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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O país que somos é o país que temos

De entre as notícias da manhã uma houve que me pôs a matutar. Era sobre a inauguração de mais uma grande superfície comercial, igual às que proliferam por aí. Dezenas de milhar de metros quadrados de construção, acomodação para uns largos milhares de automóveis, centenas de lojas, hipermercado num formato que ali, a uns escassos quilómetros de distância do sítio onde esta abriu, se replica não sei quantas vezes numa região tida como a das mais afectadas do ponto de vista económico e onde os problemas sociais são mais graves. Mas o que me chamou a atenção foi o registo de pessoas que esperaram em fila que fossem abertas as portas, porventura desde madrugada. Entrevistados os consumidores, creio que da Quinta do Conde/Coina, mostravam perante as câmaras da TV uma visível alegria. Nas entrevistas, uma senhora revelou que faltara ao trabalho para não faltar ao momento da abertura e poder fazer compras nos novos espaços. Um jovem respondeu que não trocava as aulas por aquele momento, e por isso falou à escola. E uma outra, carregada com um grande saco de compras, veio dizer, entre um sorriso de indisfarcável bem-estar, que estava desempregada e fora ali gastar os últimos tostões.
Dia 24, dia de greve geral, aposto que não vai haver mãos a medir por aquelas bandas. Este país que somos, explica o país que temos...

15 comentários:

crotalus disse...

É o Carpe diem económico. As acções das pessoas são por varias vezes irreflectidas. Essa foi uma das necessidades primarias da criação de um estado de puder/comando. Algo que orienta um conjunto de pessoas, para que elas funcionem num todo e para um todo. Parece-me a mim que alguns destes propósitos inicias foram sendo esquecidos ao longo dos tempos. Por mais que me esforce por vezes encontro dificuldades na compreensão na medidas e nos propósitos dos estados de comando, acho que também deveria ser de sua responsabilidade a explicação dos mesmos. Não sei que esta nova superfície comercial é privada, mas provavelmente tem apoios do estado. Outro exemplo TGV

crotalus disse...

E provavelmente mais uma folha A4 de etc... Para exemplos.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Um retrato deprimente, cheio de absurdos, José Mário!
Hoje ao almoço com uns amigos, tentámos encontrar uma resposta para a pergunta "porque é que somos assim e teimamos em não ser outra coisa?". Lendo o seu post, a resposta está dada...

Anónimo disse...

Haver mais um espaço comercial não tem nada demais. Se foi feito é porque houve um estudo prévio de que iria existir mercado suficiente para uma superfície comercial dessa dimensão.

Quanto às pessoas que foram entrevistadas, sabemos que os meios de comunicação social escolhem as pessoas que possam servir os apetites das audiências. Não é por esses três infelizes exemplos que vamos generalizar toda a sociedade portuguesa.

crotalus disse...

Blogocionário, isso é a opinião de uma pessoa que nunca foi ao doce vita tejo num dia de semana, eu infelizmente fui (já algumas vezes), é triste... Mais útil naquela zona seria certamente algumas construções de apoio social, e um hospital, no expoente da loucura um centro comercial com 1\4 do tamanho ... Aposto a minha vida que teria mais clientes de certo. Gostava de ver esse tais estudos prévios. Vou ficar por aqui.

Anónimo disse...

De qualquer maneira não me parece que o centro da questão seja esse. Mas... a entidade que projectou e gere aquele espaço comercial é dos maiores a nível ibérico. De certo que concorda comigo de que não iriam vir investir em Portugal os milhões que investiram sem saberem que têm um retorno esperado. Estas empresas estão interessadas nos clientes mas sim nos lojistas. Se reparou, o novo espaço comercial já foi ocupado em 95%. É isso que dá o lucro a empresas que gerem os espaços comerciais. Não is clientes.


Estou completamente de acordo quando diz que seria mais importante um investimento social naquela zona. Até requalificar urbanisticamente a zona. Mas tem de compreender que de um lado temos o investimento privado, do outro o público. Qual tipo de investimento o senhor acha que os privados estão à procura?

crotalus disse...

Será que existe esses dois lados para compreender? ou existe dois lado de todo? o que acontece depois desse investimento estar pago e os contractos das lojas acabarem? de qualquer forma existem autorizações, e ninguém mete travões nisto. a pastor tem sempre que conduzir as suas ovelhas, tal como disse no primeiro comentário.

Anónimo disse...

O que acontece depois depois de o investimento estar pago é que começa a dar lucro. É esse o objectivo final. Não acontecerá nada mais. Ao que parece o Dolce Vita Tejo é um dos maiores centros comerciais da Europa. A tendência é para que o pequeno comercio seja engolido pelas grandes superfícies comerciais. Lisboa vai-se expandir urbanisticamente de maneira horizontal, o que significa que vão existir mais habitantes naquela zona.

Naquele centro comercial as lojas não fecharam. Se alguma fechar vai ser substituída por outra que saiba gerir melhor o negócio. Isto porque eles estão num espaço comercial altamente privilegiado com grande potencial de mercado. Aliás o melhor que existe em Portugal.

