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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Frio...


Nunca esperei que a manhã estivesse tão fria, mas estava, mesmo com um denso cobertor de nuvens a tapar-me. Não sei se estava tanto frio como isso, às tantas não, eu é que deveria estar mais desperto para o frio. Há dias assim, em que sentimos de forma mais pronunciada o que noutras alturas nem nos apercebemos. Deve ter sido isso. Faz bem sentir o frio, faça muito ou pouco, o que interessa é senti-lo com força, como se fosse uma faca afiada que nos liberte dos pensamentos inquinados, doentios e dolorosos, fazendo uma autêntica cirurgia a sangue frio, seguida de um tranquilizador e anestesiante frio. Foi o que senti hoje. Se é bom sentir o frio, melhor é resguardar-nos dele. Onde? Em sítios em que não há frio nem calor, mas apenas luz e paz. Aqui estou eu nesse local único, meu, e de todos, mas onde me sinto sozinho e acompanhado. 
Sabe-me tão bem não sentir nem frio, nem dor, nem angústia, mas apenas um esboço do que é o nada e o ninguém.

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