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sábado, 18 de dezembro de 2010

A rotina dos números...

As más estatísticas já, há muito, que fazem parte da nossa rotina. Já pouco ou nada reagimos, como se fosse uma fatalidade com a qual temos que viver. Parece até que temos já uma certa dificuldade em pensar que as estatísticas, sendo números, retratam a vida real de pessoas. A notícia passou quase despercebida. Não trabalham e não estudam. São 314 mil jovens. Uma realidade de vida esmagadora.
São muito jovens desaproveitados, a ganharem maus hábitos, a cargo das famílias, impedidos de construir uma vida normal e sem possibilidade de fazer projectos, muitos deles desorientados e desesperançados. Os que têm qualificações vão-se embora, os outros não têm grande futuro. É uma geração que se está a perder e que vai comprometer o futuro do País, mas é também uma pesada responsabilidade que recai sobre as gerações mais velhas incapazes de travar este rumo. O futuro de um país está nos jovens, porque são novos, têm a força própria da juventude. São criativos e inovadores. São empreendedores. E bem que precisamos de inovação para nos modernizarmos e sermos capazes de competir no mercado global.
Se pensarmos no esforço de investimento colocado na sua educação e formação, compreendemos as elevadas perdas que representa a incapacidade de o transformar em trabalho e geração de riqueza. Um custo gigantesco que vai muito além de uma mera conta aritmética, a que teremos que somar o custo da desilusão e frustração dos jovens.
O que é que temos feito para acabar com esta verdadeira sangria? Fosse uma situação conjuntural, facilmente reversível, e não teríamos que nos preocupar. Mas, para mal de todos, e em particular dos jovens, não é assim…

4 comentários:

ana disse...

Não quero generalizar mas existem jovens para quem trabalhar não é um objectivo e vida.
Muitos não lhe puseram"travão" na devida altura. Agridem a familia para lhe dar dinheiro.
Quando se faz queixa ás autoridades fica-se a saber como funciona a justiça.
Temo pelo futuro de muitos pais que vão ter uma velhice de tormentos.

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Cara ana
Existem certamente esses jovens de que fala, mas não são a maioria.
Também nos deveríamos preocupar com esse grupo, sem dúvida, procurando que não fujam do percurso escolar e ajudando na sua integração social. Muitos deles são oriundos de famílias de menores recursos, com níveis educacionais baixos, que sofrem de alguma exclusão social.

André Miguel disse...

Concordo com o post e com os dois comentários acima, mas a verdade é que neste momento não temos um país para jovens.
Portugal é um país para os já instalados, sempre o foi, mas com uma conjuntura adversa como a que vivemos, a juntar aos problemas estruturais da economia (e da sociedade em geral), a mistura é explosiva.
Culturalmente ainda vivemos um atraso constrangedor, pois não somos um país de hábitos de leitura, cultura geral, educação, estudo, etc. Viaje-se até ao interior, como alentejano sei do que falo, e dói na alma ouvir pais dizerem que não vale a pena os filhos estudarem porque não dianta de nada, não há oportunidades, recebem na mesma baixos salários, etc... O que fazer então para reverter este quadro? É uma tarefa titânica quando a sociedade não premia o mérito e elogia a chico-espertice, o desenrascanço, a cunha e afins!
Estou emigrado há uns 6 ou 7 anos (tenho 31) e doi-me não ter lugar na minha terra natal, não poder contribuir para a minha cidade ou o meu país e ao invés disso ser reconhecido a 5 mil kms de casa.
Mas muito mais me custa o baixar de braços e o conformismo dos amigos que deixei...

Margarida Corrêa de Aguiar disse...

Caro Daniel Letras
Seja muito bem-vindo.
Tem muita razão e tenho pena que os jovens sejam forçados a procurar fora projectos profissionais por manifesta falta de oportunidades. É muito pertinente o seu apontamento sobre o mérito.
A crise que vivemos é também uma crise de valores. O mérito não faz parte da nossa cultura, muito embora seja uma boa prática em muitas empresas do sector privado.
Uma sociedade que não quer reconhecer o desempenho, o esforço e a qualidade do trabalho está condenada. Sem mérito não há incentivo para melhorar.
Boa sorte para a sua vida. Tenho esperança que um dia, que não seja muito longe, possa regressar por encontrar aqui um desafio interessante.