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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A mais grave das descapitalizações


Em dia de protesto, o ´Público´ dá à estampa algo que infelizmente já não é notícia: a contínua erosão do capital humano em Portugal. Há dias o poder auto-elogiava-se ao elogiar o esforço que o País fez na democratização do ensino superior e no investimento na ciência e na investigação. E manda a verdade dizer que, apesar das vicissitudes, muitos progressos se fizeram nos últimos trinta anos nestes domínios. Porém, aqui chegados, a cruel realidade é que estamos a formar quadros e investigadores de grande competência, mas não asseguramos com eles a inversão, sequer a travagem, da tendência nacional para o empobrecimento. Estamos a contribuir para a recuperação e enriquecimento dos outros que sabem como acolher os melhores quadros, os melhores cientistas e os melhores investigadores.
Podemos censurar em especial os jovens que escolhem um destino que os afasta do País em que se formaram? Seria uma injustiça. À semelhança do que aconteceu com o êxodo da mão-de-obra da geração de 60 do século passado, só pode ser condenada uma sociedade que ciclicamente desbarata o recurso que, em qualquer outra parte do mundo, é considerado o factor dos factores  do desenvolvimento: as pessoas.

6 comentários:

Tonibler disse...

Bem, para andar a alcatroar estradas e para andar a vender banha da cobra, não é preciso capital humano.

Bmonteiro disse...

Pois se até chegam a ministros...e sabe-se lá se a Primeiros.
BM

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fartinho da Silva disse...

E fazem muito bem! Desejo-lhes as maiores felicidades e muita coragem.

Suzana Toscano disse...

Pelo menos investimos neles, já não é mau que outros países saibam colher o que nós semeamos já que por cá as portas continuam fechadas.O rectãngulo é pequeno, diz o caro Paulo, e é verdade, sempre foi fora que buscámos outros horizontes, África, Brasil, França, Venezuela, agora a Europa qualificada, por todo o lado encontrámos forma de nos fazer valer com o que temos, menos cá, ou pouco. Se ao menos, ao constatarmos isso, passássemos a dar valor aos que ainda teimam em ficar!, mas não se vê que haja mudança nem nas organizações nem na mentalidade, preferimos continuar a achar que não somos suficientemente bons e assim desculpamos a mediocridade.

Maria disse...

Caros,

Recebi um link desta notícia de um colega que está "lá fora" e não posso passar sem comentar.
Garanto-vos que o rectângulo não é exíguo, nem falta vontade e capacidade a estes jovens para melhorá-lo. O que falta por cá é:
. Responsabilidade daqueles que detêm e guardam para uma minoria a informação sobre meios de financiamento de projectos inovadores. Consegue-se obter esta informação rapidamente se contactarmos directamente os serviços centrais europeus. Das entidades locais recebemos as respostas geralmente depois de ultrapassados os prazos de candidatura.
. Responsabilidade daqueles que bloqueiam qualquer iniciativa de inovação, dificultando frequentemente sem razão e por motivos fúteis o acolhimento, as licenças, os certificados, pareceres, etc.
. Responsabilidade daqueles que manobram os sistemas judicial e fiscal. Quem quer investir num burgo onde ninguém paga a ninguém e mesmo sem receber o valor da factura se pagam impostos sobre impostos.
. Responsabilidade daqueles que há anos arrastam os pés, e não só, pelos corredores das universidades e institutos públicos, que consideram estes jovens como "ameaças" para carreiras virtuais muitas vezes registadas só nas folhas de pagamentos.
. Responsabilidade daqueles que detêm o poder executivo de mudar tudo isto e não o fazem década após década mesmo quando supostamente teriam capacidade para o fazer.
O problema não está na dimensão do rectângulo mas sim na falta de responsabilidade de uma grande parte dos seus ocupantes.
O investimento que foi realizado nos últimos 15 anos com dinheiros europeus não foi assim tão bom como nos têm propagandeado. Perderam-se oportunidades que não voltaremos a ter no futuro. Procurem informar-se sobre os valores que estiveram acessíveis a Portugal e que foram "devolvidos".