Relativamente às autorizações. Estamos num mercado livre o que significa que não investirem os milhões aqui, vão investir para outro lado. Um investimento privado não é mau. É bastante bom para a economia. Um dos nossos problemas estruturais é que não somos suficientemente atractivos para haver investimento privado aqui.

Pense nos benefícios que um investimento destes traz para a economia local. Gera uma toda rede de confluências económicas positivas. Para não falar nos milhares de postos de trabalho que cria directamente e indirectamente. Num país que tem mais de 600 mil desempregados.

O ponto que quer provar aqui, é que este investimento não é mau para nada. É bastante bom. Relativamente às instituições sociais. Não temos dinheiro para investir. E o que temos, investimos mal.

crotalus disse...

Estamos a brincar aos contos de fadas... Então vou contar um também. De todo o ornado que recebo quase 20% vai para descontos, do resto que cai na minha conta, é gasto em diversas finalidades, de todas essas finalidade cerca de 20% vai para o estado. Como se isso não chegasse todos os comerciantes que recebem o meu dinheiro declaram cerca de 20% para o estado, e do dinheiro que os comerciantes ganham e utilizam para contas ou compras cerca de 20% vai para o estado... Bem acho que compreende onde quero chegar. Como é que não há dinheiro no estado e há no privado, de alguma forma esse dinheiro anda a passar de um lado para o outro, isso é grave, porque estamos a falar do nosso dinheiro que foi adquirido com esforço .

PS: Eu sou apenas um cidadão sem muitos estudos ou conhecimentos. Gostava de ver algumas coisas explicadas.

crotalus disse...

O doce vita tejo, está as moscas, e rara a loja que tem mais que um trabalhador, e que esse não esteja a porta da loja a falar com o trabalhador da loja ao lado. Tenho as minhas duvidas que essa lojas renovem contracto quando o mesmo acabar, e que alguma outra loja ocupar esse mesmo lugar que não vá ao engodo, como foi a primeira. Mais uma politica de negocio que favoreceu alguém que já era rico, porque os pequenos comerciantes que ali investiram apenas ficaram mais pobres. Num raio bastante largo naquela zona, existe apenas pessoas com pouco poder de compra e que não sobrevivem sem os apoios do estado(que cada vez são menos). As pessoas que ali têm poder de compra, têm dinheiro de formas menos legais ou mesmo criminosas. Tudo o que já sai fora desse raio de pessoas, a preferência vai para outras superfícies comerciais. Vê o problema?

Anónimo disse...

Caro Crotalus,

O dinheiro que todos nós descontamos são as receitas do Estado. Ou seja, o dinheiro que nós temos para gastar. Com o Orçamento de Estado aprovamos os gastos anuais e que tipo de investimentos vamos fazer ao longo do ano seguinte. Como sabe tem de ser aprovado em Parlamento.

Dinheiro há, agora há pouco face aos encargos sociais que nós temos. Escolas, Hospitais, investimentos. Ou seja todos os anos nos debatemos com um défice. Querendo com isto dizer que gastamos mais do que ganhamos. É a mesma coisa que o senhor gastar mais do que tem. E no fim fica a dever. Nós estamos com uma dívida só do Estado, ao nível de 90% que produzimos anualmente. é a mesma coisa que o senhor ganhar 10.000 euros mensais e estar a dever 9.000. O problema é que estamos a falar de dívidas na ordem nos milhares de milhões. Dívidas que já deveriam ser pagas. Estamos neste momento a pedir dinheiro emprestado para pagar as nossas contas. Ou seja, resta nenhum para investir em equipamentos sociais tais como escolas.

Como é que chegamos aqui? Várias décadas de fraco empreendedorismo, pouca visão estratégica, despesismo, factores externos, etc. O que interessa é que estamos aqui. Se quiser dar uma olhadela nos artigos que tenho no meu blogue falo um pouco sobre isso.

Como é que saímos daqui? Fazendo um investimento em força produtiva. Fábricas, Agricultura, meios de comunicação. estímulos ao sector privado. Para que para termos mais empresas, melhores empresas. Dar mais músculo a Portugal. Isso significa crescimento económico, aumento da qualidade de vida dos portugueses porque o fim de contas irão existir mais fundos ao fim do ano para gastar em investimentos como escolas, hospitais, etc. Isto tudo explicado de um modo bem simples. Penso que me fiz entender.

Voltando ao tema. Não pode confundir uma empresa (sector privado) que é um organismo do tamanho de um micróbio dentro da super-estrutura que é o estado (sector publico). Uma empresa é altamente especializada num tipo de negócio. Se tem dinheiro para investir investe para ganhar mais valia. Agora um Estado... estamos a falar de milhões de interesse, decisões, inter-fluências, factores externos, economia, sociedade, necessidades, etc... ou seja é um ser incomparavelmente mais complexo que requer muito mais cuidado na hora de decisão de gastar dinheiro porque uma escolha na decisão A vai afectar a questão B. E ao fim do dia estamos a falar de pessoas. O problema, é que temos tido bastantes más escolhas governamentais.

Anónimo disse...

