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quarta-feira, 29 de junho de 2011

Mentir até ao fim

Afinal, o défice de 7,7% das contas públicas ao fim do 1º trimestre é substancialmente pior e nada tem a ver com o divulgado pelo anterior Governo, que constantemente apresentava números virtuais para comprovar o controle que dizia ter do Orçamento. Números que, em análise mais atenta, não batiam certo e se contradiziam, como tantas vezes aqui se referiu no 4R, nomeadamente através do Dr. Tavares Moreira.

O anterior Governo que teve o descaramento de mentir até ao fim. Até ao fim persistiu em enganar os portugueses. De maneira ignóbil e desprezível.

9 comentários:

Tonibler disse...

De maneira ignóbil não será, atendendo à reacção do estado português às notícias. Não me parece que o PR tenha chamado o PGR para lhe perguntar se a burla quando cometida por detentores de cargos públicos passa a ser moral e criminalmente aceitável. Do actual governo pode-se esperar exactamente a mesma coisa, porque é essa a história do país e é perfeitamente lícito que se assuma que assim será sempre.

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pinho Cardão disse...

Caro Tonibler:
Se a burla política é moralmente aceitável, claro que não é.
Se devia ser criminalmente punida, aí é uma questão de haver lei ou não. E aí é que a porca torce o rabo...Dificilmente os políticos farão uma lei que os incrimine enquanto tal. Pois se até arranjaram uma frase que os tira de apertos e que é a seguinte: trata-se de um juízo político...ou de uma atitude política...
Ficam logo inocentados.

Caro Paulo:
Bem o diz...

Tonibler disse...

Caro Pinho Cardão,

Que eu saiba a imunidade é restrita aos deputados. Não abrange ministros ou presidentes da república. Se não existe acção sobre eles é porque existe uma lei não escrita entre os interessados. E esta combinação justifica em si mesma o princípio popular de que os políticos são todos ladrões. Porque, neste sentido, são mesmo.

Anthrax disse...

Mmmmm... presumo que seja por essa razão que vão avançar com a tributação "especial" e "universal" sobre o IRS :S... Não é, propriamente, uma ideia que me agrade muito mas... é algo que estou disposta a aceitar sem refilar muito porque - em boa verdade - aquela percentagenzita que o ex-governo aplicou, foi só sobre o salário daqueles que trabalham para o estado. Mexendo no IRS, ao menos toca a todos (incluindo aos que já pagam a contribuiçãozita, mas enfim). Espero, sinceramente, que este sacrificio produza algum resultado visivel senão correm o risco da cena começar a ficar negra muito depressa.

Por outro lado o Tonibler toca numa questão interessante e a resposta do Dr. PC toca noutro, igualmente, interessante e que é a questão da burla política ser - ou não - criminalmente punida.

Ora bem, assim de repente, parece mesmo que a porca torce o rabo porque, obviamente, os políticos fariam e passariam uma lei que os incriminasse. Mas esse problema tem uma solução, que a ser implementada até nem seria muito cara.

É verdade que os políticos nunca passariam uma lei dessas, mas nós - cidadãos - poderíamos fazê-la passar, basta que para isso modifiquem a estrutura de modo a permitir que isso aconteça. Não estão sempre com a "democracia participativa" e a "cidadania activa" na boca? Então? Como diriam os americanos "put your money where your mouth is".

O sistema é bastante simples e - acima de tudo - não fui eu que o inventei.

Antes das eleições na Finlândia, tive a sorte de passar uma tarde com um candidato a deputado do Partido Pirata Finlandês. Uma das propostas que eles tinham, para promover e encorajar a participação da sociedade finlandesa na vida política do país, era implementar um sistema informático que permitisse aos cidadãos, não só, votar nas leis que estavam a ser debatidas no parlamento, como também, ver qual era o sentido do voto dos seus deputados (pois isso permitiria-lhes avaliar o trabalho dos deputados que eles elegeram e se eles não gostassem, nas eleições seguintes poderiam votar noutros).

Em termos técnicos, eles já tinham toda a estrutura informática desenhada e pronta a ser implementada. Tudo isto, ficava em menos de 150 mil euros.

Digamos que eu fiquei, extraordinariamente, bem impressionada com a ideia e achei que isso seria uma excelente ferramenta para implementar em Portugal.

Também é verdade que, este instrumento, poderia colocar algum stress sobre a classe política mas, quer dizer, paciência... são os ossos do ofício, os cidadãos têm stresses todos os dias e os políticos só se lembram deles na altura das eleições. Assim lembrar-se-iam deles todos os dias (dado que foi para isso que foram eleitos).

Honestamente, já reflecti sobre todas as dimensões desta proposta e posso dizer com toda a sinceridade que era algo que eu implementaria em Portugal.

Tonibler disse...

Camarada Anthrax,

A imunidade não é concedida aos membros do poder executivo, apenas aos membros do poder legislativo como protecção contra os outros poderes.

Não sendo eu um esperto na ilógica do direito português que, como toda a gente sabe, foi construído para funcionar apenas para quem é preto, eu diria que o facto de alguém aldrabar contas públicas sem consequências é indício de que todos os outros intervenientes do processo, governo, oposição e orgãos de controlo, estão envolvidos na burla. Porque é uma burla, seja esta punida ou não.

Anthrax disse...

Sim, eu sei camarada Tóni, mas se formos por essa via, não conheço nenhuma ferramenta pacífica de "agarrar" esses moços.

Todos os instrumentos que estão disponíveis, no mercado, implicam a utilização de um certo grau de violência cujo uso privado é ilegitimo (Nota: o que não significa que não seja justo). Quando se opta por recorrer a este género de instrumentos, tem de ser uma coisa bem pensada, não pode ser só porque estamos aborrecidos, até porque alguns aleijam... bastante.

Tonibler disse...

Camarada Anthrax, há um sujeito cuja única preocupação durante o dia inteiro devia ser essa e custa-nos 21 milhões de euros por ano. É o PR.

Anthrax disse...

Camarada Tóni, ora aí está um bom exemplo de utilização verbal!

Diz muito bem, "devia". Mas há falta de melhor, teremos de pensar noutra alternativa.