é haver condições MINIMAS para viabilizar o OE outra bem diferente é concordar com ele e muito menos, como pretende no seu comentário "ficar comprometido". Percebo que essa tese seja da conveniência do PS e dos partidos que não quiseram arriscar qualquer viabilização, mas francamente não me parece politicamente honesta.Podemos dizer que todos beneficiaram do facto do PSD ir viabilizar e agora podem cantar de galo porque "não se comprometeram".

Helder Ferreira disse...

"Esperemos que não seja feito à custa dos trabalhadores da administração pública e das empresas do sector empresarial do Estado sobre quem já recai uma parte significativa do esforço de redução do défice"

Os trabalhadores e empresas do sector privado estão a pagar a redução do défice e da dívida há muito. Nesta altura mais de 600 mil estão desempregados e as empresas privadas caem que nem tordos. Nada mais justo que seja o sector público a pagar o despautério dos últimos 15 anos. Sobre ele recai a responsabilidade única.

Tonibler disse...

"Esperemos que não seja feito à custa dos trabalhadores da administração pública e das empresas do sector empresarial do Estado sobre quem já recai uma parte significativa do esforço de redução do défice."

Claro que não, cara Margarida. Porque carga de água se havia de cortar custos em quem ganha acima do que o país pode pagar e com segurança absoluta no emprego?? Há para aí tanto reformado, pensionista e pobre a quem se pode ir buscar o dinheiro para sustentar o estado social que os protege...

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Helder Ferreira e Caro Tonibler
Se aos funcionários públicos são impostos cortes, em média, de 5% nos salários, se a carga fiscal vai afectar todas as famílias, em especial as de mais baixos rendimentos, as mesmas que mais vão sofrer com os cortes nos apoios sociais, se os desempregados procuram trabalho e não o encontram, sendo que 1/3 já não recebe subsídio de desemprego, se as pensões sociais vão ser congeladas, afectando um grande
conjunto da população particularmente vulnerável a situações de pobreza e exclusão, o que se espera é que a redução da despesa pública incida sobre os consumos intermédios do Estado.

Helder Ferreira disse...

Cara Margarida,

as famílias de mais baixos rendimentos não têm nada que ver com a carga fiscal. Não pagam impostos.
E se os desempregados não encontram "emprego" (diferente de encontrar trabalho) seria conveniente perguntar-nos porquê, o que impede as empresas de investir e contratar.
Quanto às pensões congeladas, a partir de um determinado limite (digamos 1000€/mês) não me impressiona nada. Por definição essas pessoas não têm nem de longe os mesmo encargos que as pessoas que vivem de salários, não vejo porque razão não hão-de ser os primeiros a sentir os cortes necessários.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Helder Ferreira
Depende do que considera "baixos rendimentos". E quanto ao congelamento de pensões falei em pensões sociais. Não esqueça que os encargos com saúde e outros, por exemplo, lares, pesam muitíssimo nos orçamentos dos pensionistas.

Carlos Sério disse...

Cara Susana Toscano, poderá discordar em absoluto do meu comentário, mas não poderá é considerá-lo politicamente desonesto.
Já agora, para melhor esclarecimento do meu ponto de vista aqui deixo algumas observações mais.

À primeira vista poderá parecer que o PSD chegou a acordo na negociação do Orçamento 2011 de modo contrariado. Ora, não há nenhuma profunda oposição do PSD a este orçamento nem quanto à sua filosofia nem quanto às medidas de austeridade que atingem a maioria da população. Recorde-se que há alguns meses atrás, um dos negociadores e deputado do PSD, Miguel Frasquilho, advogou uma redução salarial dos trabalhadores da função pública. Por outro lado, o empenho que Passos Coelho colocou nas negociações, não se limitando apenas à viabilização do orçamento mas desejando preferencialmente um acordo, um qualquer acordo, porque deixa cair uma das suas mais mediáticas promessas, várias vezes assumida - o não aumento de impostos. Para Passos Coelho este orçamento faz o “trabalho sujo” que ele já não terá que fazer no dia em que sonha ser primeiro-ministro.

Miguel Ferreira Pinto disse...

@Ruy

A mim parece-me mais que esta actuação do PSD, embora não goste de Passos Coelho, se pode apelidar mais de serviço à nação do que acordo...

Ora veja, no que toca ao hipotecar ainda mais as gerações futuras com despesas de capital, como é o caso do TGV, essa grande inutilidade, que as fez parar com isto... ou o IVA nalguns produtos, porque como todos sabemos, imposto que sobe nunca desce (a não ser por demagogia eleitoral).

Vê como o sr. Catroga foi quase um escuteiro... Ele não quis fazer daquilo um bom orçamento... O que torto nasce, jamais se endireita... Quis-se foi atenuar este manifesto suicida...

Não tente arrastar o PSD para o charco de lama que o PS criou... Percebo que socialistas andem nervosos com as previsões de voto que saíram, mas o carril da desonestidade encontrou a parede da indiferença no que a tal partido concerne...

Carlos Sério disse...

MFP,

"Não tente arrastar o PSD para o charco de lama que o PS criou...", creio bem, caro MFP, que foi o próprio PSD que se deixou arrastar para esse atoleiro.
Repare que a "oposição" de Passos Coelho ao governo socialista é muito mais cordata com os socialistas, e desde o início em que PC se candidatou a líder,do que Fereira Leite. Este "emparceiramento" com Sócrates vem muito detrás. As entrevistas de há meses de Angelo Correia ou Filipe Meneses ´vieram no mesmo sentido. A conduta política de PC tem sido coerente com ao longo dos tempos. O parceiro do "tango" é mesmo parceiro, mesmno que muitos companheiros de PC desejassem outra coisa.

Suzana Toscano disse...

Caro Helder Ferreira, e porque é que acha que um reformado com 1000 € por mês pode viver com menos do que o que lhe permitiu a sua vida activa para ter essa reforma? Não tem encargos porquê? Deve conhecer poucos reformados que vivam sozinhos a sua velhice, para dizer que não têm encargos.