Caro Crotalus,

O dinheiro que todos nós descontamos são as receitas do Estado. Ou seja, o dinheiro que nós temos para gastar. Com o Orçamento de Estado aprovamos os gastos anuais e que tipo de investimentos vamos fazer ao longo do ano seguinte. Como sabe tem de ser aprovado em Parlamento.

Dinheiro há, agora há pouco face aos encargos sociais que nós temos. Escolas, Hospitais, investimentos. Ou seja todos os anos nos debatemos com um défice. Querendo com isto dizer que gastamos mais do que ganhamos. É a mesma coisa que o senhor gastar mais do que tem. E no fim fica a dever. Nós estamos com uma dívida só do Estado, ao nível de 90% que produzimos anualmente. é a mesma coisa que o senhor ganhar 10.000 euros mensais e estar a dever 9.000. O problema é que estamos a falar de dívidas na ordem nos milhares de milhões. Dívidas que já deveriam ser pagas. Estamos neste momento a pedir dinheiro emprestado para pagar as nossas contas. Ou seja, resta nenhum para investir em equipamentos sociais tais como escolas.

Como é que chegamos aqui? Várias décadas de fraco empreendedorismo, pouca visão estratégica, despesismo, factores externos, etc. O que interessa é que estamos aqui. Se quiser dar uma olhadela nos artigos que tenho no meu blogue falo um pouco sobre isso.

Como é que saímos daqui? Fazendo um investimento em força produtiva. Fábricas, Agricultura, meios de comunicação. estímulos ao sector privado. Para que para termos mais empresas, melhores empresas. Dar mais músculo a Portugal. Isso significa crescimento económico, aumento da qualidade de vida dos portugueses porque o fim de contas irão existir mais fundos ao fim do ano para gastar em investimentos como escolas, hospitais, etc. Isto tudo explicado de um modo bem simples. Penso que me fiz entender.

Voltando ao tema. Não pode confundir uma empresa (sector privado) que é um organismo do tamanho de um micróbio dentro da super-estrutura que é o estado (sector publico). Uma empresa é altamente especializada num tipo de negócio. Se tem dinheiro para investir investe para ganhar mais valia. Agora um Estado... estamos a falar de milhões de interesse, decisões, inter-fluências, factores externos, economia, sociedade, necessidades, etc... ou seja é um ser incomparavelmente mais complexo que requer muito mais cuidado na hora de decisão de gastar dinheiro porque uma escolha na decisão A vai afectar a questão B. E ao fim do dia estamos a falar de pessoas. O problema, é que temos tido bastantes más escolhas governamentais.

crotalus disse...

Dolce Vita Tejo -- 300 milhões de euros

132,5 milhões de euros na nova versão, que Vilarinho garante tratar-se do montante total dos custos da nova Luz

TGV a entrar por sul custa 3,6 mil milhões

A construção do aeroporto e da respectiva rede de acessos em Alcochete deverá custar 6 mil milhões de euros

A dívida pública portuguesa vai disparar para 85,4% do PIB já este ano, passando para 142,9 mil milhões de euros

uma coisa é certa (Voltando ao tema. Não pode confundir uma empresa (sector privado) que é um organismo do tamanho de um micróbio dentro da super-estrutura que é o estado (sector publico))

RENOVAÇÃO DO PARQUE HOSPITALAR CUSTA QUASE DOIS MIL MILHÕES
Investimento nos hospitais abrange 14 novos projectos.

Anónimo disse...

Com todo o respeito, não percebo qual foi o ponto que quis chegar com o ultimo comentário.

crotalus disse...

Os números do estado são demasiado grandes. Hipoteticamente se este raciocínio tivesse alguma lógica, quantos estádios da luz eram necessários para construir um aeroporto... um hospital sai mais caro que um estádio da luz... Eu não sei nem de perto nem de longe, se sim se não. Mas quantas noticias vemos nos de negócios ilegais assentes em obras publicas? Quantas noticias vemos de envolvimentos públicos em empresas privadas.Mais um grande Centro comercial, ainda não chegam? que eu saiba não filas de espera para entrar numa zara ou outra loja de roupa...Não vemos filas de espera para apanhar um comboio nem um avião, nem para dar voltas de submarinos... Vemos filas de espera, sim, mas em hospitais, filas de espera para operações, ha porta de esquadras e dentro de cadeias, a porta da casa de um traficante para a dose do dia, a porta de instituições de caridade, da sopa do dias, para a legalização de estrangeiros a trabalhar em Portugal. Apelamos ao consumismo para sair da crise, TALVEZ mas só talvez se tivéssemos bons hospitais públicos, já não tínhamos de recorrer tanto ao privado(mais poder de compra), se tivéssemos uma policia bem formada e bem paga, já não tínhamos tanto roubo (mais poder de compra) se não tivéssemos tanto trabalhador ilegal mais postos de trabalho menos exploração (mais poder de compra), se tivéssemos mais apoios sociais menos drogados, menos sem abrigos (mais poder de compra), e como estas medidas há mais... Nessa altura apoiaria as autorizações para a ERA das Super superfícies comerciais.