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sábado, 16 de outubro de 2010

A quadratura do círculo

Habituei-me à ideia - metida na minha cabeça por gente que não acompanhou a mudança do mundo em 15 dias -, de que o impulso dado à economia pelo lado das exportações depende de condições externas - a mais óbvia de todas, a abertura dos mercados aos produtos nacionais; e a condições internas - designadamente um maior investimento na competitividade, que o mesmo é dizer, uma aposta na modernização das empresas, na qualidade da produção e numa maior produtividade. 
Ouço a profissão de fé do ministro do estado-a-que-isto-chegou e das finanças, num crescimento do PIB para 2011 à custa do incremento das exportações. E fico baralhado. Bem sei que o mundo mudou de repente, e o que era antes já não vale agora. Mas gostava de perceber - porque sou parte interessada - de que forma é que um aumento brutal da carga fiscal que retira ainda mais capacidade de investimento e da poupança que poderia ser canalizada para o financiamento das empresas, favorece as exportações e, por essa via, o crescimento da economia. Ou haverá algum produto exportável, de enorme mais-valia, produzido em larga escala em Portugal sem outro competidor, cuja existência me escapa?
Alguém, por aí, dá uma ajuda?

4 comentários:

Tavares Moreira disse...

Caro F. Almeida,

Duas conhecidas expressões inglesas podem servir, à escolha, para caracterizar essa previsão económica: "bullshit" e "wishful thinking"...
Escolha à vontade!
P. S.: Essa do Ministro do Estado A Que Isto Chegou está boa!

Catarina disse...

ahahahah! boa!

Jorge Oliveira disse...

Há um "produto" exportável que obedece a todas essas condições : portugueses !
Aliás, nem foi preciso este Orçamento para dar início a uma tal exportação. Já (re)começou há uns anitos, sobretudo desde que os auto-exportados perceberam que, com um aldrabão como o Sócrates à frente do Governo, não tinham futuro nesta terra.

Adriano Volframista disse...

Caro JMFAlmeida

Alguns produtos que podemos "exportar"

a) Cérebros de elevada qualidade e vontade em brilhar: a nata das nossas universidades;
b) Para a UE: mão de obra barata e qualificada, para trabalhos meniais que não sejam "açambarcados" pelos nacionais de países do terceiro mundo
c) Estadias em hotel de 5 estrelas a preço de um de três, com serviço de primeira; a possibilidade de, sem sair da europa, poder usufruir de um ambiente egípcio, sem pirâmides;
d) Temperatura amena, comida com qualidade de primeiro mundo mas a preços do Zimbabwe, ambiente acolhedor e simpático;
e) Doses sem limite de "acreditanço", "acreditar", "ter fé" e outras variantes; estas podem ser oferecidas por doutorados ao fim de semana em universidade legalmente reconhecida.

Sem ironias:
De 2008 a 2009, passámos de +/- 24.000 empresas exportadoras para +/- 17.500;
O Barril de crude, em 2011, deve cotar-se (média) em +/- USD$ 89-92; para 2012 poderá passar, definitivamente, a barreira dos USD$ 100.
A cotaçao €/USD$ deverá estabilizar-se num intervalo entre os 1.42 e 1.52; apontemos para a média do intervalo;
O cenário do comércio internacional vai atravessar um fortíssimo período de turbulência;: estão todos a exportar e todos a "travar" as importações;
Neste contexto, possivelmente só uma missão comercial a Plutão nos irá permitir que as nossas exportações cresçam para nos "salvar".

Cumprimentos
joão